Pular para o conteúdo principal

SORRISOS DEMONÍACOS, RESERVADOS DE BANHEIROS E O CLUBE VARSÓVIA


- Sorriso demoníaco? – ela perguntou, arqueando a sobrancelha esquerda, típica façanha que somente ela conseguia.
- Sim. Um sorriso demoníaco é o que você tem. Detesto e adoro ele – ele respondeu, enquanto virava um copo de vodka.
O Clube Varsóvia estava lotado demais. Era daquelas noites de verão abafadas de quinta feira na quais as pessoas amavam estar na rua.
- Não entendi – ela disse, fingindo ignorância e desconhecimento sobre o poder que exercia sobre ele.
- Bitch – ele brincou.
- Ué, não entendi – ela continuou, abrindo distraidamente mais um botão da sua camisa preta brilhante, deixando parte do seu seio à mostra.
Ele respirou fundo. Tomou mais um gole de vodka e acendeu um cigarro. Não conseguia desviar o olhar daquela parte adorável do colo dela que parecia gritar para ser tocado.
- Sinceramente, não estou entendendo o seu papo. Coisa estranha esta de sorriso demoníaco. Até parece que sou uma daquelas pin-ups antigas, dos anos cinqüenta, uma Bettie Page contemporânea.
- Filha da puta – ele xingou, brincando – Não entende né?
- Não – ela respondeu, arqueando mais a sobrancelha esquerda e, de quebra, abrindo delicada e discretamente mais um botão da sua camisa preta e deixando o seu seio ainda mais desnudo e exibido.
Ele começou a suar e pôs a mão sobre a sua coxa direita. Ela tremeu quando ele fez isso. Ele endureceu. Ela tomou um gole da vodka dele. Ele continuou com sua mão sobre a deliciosa coxa dela. Ela fechou os olhos. Ele prosseguiu. Ela fez que sim com a cabeça. Ele avançou. Os seus dedos logo alcançaram o que ele mais queria. Ela estava molhada. O Clube Varsóvia estava lotado, porém com as luzes escuras e negras da pista, pouca gente percebia o que acontecia naquela mesa ou, ao contrário, pouca gente parecia se importar.
- Sorriso demoníaco? – ela perguntou, com a voz trêmula, quase inaudível.
- Sim. Sorriso deliciosamente demoníaco.
- Vem comigo! – ela mandou.
Ele foi.
Atravessaram a pista de dança do Varsóvia e foram para a parte dos fundos do clube. Ela puxava ele pelas mãos e fez com que entrassem no banheiro masculino. Direto ao reservado. Direto ao paraíso. A camisa preta logo foi ao chão, enquanto ele tocava os seus seios e beijava seus lábios de forma furiosa e rude. De forma apaixonada. De forma incontida. Do lado de fora o barulho típico que somente clubes têm. Ruído de noite, ruído de whisky, ruído de diversão e gente interessante. Ruído de vida bem vivida. Do lado de dentro apenas o ruído do sexo deles. Ela agachou e começou a chupá-lo de forma intensa. Ele agarrou os cabelos longos dela e segurou o seu gozo, quase vindo, quase vindo. Levantou aquela garota linda e agachou-se à sua frente. Retribuiu a chupada percorrendo cada centímetro da sua deliciosa buceta. Cada milímetro. Levantou depois de longos instantes com ambos querendo mais. Finalmente foderam de forma tensa, intensa e deliciosa. Cada movimento era deliciosamente bom. Gozaram como dois doidos apaixonados. Muito. O som eletrônico que ecoava na pista parecia um aplauso de uma platéia enlouquecida. Aplausos e aplausos. Beijaram-se e saíram de forma furtiva do banheiro masculino do Varsóvia. De volta à mesa, ambos acenderam um cigarro, encheram os copos de vodka e se olharam. Ela arqueou a sobrancelha esquerda e ele sorriu. Ela deu uma tragada no cigarro e disse, de forma quase ingênua, quase sussurrada – Sorriso demoníaco? Não entendi. E a noite para aqueles jovens tão seguros e cheios de vontade apenas estava começando. Estava apenas começando...



Comentários

biaca disse…
... começando?

Postagens mais visitadas deste blog

PASSE-ME O SAL PARA EU BOTAR NA SOBREMESA?

- Não há nada a desculpar – ele disse pouco tranquilo, muito mentiroso, entre os copos de vodka, as mesas e o barulho do Clube Varsóvia, tentando desviar do olhar adorável, inesquecível e maravilhoso daquela garota à sua frente. Ele a amava. Ela o olhou com ternura e amizade e fez um carinho breve e gentil no seu cabelo. Por instantes, breves instantes, ela lembrou de todo o afeto e paixão que sentiu por ele no passado. Todo o carinho, o afeto e o amor que sentiu por ele em um passado não tão distante. Como foram felizes. - Fica tranquila – ele disse e continuou - Nada a desculpar mesmo. Tudo em ordem do meu lado – ele prosseguiu – Você gosta de MPB mesmo. Eu detesto – completou, com um sorriso. - Você mente mal. Muito mal mesmo sabia? Quase um canastrão – ela brincou e continuou – Esqueceu que te conheço há um tempinho? - Muito tempo? – ele perguntou, tentando disfarçar, enquanto acendia um Marlboro – Dentre as mentiras da vida, duas nos revelam mais – recitou, citando a antiga c...

TEMPESTADES DE NATAL

Ela acordou de repente, com um grito. Era madrugada e ela acordou absolutamente assustada. Estava suada e sua cama completamente encharcada. Suor frio. O pesadelo havia sido insano. Era preciso ter nervos de aço para dormir naqueles dias. Nervos de aço. E ela levantou da cama tremendo. Foi direto para a cozinha, se é que há diferença entre o quarto e a cozinha naquela porra de apartamento em que ela morava. Ou se escondia? Ao lado do filtro de água pegou um copo americano. Abriu o armário e encheu de conhaque. Não conhaque dos bons, claro. Ela não tinha grana para este tipo de luxo. O máximo que ela conseguia comprar era algum destilado vagabundo, sempre dos mais baratos. Sempre dos mais escrotos. Seu fígado já nem se importava. Ele estava pouco se fodendo com o líquido, o cérebro queria o efeito. Sentou à mesa e pegou seu maço de cigarros. Os cigarros sim, mais caros do que o usual. Morrer de tédio ou morrer de vodka barata ok, mas se é para morrer de câncer causado por cigarro, que...

NOSSO SUOR SE MISTUROU DEMAIS...

- Nosso suor, se misturou demais ... – ela cantarolou baixinho. Bem baixinho, emitindo sinais, mas não de propósito. Ele ouviu e respondeu de pronto – Música antiga, hein? Está ficando saudosa ou velha mesmo? – perguntou grosso, tosco, otário, como sempre fez, sem desviar os olhos do seu jornal. Ela apenas sorriu. Sabia que ele não era assim. Ele apenas se fazia – e gostava muito disso - de filho da puta. - Canção antiga. Vintage total. Vintage total. Mas vintage tá na moda , não é mesmo? – ele emendou – Veja o bando de velhos ouvindo discos de vinil por aí. - Você é um babaca – ela respondeu. Ele apenas sorriu. Tinha certeza disso. - Nosso suor, se misturou demais ... – ela cantarolou novamente. Desta vez não tão baixinho, não tão tímida. Não tão baixinho, nem um pouco tímida. Forte. Segura. Decidida. Sabia o queira, mas não achava o alvo. - Também acho – ele concordou, fechando o jornal com média força e suspirando forte – E não sei exatamente o que fazer. D...