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FÁBULA DO IMPROVISO

- Você merece mais que isso.
- Mereço?
- Merece. Claro.
- Não sei da onde você tira essas idéias, essas demências.
- Do fundo da minha loucura?
- É.
- Deixa de ser boba.
- Não. Não deixo.
- Por que?
- Porquê o quê?
- Pára.
- Não.
- Pára, por favor.
- Com o quê?
- Com estas idéias idiotas de que você não é maravilhosa.
- Ah, tá. Só porque você pediu.
- Não tem espelho em casa?
- Não. Você tem?
- Tenho.
- No teto?
- Haha, não. Não no teto, mas tenho no quarto.
- Então me leva para lá e me mostra.
- O quê?
- Como sou bonita, toda nua na cama ao seu lado.
- Agora?
- É. E eu sou mulher de brincadeiras?
- Não. Definitivamente não.
- Então vamos.
- E depois, posso dormir?
- Claro.
- E fumar?
- Lógico.
- E beber?
- Também.
- E você cozinha para mim depois de me comer?
- Te adoro, sabe?
- Cozinha?
- Claro.
- Então vamos, mas cooking wine...
- Ei, isto é uma música.
- Alkaline Trio.
- Ah...
- E eu sou uma idiota falastrona.
- Vamos?
- Vamos. Imediatamente...

e partiram, deixando para trás um boteco retrô no centro da cidade, repleto de garrafas vazias e pessoas tristes...

...

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,