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HOUDINI FAZIA IOGA

Suas unhas longas e bordadas com esmalte preto pareciam querer rasgar o velho colchão de molas do Hotel Varsóvia, tão forte e descontrolada era a pressão que ela exercia sobre o lençol com os seus dedos longos, finos e bonitos, sempre cheirando a cigarro mentolado. Seus cabelos de cor girassol estavam invertidos, em negativo, bagunçados, amassados e completamente ensopados de tanto suor, de tanto tesão, de tanta saliva. Os lábios daquele garoto eram infernais. Feitos para o pecado, feitos para o paraíso. Simples assim. Grossos, carnudos, pálidos, os lábios dele percorriam sem pressa cada centímetro do seu corpo, da sua esquina, da sua pele, das suas dobras, do seu sabor, do seu gosto. Os lábios daquele garoto exploravam e exploravam e exploravam cada detalhe das suas entranhas, da sua carne, dos seus pontos. Cada detalhe do seu corpo. Corpo aberto, explorado, indefeso e molhado. Ele sorvia cada gota de tesão escapava por entre as suas pernas, cada gota de amor que escapava por entre os seus gritos, gemidos, suspiros e declarações de amor. Os corpos entrelaçados pela língua suave formavam uma deliciosa e pagã escultura. Lasciva, ardente, apaixonada. Uma escultura de um casal fazendo amor, trepando, gozando, fodendo. Um casal fazendo mágica, um casal fazendo ioga, um casal sendo feliz. Raro? Não, apenas importante...


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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,