Pular para o conteúdo principal


DANÇANDO EM PISTAS SUPOSTAMENTE VAZIAS

POR FAVOR, USE OS HEADPHONES
(BEN HARPER – WALK AWAY)


O Clube Varsóvia estava quase vazio naquela noite. Era feriado na cidade e, portanto, as poucas almas que habitavam o Clube haviam partido para outros endereços, outros lugares, outras vidas. Mas, apesar disso, dessa tranqüilidade inesperada, a noite estava agradável no Varsóvia. Uma noite realmente agradável. E surpreendente.

No centro da pista estava ela. Dançando e cantando e vivendo e sendo feliz, na medida do possível, na medida do que lhe era permitido ser. E enquanto dançava e pulava, acompanhada apenas de um copo de vodka, ela foi interrompida por um adorável moço estranho, um adorável moço desconhecido.

- Oi – ele disse, tímido e desconfiado, como não querendo, mas, no fundo, desejando ardentemente interrompê-la.
- Oi – ela respondeu
- Você dança muito bem – ele disse, sorrindo.

Ela o olhou com atenção e respondeu direta – Nem tanto, nem tanto. Apenas danço com vontade. Veja bem – disse enquanto saltitava - Eu apenas pulo de um lado para o outro, sem o menor critério, e chuto o ar, também sem o menor ensaio, e fico aqui, quieta no meu canto, orando fervorosamente para não acertar ninguém que queira me bater depois, caso isso aconteça – riu da própria piada.
Ele devolveu o sorriso e disse – Que viagem. Ninguém seria capaz de se incomodar com você. Essa pista fica tão mais linda com você deslizando sobre ela.

Ela sorriu da cantada rasteira e nada disse. Apenas observou melhor aquele lindo garoto plantado à sua frente. Afastou seus tolos pensamentos de que não era capaz de interessar a alguém tão bonito e perguntou – Vamos tomar alguma coisa?
- Não. Mais tarde. Ensina-me a dançar? – ele pediu
Ela olhou surpresa para aquele menino lindo e consentiu com a cabeça, meio sem jeito, meio sem graça.
- O que você quer aprender a dançar? – ela perguntou
- Espera aí – ele disse, indo em direção ao DJ para falar baixinho ao seu ouvido.
Ela o aguardou curiosa e tão logo ele se aproximou ela disse – O que você pediu ao DJ?
Ele a olhou com segurança e disse – Apenas uma música – e sorriu
- Posso saber que tipo – ela insistiu.
Assim que começaram os primeiros acordes, ela ficou surpresa. Feliz e surpresa. Como por encanto, ele havia escolhido uma de suas músicas prediletas. Uma de suas músicas favoritas. - - O tipo de música? – ele disse - Música para ser feliz. Apenas música para beijar a moça mais bonita do baile e dizer que o sol pode significar muito mais do que um outro dia. Só isso.

E enquanto beijavam-se, os seus pensamentos afogaram-se em sorrisos e ela decidiu, naquela pista, jamais deixar de confiar na única pessoa em que poderia confiar para ser feliz. Ela própria...



WALK AWAY
(Ben Harper)


Oh no
Here comes that sun again
That means another day
Without you my friend
And it hurts me
To look into the mirror at myself
And it hurts even more
To have to be with somebody else
And it's so hard to do
And so easy to say
But sometimes
Sometimes you just have to walk away
Walk away
With so many people
To love in my life
Why do I worry
About one
But you put the happy
In my ness
You put the good times
Into my fun
And it's so hard to do
And so easy to say
But sometimes
Sometimes you just have to walk away
Walk away
And head for the door
We've tried the goodbye
So many days
We walk in the same direction
So that we could never stray
They say if you love somebody
Than you have got to set them free
But I would rather be locked to you
Than live in this pain and misery
They say time will
Make all this go away
But it's time that has taken my tomorrows
And turned them into yesterdays
And once again that rising sun
Is droppin' on down
And once again you my friend
Are nowhere to be found
And it's so hard to do
And so easy to say
But sometimes
Sometimes you just have to walk away
Walk away
And head for the door
You just walk away
Walk away


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

OS PEQUENOS MILAGRES DE SÃO JORGE. PEQUENOS?

- Lembra? - ela perguntou, com um sorriso feliz. - Do que, exatamente? Ando bebendo tanto que minha memória dissolveu de vez - ele retrucou, divertido. - De quando nos conhecemos? Lembra? Ele sorriu por um tempão e ficou olhando para aquela garota linda, ao seu lado. Simplesmente a sua melhor amiga.A pessoa com quem ele mais se importava. - Lembra ou não, porra? - ela perguntou ríspida, exibindo a total falta de paciência. Típica. - Claro que lembro - ele respondeu - Claro que lembro. Clube Varsóvia e o Edu nos apresentou. - Sei. - Claro que sabe, você queria dar para ele. - Tonto. - Queria sim. - Imbecil. - Deixa isso para lá. O que você quer saber exatamente, tirando o porra do Edu? - ele perguntou, curioso com a pergunta. - Estávamos no Varsóvia e você me disse algo que achei tão curioso para o lugar, para o momento, para tudo o que acontecia naquela hora. - O quê? - ele perguntou - O que eu disse de tão formidável e extraordinário assim? - Falávamos sobre alguma c
POSSO PEDIR DESCULPAS? Eu vou atualizar isso aqui...estou no meio de uma tempestade de coisas para fazer e não tem sobrado muito tempo para fazer o que gosto...escrever, por exemplo...mas eu prometo escrever e amanhã, antes do carnaval, postar um conto sobre isso, inclusive, carnaval... Alguém espera?
POSSO NÃO DESISTIR? eu escrevo esse blog há quase sete meses. E não é fácil escrever estórias, desenterrar memórias, abrir segredos...e sabe o que recebo no e-mail? "Hey, sua média de visitas é tão baixa...você acha que alguém se interessa? Que alguém quer ler o que escreve? "...e eu preciso responder e pensar que sim. Não importa se é uma, duas ou três pessoas...quem perde um minuto do seu precioso dia entrando aqui é uma pessoa muito importante para mim...uma pessoa muito especial...porque quer saber o que escrevo e não há felicidade maior do que essa... obrigado...espero não desistir tão fácil assim...
E QUEM DISSE QUE AS COISAS NÃO PODEM SER ASSIM? APENAS SIMPLES... - Pára! Ela ouviu a frase e virou a cabeça rapidamente. Queria saber de quem era aquela voz doce e suave, porém firme e ligeira, que havia dito a tal palavra para ela. - Pára! Assim – ele repetiu. Ela encarou o dono da voz com uma certa irritação. Apenas para disfarçar. Ele era lindo. Olhos escuros, cabelos pretos longos, um queixo quase barbado, regular e quadrado, e um sorriso sensacional. Estimulante. Aparentemente sincero e interessante. Ela apenas o encarou em silêncio, agora sem qualquer irritação disfarçada. Ele sorriu simpático, querendo quebrar o gelo – A posição do seu rosto daria uma foto. Um retrato lindo, sabe? Por isso pedi, quer dizer, quase mandei, né? Você ficar parada. Queria congelar o momento. Ela segurou um sorriso, apenas para querer parecer ser um pouco mais teimosa. Um pouco mais difícil. Ele ofereceu uma bebida. - Não sei o que está bebendo – ela disse – Como posso aceitar? Ele continuou com o co
DANÇAS DE AMOR SEM TECHNICOLOR Eles dançavam. O espaço era pequeno, a sala do apartamento dele era extremamente tímida e o sofá, de tão puído, já nem existia mais. Ótimo - ele gostava de pensar - Assim sobra mais espaço para a dança . E era exatamente a dança que impregnava a sala naquela noite cheia de estrelas tristes e gente dizendo adeus. Enquanto isso, eles dançavam. Ritmo suave e doce, quente e confortável, como um vinho bom. O ruído dos calçados deslizando pelo piso da sala era insinuante e ritmado, constante e adocicado, um tango bom. E eles dançavam felizes. Felizes como há tempos não estavam, como crianças novas, descobrindo amor. Lá fora a cidade era pura madrugada e testemunha. Apaixonada. Era a própria noite veloz que sabia do seu fim, do seu destino triste, da sua morte prematura e repetitiva provocada pela manhã implacável que sempre insiste em nascer, para desespero dos boêmios, para desespero dos amantes, para desespero dos jovens e velhos, daqueles que sabem viver. M