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POR FAVOR, USE OS HEADPHONES
LET IT BE (THE BEATLES)

DEIXANDO ESTAR...


E não havia nada, absolutamente nada, mais triste do que a despedida.

E ela sabia bem disso. Já havia se despedido de muita pessoas. Já havia se despedido de muitas coisas, já havia se despedido de muitos “alguéns”. Já havia se despedido da vida, muito embora insistisse em viver.

E não havia nada, absolutamente nada, mais triste do que uma despedida.

E ela sabia bem disso. Naquela tarde, naquele imundo e lotado saguão de aeroporto.

Os seus discos eram velhos. De vinil. Lindos, grandes, brilhantes, cobiçados, porém velhos. Antigos. Marcados. Muito usados. Mas isso pouco importava, pois ela, afinal, ela uma deusa mística. Uma garota sixties, toda beatle, toda moda, toda rock and roll, toda desencanada.

Não.

Não, na verdade ela não era nada disso.

Porra, ela era MUITO mais do que isso. Só que nunca se deu a chance de descobrir.

Ela ainda não percebia, mas era melhor do que todas elas, melhor do que todas as garotas da sua vida, melhor do que todas as garotas da vida dos seus “quase” namorados.

Melhor? Mas que merda de conceito. Ninguém é melhor do que ninguém, não é mesmo? Mas ela era.

Ela era autêntica, honesta, bonita, simpática, triste, doce, calada, tímida, sixties, beatles, rara, enfim, artesanal como um disco de vinil.

Lindo, grande, brilhante e cobiçado.

Cobiçado? Cobiçado por quem?

Oras, seus tolos, cobiçado por todos aqueles que sabem enxergar entre os sulcos. Os pequenos e estreitos e ruidosos sulcos de um velho disco de vinil. Os pequenos e estreitos sulcos de um velho e destruído coração.

E essas pessoas são tão raras...tão caras.

Sorte dela, ou melhor, sorte de quem a encontrar...sorte mesmo.

E ela entrou no táxi na saída do aeroporto, esquecendo (não querendo) de olhar para trás.

Sem olhar para trás.

And when the night is cloudy,
There is still a light that shines on me,
Shine on until tomorrow, let it be.
I wake up to the sound of music
Mother mary comes to me
Speaking words of wisdom, let it be.
Let it be, let it be.


- Música velha, quer que eu troque, mocinha? – o taxista perguntou.
Ela sorriu e apenas respondeu – Não, claro que não. De forma alguma. De forma alguma...



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