Pular para o conteúdo principal
ROCKET MAN ou LAZY MOON

- Hoje é sexta, né?
- Bem, tecnicamente é sábado. Já são quase três da manhã.
- Ah, é um saco isso. Para mim, ainda é noite de sexta.
- Noite de sexta foi ontem. De quinta para sexta. Hoje, de forma correta, já é sábado.
- Odeio estas convenções.
- Você pode odiar o quanto quiser Lu, mas hoje É sábado.
- Como você é irritante, não?
- Nisso você tem razão. Até eu concordo.
- Foda-se isso. Não está linda?
- Linda? O quê?
- A noite. A noite de hoje, seja sábado ou seja sexta ou seja o que for, está absolutamente linda. Olha este céu, porra. Que céu! Tão escuro e tão cheio de estrelas. Maravilhoso.
- Hmmm. É. Você tem razão. Está uma noite bonita hoje. Clara. Mas eu confesso que não tenho muito saco para reparar nisto não. Prefiro ficar aqui, sentado nesta sacada, apenas curtindo.
- E eu não sei? Claro. Você só se preocupa com estas suas drogas, estas suas pílulas, estes baseados vagabundos que você mal sabe enrolar. Pena, você perder o melhor da noite.
- E daí? Qual o problema? Para mim, o melhor da noite é estar aqui, nesta sacada, conversando com você.
- Ok. Vou acreditar. O maior problema é que você deixa de perceber as coisas boas da vida, querido. Este é o problema. Fica concentrado em apenas uma.
- Eu percebo as coisas da vida que merecem minha atenção. Pode estar certa disso, "querida".
- Irônico...
- Como assim?
- Nada. Você adora ser irônico. Isso me enerva.
- Eu não sou sempre irônico. Claro que não. Eu percebo mesmo as coisas que realmente importam.
- Dê um exemplo. E sem pensar muito.
- Você, por exemplo. Eu percebo você.
- Hahahahahahaha. Certo.
- Claro que percebo. Este seu olhar de quem quer me devorar, de quem quer me possuir. Impossível não percebê-lo.
- Hahahahahaha. Você está ficando louco. Todos estes excessos psicotrópicos vão acabar derretendo o seu cérebro mole.
- Tomara. Fritar neurônios. Boa idéia.
- Se você me percebesse mesmo, já tinha me dado um puta beijo, daqueles cinematográficos.
- Aí você não iria querer mais nada comigo.
- Não?
- Não. Preciso te conquistar aos poucos, sabe? De um jeito todo especial, até que você caia de amor por mim, por toda a eternidade.
- Você é um palhaço.
- Eu sei. Mas ainda vou provar que estou certo quando você se apaixonar por mim.
- Amizade entre homem e mulher então, não existe?
- Bem, ao menos da minha parte, Lu, não.
- Hahahahahahaha. Está bem. Vamos esperar para ver.
- Eu queria ser astronauta. Um rocket man, saca?
- Astronauta? Hahahahahahahaha. Toda criança já quis ser astronauta. Só para dançar na lua?
- Deixa eu reformular, eu QUERO ser astronauta. Para tudo o que eu puder. Dançar na lua, gozar na lua, fumar na lua, mas, principalmente, para poder olhar a Terra lá de longe. Lá do alto.
- Sem se envolver?
- Sem me envolver com os problemas daqui. Sem sofrer.
- Seria tão bom se pudéssemos fazer isso.
- Ver a Terra lá de cima?
- Não. Seria tão bom se pudéssemos não sofrer. Ainda mais por amores indesejados.
- Seria bom se todos fôssemos astronautas.
- Muito bom. A noite está mesmo linda, né? Uau.
- É... muito linda! - ele disse - E seria tão melhor se você percebesse o quanto eu te amo, sua idiota - ele pensou enquanto acendia um cigarro, querendo mais do nunca pôr os seus pés na lua que ele jamais alcançará, por mais alto que viaje.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
NÃO SERIA LEGAL? FAZER PARTE DE UM FILME DE AMOR... - Beatles? - ela perguntou. - Não - ele respondeu, rindo. - Não sei então. - Vai desistir fácil assim? - ele provocou. - Claro. Você acha que você vale tanto a pena? - ela disparou com um sorriso, retribuindo a provocação e brincando como uma menina. - Você é que tem que me responder isso - ele disse. - É? - ela perguntou. - Claro. - Não sei então. - Não sabe o quê? - Se você vale tanto a pena assim. - Achei que eu pudesse valer. - Nem sei por que estamos discutindo isso - ela disse. - Nem eu - ele respondeu, desenhando o nada com os pés descalços na areia gelada. - Deixa eu te dizer uma coisa - ela falou. - À vontade. - Existe algo mais sensacional do que este pôr do sol que você está testemunhando aqui nesta praia? Este pôr do sol de um dia de outono. Nem bem frio, nem bem quente, porém, extremamente doce. - Claro que existe - ele retrucou. - Ah, existe? Posso saber o quê? - Se este momento fizesse parte de um filme, de que gênero s
E QUEM DISSE QUE AS COISAS NÃO PODEM SER ASSIM? APENAS SIMPLES... - Pára! Ela ouviu a frase e virou a cabeça rapidamente. Queria saber de quem era aquela voz doce e suave, porém firme e ligeira, que havia dito a tal palavra para ela. - Pára! Assim – ele repetiu. Ela encarou o dono da voz com uma certa irritação. Apenas para disfarçar. Ele era lindo. Olhos escuros, cabelos pretos longos, um queixo quase barbado, regular e quadrado, e um sorriso sensacional. Estimulante. Aparentemente sincero e interessante. Ela apenas o encarou em silêncio, agora sem qualquer irritação disfarçada. Ele sorriu simpático, querendo quebrar o gelo – A posição do seu rosto daria uma foto. Um retrato lindo, sabe? Por isso pedi, quer dizer, quase mandei, né? Você ficar parada. Queria congelar o momento. Ela segurou um sorriso, apenas para querer parecer ser um pouco mais teimosa. Um pouco mais difícil. Ele ofereceu uma bebida. - Não sei o que está bebendo – ela disse – Como posso aceitar? Ele continuou com o co