Pular para o conteúdo principal

TIME (CLOCK OF THE HEART)


Ele a encarou com amor, ternura, desejo, desespero e medo.
Muito medo.
Muito medo.
Naquele saguão de um aeroporto lotado e mal cuidado.
- Você vai mesmo? – ele perguntou.
Ela tentou evitar as lágrimas e não conseguiu.
Nada disse.
- Você vai mesmo? – ele repetiu.
Ela apenas consentiu com cabeça e disse – Preciso. O meu lugar, por enquanto, não é mais aqui.
- E nós? – ele perguntou de uma forma ridícula, patética, quadrada, tosca, imbecil.
Um tolo. Um verdadeiro tolo.
- Eu preciso ir – ela repetiu – Realmente preciso.
- Mas...
Ela o interromperu – Nada de mas... Nada de mas. Nada de nós. Nada de tempo. O tempo não vai me dar tempo algum.
Nunca.
E ela o beijou.
E virou as costas com os olhos repletos de lágrimas.
Para ele não ver.
Apenas para ele não ver seus olhos molhados e vermelhos.
Repletos de lágrimas.
- E quando você volta? - ele perguntou ainda mais uma vez.
Ela apenas sorriu e respondeu – Tempo. Apenas isto.
E beijos voaram de dentro da sala de embarque com a palma das mãos.
Beijos voando no saguão de um aeroporto lotado e mal cuidado.
Beijos voando.
Sem tempo.
Como uma canção desajeitada.
Como um conto mal escrito.
Apenas assim.
Simples assim.


“And time won't give me time, won't give me time (time, time, time)”

CULTURE CLUB
TIME (CLOCK OF THE HEART)

“Don't put your head on my shoulder
Sink me in a river of tears
This could be the best place yet
But you must overcome your fears
Ooh in time it could have been so much more
The time is precious I know
In time it could have been so much more
The time has nothing to show because
Time won't give me time and
Time makes lovers feel like they've got something real
But you and me we know they've got nothing but time
And time won't give me time, won't give me time (time, time, time)
Don't make me feel any colder
Time is like a clock in my heart
Touch me touch was the key too much
I felt I lost you from the start
Ooh in time it could have been so much more
The time is precious I know
In time it could have been so much more
The time…”




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Brindando Palavras Repetidas

  leia e ouça: richard hawley || coles corner - Você é repetitivo. Ele a olhou com uma surpresa muda,  - Você é muito repetitivo - ela disse, certeira, sabendo que o havia atingido em seu ponto mais fraco, mais vulnerável, mais dolorido. Não sorriu. Ele a olhou com certa surpresa sabendo que, no fundo, ela estava certa - Como assim? - perguntou, querendo ter certeza. - Repetitivo. Repetitivo. Você usa as palavras de forma inconsequente e repete sempre as mesmas coisas. Faz isso o tempo todo. - Faço? - ele disfarçou. Ela então sorriu levemente - Claro que faz. Mas o que me deixa ainda mais fascinada é esta sua cara de pau. Você sabe que é assim, desse modo, desse jeito e ainda assim continua nesta direção. Ele fingiu indignação, mas por puro orgulho. Ela estava absolutamente certa. Ele tomou um gole do que estava bebendo e ficou quieto, esperando a próxima porrada. - Não? Você não sabe disso? - ela insistiu. - Talvez - admitiu, sem admitir. - Então, por que você não tenta mudar? - Você

SORTE OU AZAR?

Sorte? Azar? Erros? Acertos? Signos? Crenças? Nada disso. A vida dela era um eterno confronto entre o bem e o mal. Entre a sorte e o azar. Entre erros e acertos. Entre o lado ruim e o lado bom. Dualidades. A vida dela. O resumo da vida dela. Um breve e apertado resumo. Sorte? Azar? Erros? Acertos? Signos? Crenças? Nada disso. A vida dela era um eterno confronto entre ela e ela mesmo. Apenas isto. Nada demais. Nada demais. Nada do que já não se viu por aí. Aos montes. Aos montes. - Qual o seu signo? – ela perguntou temendo ser tola ao cubo. - Câncer – ele respondeu acreditando na sua tolice ao cubo – Isto faz alguma diferença? – provocou. Ela sorriu e disse – Claro que não. Claro que não. Adoro homens de câncer – mentiu. - É? – ele perguntou incrédulo – E quais as qualidades deles? Dos homens deste signo? Ela sorriu sem graça e respondeu direta e reta – Nenhuma. Nenhuma. Precisa ter alguma? – perguntou – As qualidades aparecem – finalizou. Ele apenas

DAQUELE JEITO... DAQUELE JEITO E COM AQUELE BRILHO...

Daquele jeito. Tudo daquele jeito. Um jeito errado, um jeito ferrado, um jeito completamente sem propósito. Um jeito.... deles. Absolutamente deles. Um casal sem sentido. Sem nenhum sentido ou qualquer coisa similar. Sem nexo, sem curva, sem verso, sem nada. Um casal incomum. Adorável, mas incomum. Daquele jeito. Tudo daquele jeito. Um jeito errado, um jeito ferrado, um jeito completamente sem propósito. Um jeito.... deles. Absolutamente deles. E nada, mas NADA usual. Próprio e absolutamente não usual. Um casal sem sentido. Completamente sem sentido. Sem nexo, sem curva, sem verso, sem nada. Sem nada. Amor? Sim. Muito. Talvez sim. Talvez não. Mas, eles.... Amor poderia haver. E havia. Amor. Apenas e muito amor. - Você pode parar de me ofender? – ele pedia de forma irritada, desesperada. Ela olhava com ironia e apenas respondia – Vá se foder. E viviam. Daquele jeito. Viviam daquele jeito. Um jeito errado, um jeito fe

Quando Você Ama…

  leia e ouça: surf curse || freaks “...Don't kill me just help me run away From everyone I need a place to stay Where I can cover up my face Don't cry, I am just a freak I am just a freak I am just a freak I am just a freak…” (Surf Curse || Freaks) Quando você vive, você erra. Todos nós. Todos. Todos nós erramos, de um jeito ou de outro. Faz parte. Quem nunca errou? Quem nunca? Só quem não viveu. Quando você vive, você se expõe e acaba errando, cedo ou tarde. Mente quem diz que nunca errou, uma vez que certamente também errou em algum momento da vida e tenta negar isso. Eu? Se eu errei, omiti e menti? Sim. Certamente. Muito. Mais do que seria razoável, muito mais do que seria razoável. E só os Deuses sabem como foi difícil e errado e como me arrependo. Arrependimento? Muito. Arrependimento real e verdadeiro. Mas, a verdade é o mais importante. Sempre. E demorei a entender isso. Demorei MUITO. Muita porrada para entender isso. Muita porrada para entender isso. A transparência.