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ANO NOVO. NOVO?

E lá estava ele. Testemunhando seu vigésimo segundo reveillon. Vigésimo segundo? – ele pensou – Saco. Sempre a mesma coisa – prosseguiu com sua chatice.

Na verdade, pelo menos para ele, aquele parecia o seu trigésimo ou quadragésimo reveillon ou mesmo muito mais do que isso.

E ele estava sozinho naquela praia cheia de cerveja e de uma multidão suada e molhada e feliz. Cheia de gente cheia de vida. Cheia de sonhos. Decidiu dar meia volta e retornar para casa. Ao menos lá eu posso estourar meus tímpanos com um bom punk rock e não com essa merda toda de fogos e o caralho.

Faltava pouco mais de uma hora para o fim de tudo quando ele deitou-se no sofá rasgado do seu pequeno apartamento. Acendeu um incenso qualquer da sua colega de apartamento e colocou um bom disco de rock. Rock pesado para matar o samba. Todo carnaval tem seu fim, né? – ele riu, divertindo-se sozinho.

E entre um trago e outro daquele Campari forte e amargo, ele gargalhou como se estivesse enlouquecido.

Adeus ano velho – ele pensou – Já vai tarde, otário. E ele ficou lá, deitado no velho sofá rasgado.

E em pouco tempo ele ficou quieto, apenas esperando o ano acabar. Apenas esperando e desejando que todas as coisas ficassem melhores. Melhores nas próximas horas, nos próximos dias, no próximo ano.

E o que ele menos desejava era ficar sozinho. Como estava naquele maldito momento, ao som de distantes e cruéis fogos de artifício.


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NUCA

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