COSMONAUTAS
Ela costumava não acreditar na própria pouca sorte no amor. Ou, em constatações menos gentis, no seu excesso de azar em assuntos desta natureza. Ou, talvez, nem uma coisa nem outra, ela costumava (e preferia isso) não acreditar na sua usual falta de cuidado com pequenos detalhes amorosos.
Mas porra, convenhamos, quebrar o próprio coração jamais pode ser considerado como um "pequeno detalhe".
De qualquer forma, ela nunca acreditou muito nela própria.
Esta sim, a grande verdade.
Também, com tantas mancadas, burrices, com tanto medo, pânico, enfim, com tantos excessos e erros, inevitável se meter em encrencas. Confusões. Decepções.
Bridget Jones piorada. Uma versão real. Desconexa.
Desconcertada.
Puro desleixo ao tratar do próprio coração.
Mesmo diante de situações fáceis, risco baixo, ela sempre preferiu ficar quieta e ir embora.
Chorar o que não fez.
Chorar o que não teve peito de fazer.
Usual desleixo ao tratar do próprio coração.
Grande droga.
Grande erro.
Entretanto, naquela quarta-feira de madrugada, o cenário final era muito diferente.
Lá estava ela.
Sozinha.
Naquela quarta-feira de madrugada, lá estava ela, calada e arrependimentos, ouvindo alguma balada do Lou Reed e pensando não no que não teve peito de fazer, mas sim no que disse e enfrentou.
Apesar do final conhecido, da solidão conhecida, tudo foi diferente.
Brutalmente diferente.
Violentamente diferente.
Ao invés de chorar e chorar e chorar repetidas vezes as suas cansadas lágrimas, desta vez ela não estava desesperada. Desta vez ela não estava aflita, assustada, arrependida ou mesmo arrasada.
Desta vez, pela primeira vez, ela estava apenas...
... pouco se fodendo.
E com as unhas secando no esmalte vermelho, ela, olhando para o teto como uma criança querida, sorriu alto.
Não estava triste por ter perdido o carinha.
Não estava nada triste por tê-lo perdido.
Estava feliz por ter dito, pela primeira vez, o que achava que aquele miserável precisava ouvir.
E se não rolou, oras, não rolou.
Quem sabe da próxima?
Ela percebeu que só iria fazer o que queria e assim, no futuro, ao invés de canções tristes de Lou Reed, talvez sua trilha sonora pudesse ser uma canção de verão dos Beach Boys.
Com sorrisos e afeto.
Com beijos e sexo.
Com sorrisos...
... muitos sorrisos...
...muitos...
Ela costumava não acreditar na própria pouca sorte no amor. Ou, em constatações menos gentis, no seu excesso de azar em assuntos desta natureza. Ou, talvez, nem uma coisa nem outra, ela costumava (e preferia isso) não acreditar na sua usual falta de cuidado com pequenos detalhes amorosos.
Mas porra, convenhamos, quebrar o próprio coração jamais pode ser considerado como um "pequeno detalhe".
De qualquer forma, ela nunca acreditou muito nela própria.
Esta sim, a grande verdade.
Também, com tantas mancadas, burrices, com tanto medo, pânico, enfim, com tantos excessos e erros, inevitável se meter em encrencas. Confusões. Decepções.
Bridget Jones piorada. Uma versão real. Desconexa.
Desconcertada.
Puro desleixo ao tratar do próprio coração.
Mesmo diante de situações fáceis, risco baixo, ela sempre preferiu ficar quieta e ir embora.
Chorar o que não fez.
Chorar o que não teve peito de fazer.
Usual desleixo ao tratar do próprio coração.
Grande droga.
Grande erro.
Entretanto, naquela quarta-feira de madrugada, o cenário final era muito diferente.
Lá estava ela.
Sozinha.
Naquela quarta-feira de madrugada, lá estava ela, calada e arrependimentos, ouvindo alguma balada do Lou Reed e pensando não no que não teve peito de fazer, mas sim no que disse e enfrentou.
Apesar do final conhecido, da solidão conhecida, tudo foi diferente.
Brutalmente diferente.
Violentamente diferente.
Ao invés de chorar e chorar e chorar repetidas vezes as suas cansadas lágrimas, desta vez ela não estava desesperada. Desta vez ela não estava aflita, assustada, arrependida ou mesmo arrasada.
Desta vez, pela primeira vez, ela estava apenas...
... pouco se fodendo.
E com as unhas secando no esmalte vermelho, ela, olhando para o teto como uma criança querida, sorriu alto.
Não estava triste por ter perdido o carinha.
Não estava nada triste por tê-lo perdido.
Estava feliz por ter dito, pela primeira vez, o que achava que aquele miserável precisava ouvir.
E se não rolou, oras, não rolou.
Quem sabe da próxima?
Ela percebeu que só iria fazer o que queria e assim, no futuro, ao invés de canções tristes de Lou Reed, talvez sua trilha sonora pudesse ser uma canção de verão dos Beach Boys.
Com sorrisos e afeto.
Com beijos e sexo.
Com sorrisos...
... muitos sorrisos...
...muitos...
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