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BEBEL, MEIA NOITE LEVAREI TUA ALMA...


Não. Definitivamente não. A meia noite ele não levará porra nenhuma. Porra nenhuma. A alma dela sempre pertenceu a ele, sempre. E assim vice versa. Assim como dois e dois... Por mais que digam o contrário e por mais que ela não acreditasse. Por mais que ela não acreditasse mais nele...

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Meia noite. Exatamente meia noite. O relógio velho sobre o criado mudo apontava de forma clara e inequívoca o exato horário daquele momento. O exato horário. Meia noite. Cinicamente a exata meia noite de uma noite muito, mas muito chuvosa. Umidade em todos os cantos. Umidade em todas as peles. Em todos os poros. Em todos os lugares. Os raios e os trovões desabavam lá fora. Cruelmente fortes. Mas era meia noite. Meia noite. Simples assim. E a madrugada, linda e única, neste horário tudo perdoa e adora começar o seu reinado sob o cenário do caos. Adorável caos. Adorável amor. Adorável paixão. Adorável caos do reencontro. Adorável e inesquecível tesão. Inesquecível amor. Inesquecível. De anos e anos e anos. Muitos anos. Um amor inesquecível e guardado dentro de um cofre a sete chaves. Sete chaves. Amor, tesão, revolta, raiva, mágoa, culpa e falha. Sete erros, sete chaves. E ele, tolo e bobo, apaixonado como sempre, acordou de uma forma lerda, lesada, em câmera lenta como tudo em sua vida. Estava cansado. Cansado de tanto amar, de tanto beijar, de tanto foder, de tanto trocar juras de amor. Estava cansado, porém feliz. Muito feliz. Muito feliz mesmo. Achava, pela primeira vez em sua vida, que o futuro podia ser melhor. Depois de tantos e tantos e tantos anos. Nunca esqueceu o seu cheiro, o seu perfume, o seu toque, o seu suor, nunca. Nunca mesmo. Sorriu feliz. Como há tempos não fazia. Acendeu um cigarro light qualquer e ficou, sob a tênue luz dos raios e do neon dos hotéis lá de fora explodindo através da janela, observando aquele corpo lindo e nu deitado em sua cama. Corpo lindo e nu que ele simplesmente amava. Simplesmente amava cada curva. Cada curva. Corpo lindo que ele conhecia tão bem. Tão bem a cada poro. A pele, os detalhes, os defeitos, os pontos vitais, enfim, as capitais necessárias. Química. Química perfeita. Ele sorriu e tomou mais um gole de um destilado qualquer. Um destilado vagabundo qualquer. Isto era o que menos importava naquele instante, naquela meia noite. Apenas um destilado para um grande amor. Um grande coração para uma grande paixão. E a cada trago do seu cigarro ele fez uma associação de alguma canção que ele sempre amou com alguma parte daquelas curvas que ele, também, sempre, mas sempre amou. Repertório delicioso e infindável. Amor enlouquecido. Amor. Sabe como é? E ele ficou em silêncio, apenas a observando de forma contida, feliz e apaixonada. Bebel. Linda e louca Bebel. Cheiro de pele e de amor. Química. Sua paixão de antes, do agora e do futuro e de todo o sempre. Sua paixão de antes e de todo o sempre.

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Não. Definitivamente não. A meia noite ele não levará porra nenhuma. Porra nenhuma. A alma dela sempre pertenceu a ele, sempre. E assim vice versa. Assim como dois e dois... Por mais que digam o contrário e por mais que ela não acreditasse. Por mais que ela não acreditasse mais nele...

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,