- Cansado? – ela perguntou com muito carinho, alisando com suave paixão os longos cabelos dele que encobriam boa parte do seu rosto. A boa parte do seu rosto.
Ele nada disse. Nada. Resignou-se e tomou um gole largo da sua
cerveja. Um longo gole. Repleto de satisfação e frustração. Lágrimas gordas
formaram-se em seus olhos azuis. Os seus lindos olhos azuis. Não pôde evitar.
Preferiu o silêncio.
Ela não aceitou - Ah, querido. Pára. Não fique assim. As coisas
mudam. Melhoram. Pode apostar – prosseguiu.
Ele a encarou com desespero e ira - Melhoram? – respondeu com
certa raiva, muita indignação, toneladas de desprezo – Melhoram? Tem certeza?
O silêncio se fez. Ela abaixou a cabeça e desviou o olhar. Sabia
que não sentia a verdade nas suas próprias palavras. Flagrada na mentira. Muito
flagrada na mentira. Sabia que estava mentindo a pior das mentiras. A mentira
para si própria.
Ficaram em silêncio.
Ele com sua cerveja.
Ela com seu cigarro.
Ao fundo? O Clube Varsóvia e seu caleidoscópio de situações
inusitadas.
Vida. Simples assim.
E Bauhaus nunca foi uma trilha sonora tão perfeita.
Tão perfeita para uma noite tão quente de primavera...
Bem dito DJ...
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