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CORNUCÓPIA DE NUVENS E TROVÕES

Abundância de desejos, de sonhos e de vontades.

Abundância do que se pode e do que não se pode ter.

Muitas vezes não.

Muitas, mas muitas vezes não.

Uma abundância de nada.

Nada.

- Eu te amo, sabia? - ela disse direta, reta e objetiva.

Ele arregalou os olhos, tomou um gole da sua vodca e ficou em silêncio. Um trago no cigarro na sequência.

- Não vai responder nada? - ela insistiu.

Ele continuou em silêncio apenas deixando as gotas da chuva que explodiam na janela manifestarem. A voz era delas. O barulho e o encanto era delas. Nenhumas das bobagens que ele iria falar.

- Você é um babaca - ela completou -  Nem sei o que faço aqui - concluiu.

Ele tomou mais um gole da sua bebida e disse de forma pausada, certeira, direta - Claro que te amo. Muito. Mas fico triste de você me amar. Não merece tanta estupidez. Não merece um babaca como eu.

Ela suspirou pesadamente e disse - Idiota. - Foge de tudo. Da vida, dos amores, das pessoas. Um verdadeiro imbecil.

E a chuva continuava a cair.

Relâmpagos, raios e trovões.

Mas... abraçaram-se e a noite foi mais feliz.

Ainda que ele soubesse que para ela, cedo ou tarde, não... Não haveria amor e nem mais o que quer que fosse.

Ela sabia disso.

Com certeza.


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