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GRISALHA CASA.

Ela olhou todas aquelas fotos amarelas e velhas com desdém e pouco caso. Ela sempre detestou aquela casa com todas as suas forças. Sempre. Sempre detestou. Sempre detestou mas, no fundo, ela também sempre amou aquela casa. A sua casa. A sua irritante e maldita casa. Por vezes triste. Por vezes feliz. A casa tão cheia de estranhos, de dementes, de doentes. Pessoas, enfim, como ela. Talvez por isso a ambigüidade. Amor e ódio na mesma intensidade. Casa estranha. Tão cheia de nada, de vazio, de saudade, de solidão. E ela amava a sua vida. Por isso estava lá. Por isso estava lá. Observando, através de velhas fotos e ainda que com desdém, a velha e grisalha casa. A sua casa. Por todo o sempre com ela. “CEREMONY This is why events unnerve me They find it all, a different story Notice whom for wheels are turning Turn again and turn towards this time All she ask's the strength to hold me Then a

E HÁ CULPA, AFINAL???

O silêncio na sala ficou espesso demais. Espesso demais, podendo ser cortado por uma faca, como já previa, charmosa, uma letra de um velho rock dos anos oitenta. Além da respiração descontínua dos dois, nada mais era ouvido no ambiente e, portanto, o barulho do gás do isqueiro acendido por ele, naquele instante, foi similar ao ruído causado por um trovão. Trovão típico de uma tempestade de verão. Típico de uma tempestade de verão. E ela? Bem, ela chorava e desviava os seus lindíssimos olhos verdes dos olhos frios e de cor cinza dele. Ele nada falava. Ela apenas chorava. Ele apenas fumava. Ela apenas chorava. Muito. Rios de lágrimas. Rios de dor. Desespero e indignação. Como podia ser tão imbecil? Como podia ser tão babaca? - Bem, então é isso – ele disse, levantando-se da cadeira da cozinha. Ela sequer virou em sua direção para despedir-se. - Vou indo – ele emendou – Espero que você seja muito feliz. De verdade. Depois pego a porra dos meus discos e resto de roupas – finalizou,