Pular para o conteúdo principal
À LUZ AZUL DO MONITOR

Chovia horrores naquela madrugada.

No apartamento, repleto de cinzeiros sujos e cds espalhados, apenas ela e a escuridão e a luz azul fantasmagórica que brotava do monitor do seu computador.

Caralho, isto é apenas um computador, não é real - ela resmungou alto, enquanto lia, atenta e excitada, as palavras que surgiam á sua frente.

Pura insanidade.

- Então, você não me disse o que está vestindo - ele escreveu, esperto, na sua vez de responder àquele chat.
Ela pensou e respondeu, trêmula - Apenas uma camiseta de banda e uma calcinha velha, de dormir. Saca? Aquelas mais gostosas para ficar em casa em noites de chuva .

Ela esperou ansiosa a próxima mensagem.

- Camiseta de banda? Qual banda? - finalmente ele perguntou.
Ela olhou para a camiseta e não acreditou que iria responder a verdade - Motörhead. Era do meu irmão.
- Mas aposto que fica muito melhor em você. Aposto mesmo.

Ela sorriu com o elogio barato e delicioso.
Ele prosseguiu - E a outra peça?

Ela sentiu o estômago apertado, quase na garganta - A calcinha? O que tem a calcinha? É de ficar em casa. Gostosa para isso .
Ele foi rápido - Não é isso que quero saber - jogou, cruel.
- O que quer saber?
- Molhada?
Ela gemeu baixo ao ler as palavras na tela do seu computador. Agora mal conseguia escrever. Só os seus Marlboros a faziam tocar os pés no chão.
- Muito - confessou.

Ele esperou para responder, o suficiente para fazê-la acariciar os seus próprios seios.

- Adoro - ele, finalmente, escreveu.
- Lingeries molhadas? - ela arriscou, provocando.
- Não. Camisetas do Motörhead hahahahaha.
Ela sorriu, aliviando a tensão.
- Na verdade - ele continuou - Adoro é vê-la deste jeito.
- Transtornada? - ela arriscou.
- Não. Excitada. Quase nua, querendo se tocar.
Ela não resistiu e finalmente alcançou o que queria, completamente molhada. Nada respondeu.
- Amanhã nos falamos - ele disse, ainda mais cruel - Melhor pararmos por aqui.
- Tá - ela mal respondeu.
- Boa noite. Dorme bem.
- Você também.

E ela nem se preocupou em desligar o monitor. Ainda lendo aquelas palavras, se ajeitou na cadeira e abriu suas pernas trêmulas. Tirou o pouco que vestia e se tocou e se tocou e se tocou, molhada e excitada.

Chovia horrores ainda no começo da manhã.

No apartamento, cinzeiros sujos e cds espalhados dividiam espaço com camiseta de banda atirada pelo chão.

E ela dormia no sofá. Cansada, exausta e com um sorriso satisfeito nos lábios.

Completamente satisfeito.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios. ...

Going Down

leia e ouça: lou reed || going down “... Time's not what it seems. It just seems longer, when you're lonely in this world. Everything, it seems, Would be brighter if your nights were spent with some girl Yeah, you're falling all around. Yeah, you're crashing upside down. Oh, oh, and you know you're going down For the last time …” Lou Reed || Going Down E o sonho avançava. Apenas avançava. A noite tinha apenas começado. … - Ei mocinha. Mocinha? Me ouve? Ela chacoalhou os cabelos castanhos desgrenhados, um monte de nós sem sentido, apenas ela, virou o rosto confuso e encarou aquele sujeito grande, intimidador, com cara de bravo e que estava imóvel à sua frente, um verdadeiro brusco naquele cenário. - Então, me ouve? Está me ouvindo? - aquele grandalhão insistiu - Me ouve, porra? - disse, de modo grosseiro. Ela olhou com um tanto de medo e sem saber exatamente o que fazer, o que dizer, o que mexer, o que responder, nada disse. Apenas, nada disse. - Você entende? É surd...

FIREWORKS

- Ai, que merda! - ela gritou, visivelmente irritada. - Tá louca? - ele respondeu, surpreso com o tom de voz dela. - Odeio esta música. DJ idiota - ela emendou - O Clube Varsóvia já foi melhor. Imbecil de escolher isto para o ano novo. - Você é louca? - ele perguntou, sério. - Não, porra, sou louca não. - Mas parece. Caralho. Há quanto tempo você vem no Varsóvia e NUNCA disse isso. O que há? Algum problema? - ele perguntou. Ela balançou a cabeça e seus olhos ficaram cheios de água - Nada - ela disse e confirmou - Nada. Não aconteceu porra nenhuma. - Como assim, nada? - ele questionou - Desde quando você fica transtornada assim? Por tão pouca coisa? Desde quando uma canção escolhida por um DJ idiota te tira do sério? - Nada, puta que o pariu. Nada. Pode ser? - ela disse, bastante brava. - Qual seu problema Lisa? Posso saber? Ela apenas abaixou a cabeça. - Me diz - ele insistiu. Ela ficou em silêncio por alguns instantes e emendou - Hoje é primeiro de Janeiro. Ele a olho...

Luar || Penumbra || Sonho || Amor

leia e ouça: Sunset Rollercoaster - I Know You Know I Love You “ Watch the sky, you know I Like a star shining in your eyes Sometimes I wonder why Just wanna hold your hands And walk with you side by side I know you know I love you, baby I know you know I love you, baby ” (Sunset Rollercoaster - I Know You Know I Love You) Penumbra. Madrugada. 4:10 da manhã. Luz? Apenas a luz do luar combatendo as frestas da persiana mal fechada e que estava sofrendo bastante com as rajadas do vento cortante vindo ao seu encontro de forma incessante e dura. Sábado. Frente fria. Penumbra. Madrugada Amor. 4:13 da manhã. Luz? Apenas a dela. Do delicioso e escultural corpo. Dela. Aquele corpo nu ao seu lado, descoberto delicadamente e de forma não intencional pelos movimentos da noite. Linda. Sensual. Impecável. Escultura para os apaixonados. Como ele. E ele apenas a observava sob a luz do luar forte. Lua cheia. Lua cheia de amor, paixão, ímpeto, vontades, desejos, lua cheia. Lua cheia de vida. Lua cheia d...

Talvez

leia e ouça: Sinéad O'Connor || Love Letters   “ Love letters straight from you heart Keep us so near while apart I'm not alone in the night When I can have all the love that you write I memorize every line And I kiss the name that you sign, oh And darling then I read again Right from the start Love letters straight from your heart ” Talvez Talvez ser Talvez crescer Talvez nascer Talvez viver Talvez morrer Morrer? Não Talvez… Apenas talvez Talvez Talvez ser Madrugada Olhos da lua Cores fatigadas Talvez Talvez apenas ser Vida cruel que suga e é sugada Talvez Ser Talvez todo dia Talvez toda noite Talvez todo dia Talvez sorte  Talvez não Talvez má sorte Talvez não Talvez bom azar Talvez não Talvez tudo Talvez nada Talvez vida Talvez morte Talvez uma jornada Talvez Talvez necessário dizer  O que precisaria ser dito Talvez não manter Abafado este grito Talvez Talvez beleza Talvez tristeza Talvez grandeza  Talvez lerdeza Talvez vida Talvez não Talvez tudo Talvez nada ...