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Mostrando postagens de agosto, 2003
DIAS ASSIM...CINZAS OU COLORIDOS - Vamos desistir dessa porra de aula e rodar por aí? – sugeriu Caco, assim que Laura entrou no carro. - Quê? – ela disse, ainda tonta pelo sono. - Ah, confessa, essa uma idéia genial para essa hora da manhã – ajudou Nando, sentado com um cigarro no banco de trás do veículo – Pensa bem. Hoje é quinta feira, não estamos com a menor vontade de ficar trancados em uma estafante sala de aula, estamos com o tanque desse carro velho totalmente cheio, estamos com vários cd´s legais aqui e, melhor, temos que celebrar a sua viagem insana e inconseqüente que, lembre-se, será daqui pouco mais de um mês. Vamos embora. Hey Ho, babe, que pensa? – completou com um sorriso. Laura olhou para os dois lunáticos, seus amigos de muito tempo e, com um sorriso bem menos amanhecido, sentenciou – Não precisa nem repetir. Vamos embora. Caco ligou o carro e eles saíram acelerados, sem rumo certo, sob sorrisos e palavras. Rodaram e rodaram e rodaram e acabaram no litora
GRAVANDO E APAGANDO MENSAGENS Cansado, ele entrou em casa percebeu que havia mais de cinco mensagens telefônicas gravadas na sua velha secretária eletrônica. Ouviu parcialmente todas, na seqüência. Todas da mesma pessoa. Todas as malditas mensagens eram dela. Todas. Não chegou a ouvir nenhuma inteira. Apagava-as, tão logo ouvia aquela voz irritante no aparelho. Aquela voz irritante que tão bem ele conhecia. Desistiu do telefone, acendeu um cigarro e encheu um copo gigante de vodka. Sentado no escuro da sala descobriu, triste, que não sabia o que era perdão. Sorriu sozinho e respirou aliviado. Descobriu que melhor e mais cruel do que não saber perdoar, é não se importar com isso. Simplesmente não se importar.
QUANDO AS CARTAS SÃO DEVOLVIDAS POR AUSÊNCIA DE ENDEREÇO Ela abriu sua pequena caixa de papéis antigos, textos mal escritos e fotos amarelas e feias, e mal acreditou na carta que encontrou... “Então você se acha assim mesmo? Um misto de erros e trapaças e enganos e fracassos. Uma piada. Uma piada sem graça. Uma pessoa a quem ninguém leva a sério, nem mesmo você. Uma pessoa desprovida de qualquer capacidade de as pessoas gostarem de você. Uma pessoa que pensa que a solidão pode aliviar sua dor, sua dor em existir, sua dor por não amar, sua dor por não compreender que você não é o centro do universo e que as pessoas não querem ser sua amiga. Não, querida, você está errada. Você não é nada disso. Você apenas precisa aprender que a vida não é feita de inverno e dias cinzas. A vida é feita de sonhos, de sol, de noite, de fúria, de desejos, de energia, de sorrisos e, claro, também de coisas ruins, desagradáveis e incômodas. Mas, ora, você está viva ou o quê? Você precisa aprender a
A CONTINUAÇÃO DO CONTO ANTERIOR... Após o silêncio, ele decidiu ir embora. Tão logo ele fechou a porta para sair da sua vida, ela permitiu a primeira lágrima escorrer inteira pelo seu rosto. E ela sufocou o grito, muito mais por ele ainda estar por perto e poder ouvi-lo do que pela ausência de vontade em pronunciá-lo. E ela entrou em desespero e pensou que estava tudo errado na sua vida. Na sua ridícula vida. Que, no fundo, porra, não era nada ridícula, era apenas como a de todos nós. E enquanto chorava, ela sentia como se tivesse tomado um dos maiores golpes da sua vida. Um golpe forte, um soco pesado e violento. Uma porrada daquelas que machucam, que deixam marcas, que causam danos, mágoas. Daquelas que ferem. Que faz sangrar. Ela sentia como seu supercílio estivesse aberto. Como se o sangue jorrasse pela sua tez. Como se o sangue jorrasse e a sua mistura com o rio de lágrimas que ela produzia, criasse uma espécie de tinta psicodélica, uma espécie de tinta triste, uma espécie d
QUANDO O SOL DEMORA DEMAIS PARA NASCER E A LUA, CRUEL, NADA FAZ...NADA FAZ... - Vamos dançar Nando? – Ciça disse, com um dos seus maiores sorrisos. - Agora? Já é quase meia noite. Você quer sair? – perguntou. - Não. Subimos no telhado do prédio. Situação não usual. Diversão garantida. Aproveitamos e dançamos admirando a cidade, as luzes, a noite, os prédios. - Claro – disse Nando, levantando e pegando seu casaco. E o edifício era daqueles antigos, típica construção dos anos sessenta, com um terraço gigante, enorme, cheio de pastilhas coloridas e com um amplo espaço vazio, perfeito para se admirar a noite, perfeito para danças noturnas, perfeito para sonhos românticos. - Não acredito! – Nando disse, assim que chegou ao topo do prédio – Você colocou essas velas? E essas flores? E esse rádio? Ficou lindo Ciça...absolutamente lindo. - Fico feliz que tenha gostado. É para você. Para nós dois. - Ciça, eu preciso falar com você – disse Nando, sério. - Depois querido, agora e
PALAVRAS E MANHÃS DE SOL Ele abriu os olhos, devagar, e percebeu que provavelmente estava um puta sol naquela manhã de sábado. A claridade estava muito intensa dentro do quarto e, mesmo com a persiana fechada, dava para sentir o sol. Ele girou os olhos e deu um sorriso. Ela estava ao seu lado. Dormindo. Ele movimentou seu corpo devagar e saiu da cama sem fazer qualquer ruído. Foi ao banheiro, não sem antes admirar por alguns instantes o corpo dela, lindo, nu em sua cama. Ele estava feliz. Muito feliz. Assim que saiu do banheiro, sua voz suave e doce e adoravelmente rouca preencheu o pequeno quarto. - Já acordado? – ela perguntou, preguiçosa. - Bom dia. - Bom dia – ela respondeu, tentando cobrir parcialmente o seu corpo com o pequeno lençol de solteiro. - É cedo ainda – ele disse – Não quer dormir mais um pouco? - Não. Cansei. - De dormir? – ele perguntou, com um sorriso. - Não. Cansei de sonhar dormindo. Quero acordar. Quero viver. Quero gritar. Quero dar as boas vin
BOA VIAGEM POR FAVOR, USE OS HEADPHONES (DEUS - SERPENTINE) - Então é isso Bia? – Gloria perguntou, com uma certa tristeza no olhar. - Receio que sim. Receio que esse é o momento de dizermos “até a volta”. E pode apostar que eu vou voltar. Quando? Não sei, mas vou voltar. - Vai me escrever, pelo menos? - Claro que sim Glorinha. Claro que vou. Uma carta por cada sentimento que eu tiver que dividir com você. Uma carta por cada novidade, enfim, milhares de cartas. - Espero que você não esqueça disso – pediu, enquanto abraçava com força a amiga. - Claro que não vou esquecer. Claro que não. - Você não precisava ir, precisava? – perguntou Gloria, fazendo força para não chorar. - Querida, você sabe que sim – respondeu Bia, com um sorriso terno – Você sabe que eu preciso fazer isso. Que eu preciso encontrar e colar bem colado todos os estilhaços em que me transformei. Você, mais do que ninguém, sabe como eu estou feliz com tudo isso. Como estou feliz em poder ir. - Tem razão
FELIZ DEZ ANOS (PASSADOS) POR FAVOR, USE OS HEADPHONES (REBEKAH DEL RIO – LLORANDO (CRYING)) “ – Feliz ano novo! - ela gritou, feliz e com um dos sorrisos mais lindos que ele jamais havia visto. - Feliz 1993 – ele respondeu, dando-lhe um abraço apertado. - Não acredito que estamos mais uma vez celebrando toda essa loucura, juntos – ela disse. - Nem eu querida. Nem eu. - E cada vez mais amigos. Cada vez mais próximos. Cada vez mais irmãos. Ele sorriu e disse, vibrando – Toma mais um gole. Esse espumante de quinta categoria vai renovar seu espírito para o ano que começa agora. Ela virou um gole direto no gargalo e retrucou – Bem, se vai renovar alguma coisa, isso eu não sei, mas que vou ficar completamente chapada, isso eu tenho certeza. - E isso é só o começo da nossa amizade – ele advertiu. - Porra, e como – ela respondeu – Você vai ter que agüentar a velhinha bêbada aqui durante vários e vários anos. - Olha a pose do casal –gritou de surpresa Paulo, amigo dos do
DETESTANDO SÁBADOS, DOMINGOS, SEGUNDAS, TERÇAS... POR FAVOR, USE OS HEADPHONES (TORI AMOS – I DON´T LIKE MONDAYS) Ele estava sem muito saco naquela noite de sábado, mas, ainda assim, graças à insistência deles, resolveu sair com os seus amigos para beber, dançar, conversar, fumar, enfim, viver uma típica noite de sábado como faz todo ser humano que está...vivo. E, ainda que não fosse esse exatamente o seu caso, lá foi ele, mais uma vez, ao Clube Varsóvia, para sentar e fumar um Marlboro atrás do outro, enquanto os seus amigos dançavam e se embriagavam. E enquanto a música preenchia o ambiente de modo devastador e o álcool começava a cumprir o seu papel de desinibidor supremo, ele fez exatamente como a sua mente solitária havia, cruel e repetidamente, planejado antes da chegada dos seus amigos. Ficou prostrado em uma cadeira nada confortável do Varsóvia, ouvindo o som e apenas olhando a diversão, como se ela não lhe fosse jamais permitida. Mas o acaso conspira. Entre
eu quero escrever sobre sombras e sorrisos, sobre sol e lágrimas, sobre contrastes, sobre vida, sobre o que realmente importa. Nunca pensei que fosse tão difícil...