NOITES SEM BEIJOS
Um beijo. Apenas um beijo.
Gostoso, afetuoso, molhado, sedutor, quente, úmido, apaixonado, enfim, um puta beijo.
Um beijo, com amor ou sem. Era tudo o que ela mais queria naquela noite de lua e de estrela.
E enquanto tomava o seu ácido e olhava para o céu, ela pôde perceber como o terraço solitário daquele prédio cinza e velho era acolhedor.
Acolhedor como as mãos daquele cara que ela não tinha.
A cidade não descansava debaixo do seu olhar severo e magoado. As buzinas gritavam por amores urgentes, amores perdidos, amores carentes, amores desfeitos, amores satisfeitos, por amores inexistentes, por amores, apenas por amores e ela sorriu ao perceber que ninguém sacava o mesmo.
Poucos têm este dom – ela pensou – O dom divino e maravilhoso de perceber o amor .
E ela lembrou do sorriso lindo e charmoso daquele menino besta que havia lhe dado tchau.
Ao invés de chorar, ela sorriu.
Coisas de noites de lua cheia. Coisas de noites de lua cheia...