Pular para o conteúdo principal
HEY DJ (para quem não leu no VENUS IN FURS)

Os olhares cruzavam a pista de dança.

Atmosfera impregnada de aromas, cheiros e odores.

Bebidas, cigarros, perfumes, néon, fumaça, enfim, o aroma de todas as coisas preenchia o ambiente. Uma camada densa e espessa de pura rebeldia e diversão.

E entre luzes e cores e incensos, os instintos acordavam espertos. Bastante espertos.

E os olhares que antes apenas cruzavam a pista de dança, agora intimavam. Inevitáveis. Olhares fortes, carregados de volúpia, desejo e vontade.

- Posso escolher uma música, señorita DJ? – pediu, caricata, a garota linda e de cabelos claros que se aproximou da cabine escura escondida no fundo da pista.
A moça que comandava os vinis olhou curiosa, com seus pequenos e lindos e escuros olhos orientais. Emendou, descuidada – Desde que eu conheça, “señorita”, claro que pode - sorriu.
A garota linda de cabelos claros retribuiu o sorriso, primeiro de forma infantil, quase pura, para logo em seguida tornar-se uma adolescente sedenta, cruel, quase devassa – PJ Harvey. Pode ser? É claro que você tem – disse, arrogante.
- PJ Harvey? Hmmm. Tenho, mas não vai dar, desculpe. Não combina com este set – disse, testando limites e provocando. Querendo ser má.
Não houve surpresa. Houve flerte - Não combina? Como assim? Ela combina com tudo. Simplesmente com tudo.
- Com tudo? Não acho. Não combina com agora, por exemplo. Não combina com este set.
A moça linda e de cabelos claros e suados foi rápida – Bem, combina com vontades. Minhas vontades, por acaso – disparou.
A DJ a olhou com um ar de surpresa – Boa resposta. Bem boa, mas eu nem sei quais são as suas vontades, não é mesmo? Então...
... e foi surpreendida por um beijo forte, quente, quase entorpecido. Enlouquecido e inesperado. Seus lábios orientais sentiram o gosto bom e amargo do batom que a garota linda de cabelos claros usava. Suas mãos tremeram e suaram. Seu corpo molhou. Inteiro. Inteiro.

E a pista não entendeu quando uma balada de amor triste de PJ Harvey começou a explodir nas gordas caixas de som.

... mas todos começaram a dançar. De uma forma ou de outra.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
DETESTANDO SÁBADOS, DOMINGOS, SEGUNDAS, TERÇAS... POR FAVOR, USE OS HEADPHONES (TORI AMOS – I DON´T LIKE MONDAYS) Ele estava sem muito saco naquela noite de sábado, mas, ainda assim, graças à insistência deles, resolveu sair com os seus amigos para beber, dançar, conversar, fumar, enfim, viver uma típica noite de sábado como faz todo ser humano que está...vivo. E, ainda que não fosse esse exatamente o seu caso, lá foi ele, mais uma vez, ao Clube Varsóvia, para sentar e fumar um Marlboro atrás do outro, enquanto os seus amigos dançavam e se embriagavam. E enquanto a música preenchia o ambiente de modo devastador e o álcool começava a cumprir o seu papel de desinibidor supremo, ele fez exatamente como a sua mente solitária havia, cruel e repetidamente, planejado antes da chegada dos seus amigos. Ficou prostrado em uma cadeira nada confortável do Varsóvia, ouvindo o som e apenas olhando a diversão, como se ela não lhe fosse jamais permitida. Mas o acaso conspira. Entre

TO THE END

- O que vc quer de mim? – ela perguntou, aos gritos – Que porra você quer de mim?. Ele olhou para o chão, triste. Não queria responder, não sabia responder. Preferiu o silêncio. - Vai responder, seu filho da puta? Vai? – ela gritou, enquanto dava socos no peito dele. Socos não fortes, porém socos repletos de raiva, desespero e dor. Ele ficou em silêncio. Ficou em total e absoluto silêncio, sem ter nada a dizer. Ela ter visto aquele beijo já era o suficiente. - Seu idiota. Seu completo e estúpido idiota. Sai daqui. Agora! – ela gritou. E ele saiu do pequeno apartamento e foi embora, descendo as curtas escadas daquele prédio tão antigo. E enquanto descia, podia ouvir, com desespero, o choro e a dor daquela garota tão especial, outrora o grande amor da sua vida. E caiu em choro e lamento. Pobre diabo...