DANÇAS DE AMOR SEM TECHNICOLOR
Eles dançavam.
O espaço era pequeno, a sala do apartamento dele era extremamente tímida e o sofá, de tão puído, já nem existia mais. Ótimo - ele gostava de pensar - Assim sobra mais espaço para a dança.
E era exatamente a dança que impregnava a sala naquela noite cheia de estrelas tristes e gente dizendo adeus.
Enquanto isso, eles dançavam.
Ritmo suave e doce, quente e confortável, como um vinho bom. O ruído dos calçados deslizando pelo piso da sala era insinuante e ritmado, constante e adocicado, um tango bom. E eles dançavam felizes. Felizes como há tempos não estavam, como crianças novas, descobrindo amor.
Lá fora a cidade era pura madrugada e testemunha. Apaixonada. Era a própria noite veloz que sabia do seu fim, do seu destino triste, da sua morte prematura e repetitiva provocada pela manhã implacável que sempre insiste em nascer, para desespero dos boêmios, para desespero dos amantes, para desespero dos jovens e velhos, daqueles que sabem viver. Mas, assim como a dança de todos eles, a madrugada não sairia de cena tão fácil assim. Antes, ela aproveitaria cada minuto, cada momento, cada beijo, cada gemido que pudesse provocar.
E eles dançavam.
Os raios prata do luar invadiam as janelas sem cortinas daquele pequeno cenário de dança e tocavam, de modo incrivelmente erótico e sutil, os corpos ligados dos dois. Ele tinha mãos fortes, grossas, impregnadas de cigarro. Ela, por sua vez, tinha mãos doces, delicadas, impregnadas de perfume barato. Perfume bom.
A música explodia nas caixas de som. O amor explodia nos olhos. A tensão explodia no ambiente. Eles dançavam. Se amavam. Estavam felizes.
- Você... - ele tentou falar, quando foi delicadamente interrompido por ela.
- Não diga nada, por favor - ela pediu.
- Mas eu preciso dizer - ele insistiu.
Ela fechou os olhos e mergulhou na música que levava o seu corpo quase dormente, quase molhado e disse - Você já está dizendo. Pode ter certeza. Você já está dizendo tudo o que eu mais preciso ouvir.
E apenas os raios de um luar brilhante que invadia a sala e uma garrafa de conhaque tombada no tapete serviram de testemunha para um dos beijos mais espetaculares de todos os tempos. Um beijo como os lábios dele jamais sentiram. Um nada simples e devastador beijo de amor.
Como nos tempos antigos. Películas delicadas em P&B...
Filmes de amor sem technicolor...
Eles dançavam.
O espaço era pequeno, a sala do apartamento dele era extremamente tímida e o sofá, de tão puído, já nem existia mais. Ótimo - ele gostava de pensar - Assim sobra mais espaço para a dança.
E era exatamente a dança que impregnava a sala naquela noite cheia de estrelas tristes e gente dizendo adeus.
Enquanto isso, eles dançavam.
Ritmo suave e doce, quente e confortável, como um vinho bom. O ruído dos calçados deslizando pelo piso da sala era insinuante e ritmado, constante e adocicado, um tango bom. E eles dançavam felizes. Felizes como há tempos não estavam, como crianças novas, descobrindo amor.
Lá fora a cidade era pura madrugada e testemunha. Apaixonada. Era a própria noite veloz que sabia do seu fim, do seu destino triste, da sua morte prematura e repetitiva provocada pela manhã implacável que sempre insiste em nascer, para desespero dos boêmios, para desespero dos amantes, para desespero dos jovens e velhos, daqueles que sabem viver. Mas, assim como a dança de todos eles, a madrugada não sairia de cena tão fácil assim. Antes, ela aproveitaria cada minuto, cada momento, cada beijo, cada gemido que pudesse provocar.
E eles dançavam.
Os raios prata do luar invadiam as janelas sem cortinas daquele pequeno cenário de dança e tocavam, de modo incrivelmente erótico e sutil, os corpos ligados dos dois. Ele tinha mãos fortes, grossas, impregnadas de cigarro. Ela, por sua vez, tinha mãos doces, delicadas, impregnadas de perfume barato. Perfume bom.
A música explodia nas caixas de som. O amor explodia nos olhos. A tensão explodia no ambiente. Eles dançavam. Se amavam. Estavam felizes.
- Você... - ele tentou falar, quando foi delicadamente interrompido por ela.
- Não diga nada, por favor - ela pediu.
- Mas eu preciso dizer - ele insistiu.
Ela fechou os olhos e mergulhou na música que levava o seu corpo quase dormente, quase molhado e disse - Você já está dizendo. Pode ter certeza. Você já está dizendo tudo o que eu mais preciso ouvir.
E apenas os raios de um luar brilhante que invadia a sala e uma garrafa de conhaque tombada no tapete serviram de testemunha para um dos beijos mais espetaculares de todos os tempos. Um beijo como os lábios dele jamais sentiram. Um nada simples e devastador beijo de amor.
Como nos tempos antigos. Películas delicadas em P&B...
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