Chovia. Muito. Madrugada alta. Chovia para caralho e eles estavam lá. Tolos, sentados, entediados, apenas bebendo e esperando a chuva passar. Amigos. Muito amigos. Cúmplices. Muito mais que isso. - Cansado? – ela perguntou suave e gentil, sabendo da exaustão dele. Exaustão física e psicológica. Exaustão. Física e psicológica. Apenas exaustão. Muita. Muita exaustão. Ele apenas consentiu com cabeça enquanto tomava mais um gole da sua vodka e tragava seu cigarro mentolado. Ficou em silêncio. Ela sabia o que ele queria dizer. O que queria responder. - Você não está bem, certo? – ela insistiu, afirmando e concordando. Sabia que era isso. Tinha certeza do que falava. Conhecia ele há "séculos". - Sim. Muito cansado. Saco cheio. – ele respondeu sem energia - De saco cheio e muito, mas muito cansado mesmo. De tudo – ele emendou. Ela ficou com a expressão triste. Nada disse. O silêncio é fundamental em certos mo...