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LO(VE)NDON CALLING

OUÇA: gaba kulka || london calling

O corpo dos dois parecia derreter.

O corpo dos dois parecia derreter, tamanha a excitação, tesão, desejo e vontade que impregnava o ambiente naquele quarto.

O suor transbordava em cada poro de cada corpo.

Cada poro. Cada corpo.

Ele estava absolutamente enlouquecido e extasiado. Ela, por sua vez, estava em uma espécie de transe e delírio.

Mãos e bocas e seios e pernas e coxas e dedos e lábios e línguas e beijos e saliva se encontravam.

Sem parar. Contínua e sofregamente.

O aroma que pairava no ar era o de uma espécie de vinho raro. Beleza rara. Especial.

Ela sentia o gosto dele na sua boca. Ele sentia o dela.

Sutil e intenso.

Integrado.

Suor, paixão, delírio, toques e gemidos. Sexo ou amor, ou seja lá o que isso quer dizer.

...

E, logo depois, eles deitaram e ficaram quietos, respirando o silêncio. 

Por pouco tempo. Por pouco tempo.

Ela, agitada como sempre, gargalhou brava e, abrupta, ligou o velho aparelho de som em decibéis altos. Bastante altos. 

- Que música improvável para o momento, não? – ele falou, sorrindo e acariciando os seus cabelos.

- Improvável? Nós? The Clash? – ela respondeu, elétrica – London Calling? Imagina, é apenas música calma para pessoas felizes – ironizou.

Ele sorriu ainda mais e emendou – É, mas provavelmente os meus pais ou os meus avós costumavam ouvir alguma big band romântica nesta situação, ou qualquer outra canção, bem se é que escutavam alguma coisa, claro, além de fumar e fumar e fumar, naquele chavão tão adorável da vida comum de filmes antigos.

Ela o olhou feliz e respondeu, linda - Olha, pode parecer a coisa mais ridícula que você já ouviu nessa sua vidinha besta. A coisa mais cafona e sem noção, porém, meu querido, pode apostar que nada é improvável num momento como esse. Nada. Improváveis? Somente nós podemos ser. Somente nós.



Photo by Scott Snyder from Free Images


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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
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