- Nada – ela respondeu desinteressada, sem vontade, sem tesão, sem paixão, sem nada. Ele a encarou com surpresa e temor – Nada? – perguntou, incrédulo. - Sim. Nada – ela insistiu e emendou – Nada. Precisa ter alguma coisa? Precisa ter algum motivo? Precisa ter a porra de alguma coisa? Eu já disse. Não é nada – sentenciou. Ele ficou em silêncio sem saber o que dizer. Levantou, acendeu um cigarro foi até a cozinha e encheu um copo de vodka. Voltou a sala em silêncio. A observou por alguns instantes. Sabia que nada deveria dizer. Ao menos naquele momento. Ao menos naquele específico momento. - Porra, será que não posso ter dias ruins? – ela perguntou puta, muito puta, muito brava. Muito brava mesmo – Não? Insistiu. Ele nada disse. Nada. O silêncio se fez som naquele apartamento ridículo dela. Apenas tomou mais um trago e deu mais uma baforada no seu cigarro de menta. - Olha – ela disse, quase vencida – Eu te amo, mas não dá para ser assim, ok? Não dá. Cansei de flores...