Pular para o conteúdo principal

PERVERSAMENTE LINDA


Linda. Absolutamente linda. Cabelos castanhos meio grandes, meio finos, muito bagunçados. Muito organizados. Dependendo do vento. E ele? Ele amava. Simplesmente amava. Muito. Um quadro único e sem igual. Único. A beleza é perversa e ele amava aquele quadro. Amava. Apenas isso. Com todas as suas forças. Com todas as suas forças.
Linda. Absolutamente linda. Cabelos castanhos meio grandes, meio finos, muito bagunçados, muito organizados. Vento. Este filho da puta. Este tremendo filho de uma puta.
- Você vai ficar comigo? – ele perguntou – Ainda dá? - insistiu.
Ela sorriu com desdém e troça. A troça de quem sabe que tem o poder. De quem pode. Tomou um gole da sua cerveja e não respondeu. Apenas acendeu um Marlboro.
- Vai? – ele insistiu em súplica, em desespero, em paixão e amor.
Ela se manteve e não respondeu. Apenas ajeitou os tais cabelos castanhos completamente desgrenhados pelo vento da mesa de bar ao ar livre. Tomou mais um gole da maldita cerveja. Nada disse. Ficou quieta.
- Sabe de uma coisa? – ele perguntou ingênuo e inocente. Um bobo, como sempre. Um velho adolescente de tantos muitos anos.
- Não – ela respondeu seca. Sem sentimento.
Ele respirou fundo e engoliu vários golpes de ar – Você me fode, sabia? Muito. Muito mesmo.
- Será? – ela retrucou – Não sei a razão.
Ela suspirou e respondeu – Não. Não faço nada do que você já me fez antes. Nada além disso.
Ele, puto, perguntou – Por que você está aqui? Qual a razão?
Ela respondeu serena – Você me convidou para tomar uma cerveja, não convidou? Então... não disse nada sobre discutir passado ou paixões mal resolvidas. Quem tem a reclamar aqui você bem sabe quem é. O mal não foi feito por mim. O erro não foi meu. Definitivamente.
Ele olhou para o céu em desespero e arrependuimento. Levantou, disse que ia ao banheiro, passou no caixa, deixou a conta paga e foi embora. Simples assim. Simples assim. Sem bilhetes, sem despedidas, sem arrependimentos, quer dizer, com MUITOS arrependimentos.
Ela não se importou.
Ele sim.
Beleza. Uma perversa beleza que ele JAMAIS esquecerá.
Apenas isso.
Simples assim.
O que importa nesta vida?
Cabelos castanhos meio grandes, meio finos, muito bagunçados. Muito organizados. Dependendo do vento. Um quadro inesquecível. Simples assim.
E assim foi.
E assim foi.
Mulher perversamente linda.
Perversamente.
Para todo o sempre...
Para todo o sempre...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,