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E HÁ CULPA, AFINAL???


O silêncio na sala ficou espesso demais. Espesso demais, podendo ser cortado por uma faca, como já previa, charmosa, uma letra de um velho rock dos anos oitenta. Além da respiração descontínua dos dois, nada mais era ouvido no ambiente e, portanto, o barulho do gás do isqueiro acendido por ele, naquele instante, foi similar ao ruído causado por um trovão. Trovão típico de uma tempestade de verão. Típico de uma tempestade de verão. E ela? Bem, ela chorava e desviava os seus lindíssimos olhos verdes dos olhos frios e de cor cinza dele. Ele nada falava. Ela apenas chorava. Ele apenas fumava. Ela apenas chorava. Muito. Rios de lágrimas. Rios de dor. Desespero e indignação. Como podia ser tão imbecil? Como podia ser tão babaca?
- Bem, então é isso – ele disse, levantando-se da cadeira da cozinha.
Ela sequer virou em sua direção para despedir-se.
- Vou indo – ele emendou – Espero que você seja muito feliz. De verdade. Depois pego a porra dos meus discos e resto de roupas – finalizou, saindo pela porta e deixando o apartamento.
Ao percebê-lo sair, ela chorou ainda mais alto e apertou o seu peito com toda a sua força e arremessou com toda a sua força o copo americano repleto de vodka na parede.
Jamais acreditou que ele descobriria o seu novo romance. Jamais acreditou que ele saberia. Jamais acreditou que poderia deixar de lado seu outro amor.
Pena.
Pena mesmo...

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NUCA

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