Pular para o conteúdo principal
NAMORADOS QUE NUNCA SE BEIJARAM

Muito tempo se passou. Muito tempo mesmo. Tempo suficiente para deixá-los tristes. Nostálgicos. Com saudades um do outro.
Muito tempo se passou. Tempo suficiente para qualquer mortal. Tempo insuportável para qualquer apaixonado.
Mas, no fim, nem sempre melhores amigos são melhores namorados...

Ela mal acreditou quando o reencontrou por acaso, naquele café charmoso no centro da cidade, com aroma de hortelã e capuccino.

- Você? - perguntou, surpresa, feliz como uma criança, desastrada como sempre ela.
Ele apenas sorriu, revelando também toda a sua felicidade, toda a sua vontade, toda a sua alegria - Oi Nanda. Quem apostaria numa coisa destas, não é mesmo? Depois de todos esses anos, de toda essa vida, de todo esse tempo, um reencontro casual e pouco provável...
- ...porém, extremamente feliz - ela emendou rápida, arrependendo-se imediatamente da resposta apressada.
Ele foi super gentil e sorriu - Claro. E extremamente feliz - ele concordou sincero, deixando-a totalmente à vontade.
- Aceita um café? - ela perguntou, com seus grandes olhos azuis brilhando como nunca.
- E cigarros? - ele respondeu, concordando com a cabeça e ajeitando os seus cabelos já não tão longos e nem dourados, porém ainda extremamente lindos.

E conversaram...

- E então? - ela arriscou - Você está bem? Feliz?
- Se eu estou com alguém? - ele perguntou direto, provocativo, charmoso e adorável, enquanto tomava um gole do seu Irish Coffee.
Ela não sorriu - Nem sempre estar feliz é estar com alguém. Você sabe bem disso. Mas já que tocou no ponto, está? Encontrou, finalmente, alguém?
Ele ficou em silêncio, com um sorriso tímido e breve estampado em seu rosto. Um sorriso lindo e discreto. Um sorriso tão preso à sua memória.
- Não é incrível como podemos passar anos e anos e anos sem falar ou mesmo encontrar uma pessoa e quando isso acontece, parece que dormimos juntos na noite passada? - ele disse.
- Ei, essa sempre foi a minha teoria. E você costumava rir dela. Me achava uma tola, uma criança, uma boba. Mudou de idéia?
- O que aconteceu conosco? - ele perguntou, mudando de assunto - Por que desaparecemos um do outro? Você me conhecia tão bem.
Ela pensou por alguns instantes - Não sei te dizer. Definitivamente não sei te dizer. As coisas não costumam ser assim? - ela perguntou, certa de não estar disfarçando a tristeza.
- Finais felizes - ele disparou.
- Como?
- Finais felizes.
- Como assim?
- As coisas são da forma como são, mas SEMPRE, os finais felizes combinam melhor em filmes de amor.
Ela deu um sorriso - Será que este reencontro não serve exatamente para isto? Reescrever um final. Agora um final feliz?
- Desta vez com um beijo? - ele arriscou - Namorados costumam se beijar. Você nunca me beijou.
Ela sorriu o seu melhor sorriso, o mais sincero, o mais querido, o mais bonito - Well, exceto nós, meu amor, exceto nós. Namorados que nunca se beijaram. E talvez não devam nunca fazê-lo. Nunca.
- Talvez - ele disse - Talvez. Pelo menos por hoje.

... e continuaram a conversa.

Muito tempo se passou. Muito tempo mesmo. Tempo suficiente para deixá-los tristes. Nostálgicos. Com saudades um do outro.
Muito tempo se passou. Tempo suficiente para qualquer mortal. Tempo insuportável para qualquer apaixonado.
Mas, no fim, nem sempre melhores amigos são melhores namorados...
será???


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
DETESTANDO SÁBADOS, DOMINGOS, SEGUNDAS, TERÇAS... POR FAVOR, USE OS HEADPHONES (TORI AMOS – I DON´T LIKE MONDAYS) Ele estava sem muito saco naquela noite de sábado, mas, ainda assim, graças à insistência deles, resolveu sair com os seus amigos para beber, dançar, conversar, fumar, enfim, viver uma típica noite de sábado como faz todo ser humano que está...vivo. E, ainda que não fosse esse exatamente o seu caso, lá foi ele, mais uma vez, ao Clube Varsóvia, para sentar e fumar um Marlboro atrás do outro, enquanto os seus amigos dançavam e se embriagavam. E enquanto a música preenchia o ambiente de modo devastador e o álcool começava a cumprir o seu papel de desinibidor supremo, ele fez exatamente como a sua mente solitária havia, cruel e repetidamente, planejado antes da chegada dos seus amigos. Ficou prostrado em uma cadeira nada confortável do Varsóvia, ouvindo o som e apenas olhando a diversão, como se ela não lhe fosse jamais permitida. Mas o acaso conspira. Entre

Brindando Palavras Repetidas

  leia e ouça: richard hawley || coles corner - Você é repetitivo. Ele a olhou com uma surpresa muda,  - Você é muito repetitivo - ela disse, certeira, sabendo que o havia atingido em seu ponto mais fraco, mais vulnerável, mais dolorido. Não sorriu. Ele a olhou com certa surpresa sabendo que, no fundo, ela estava certa - Como assim? - perguntou, querendo ter certeza. - Repetitivo. Repetitivo. Você usa as palavras de forma inconsequente e repete sempre as mesmas coisas. Faz isso o tempo todo. - Faço? - ele disfarçou. Ela então sorriu levemente - Claro que faz. Mas o que me deixa ainda mais fascinada é esta sua cara de pau. Você sabe que é assim, desse modo, desse jeito e ainda assim continua nesta direção. Ele fingiu indignação, mas por puro orgulho. Ela estava absolutamente certa. Ele tomou um gole do que estava bebendo e ficou quieto, esperando a próxima porrada. - Não? Você não sabe disso? - ela insistiu. - Talvez - admitiu, sem admitir. - Então, por que você não tenta mudar? - Você