Pular para o conteúdo principal
LET´S TALK ABOUT SEX, PAIN AND LOVE...

LET´S TALK ABOUT SEX

Ela adorava provocá-lo. Simplesmente adorava. Adorava deixá-lo com cara de bobo, com cara de paspalho, com cara de idiota, com cara de desejo, com cara de espanto, com cara de tesão, enlouquecido. Ela adorava isso. Ele também.

Ela fazia caras e bocas e mostrava discretamente a ele a sua língua e exibia a sua têmpora ligeiramente molhada de suor e de vontade e de amor e fazia questão que ele percebesse o leve tremor nas suas mãos. Um tremor pós-beijo, um tremor pré-gozo, um tremor leve e gostoso, como deve ser todo bom amor.

E ela adorava fazer cara de menininha perdida, de garota inconseqüente, de mulher perdida, de devassa apaixonada. E ele também, simplesmente adorava tudo isso.

Como num jogo de gato e rato, como num jogo de esconde-esconde, pega-pega, toque de mãos, beijos molhados. Como num jogo de amor. Simplesmente isso. Amor entre dois jovens enlouquecidos e apaixonados.

E o saguão do Hotel Varsóvia parecia uma grande viagem de vinho, entre saias erguidas, calças abertas, beijos molhados e amor, muito amor incontido.



LET´S TALK ABOUT PAIN

Ela detestava brigar. Simplesmente detestava. Odiava deixá-lo com cara de medo, com cara de dor, com cara de idiota, com cara de sofrimento, com cara de espanto, com cara de decepção, enlouquecido. Ela detestava isso. Ele também.

Ela não fazia caras e bocas e tentava não mostrar a ele os seus olhos e a sua têmpora ligeiramente molhada de suor e de vontade e de pavor e fazia questão que ele não percebesse o leve tremor nas suas mãos. Um tremor pós-briga, um tremor pré-choro, um tremor forte e desgostoso, como não deve ocorrer (mas sempre ocorre) em todo bom amor.

E ela detestava a cara dele de menininho perdido, de garoto inconseqüente, de homem confuso, de incompreendido apaixonado. E ele também, simplesmente detestava fazer tudo isso.

Como num jogo de gato e rato, como num jogo de esconde-esconde, pega-pega, empurra empurra de mãos, beijos evitados. Como num jogo de raiva e dor. Simplesmente isso. Raiva e dor entre dois jovens enlouquecidos e (não mais) apaixonados.

E o saguão do Hotel Varsóvia parecia uma grande viagem de tequila barata, entre cabelos arrepiados, fotos rasgadas, beijos esquecidos, e lágrimas, muitas lágrimas incontidas.



LET´S TALK ABOUT LOVE



Precisa falar alguma coisa…?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PASSE-ME O SAL PARA EU BOTAR NA SOBREMESA?

- Não há nada a desculpar – ele disse pouco tranquilo, muito mentiroso, entre os copos de vodka, as mesas e o barulho do Clube Varsóvia, tentando desviar do olhar adorável, inesquecível e maravilhoso daquela garota à sua frente. Ele a amava. Ela o olhou com ternura e amizade e fez um carinho breve e gentil no seu cabelo. Por instantes, breves instantes, ela lembrou de todo o afeto e paixão que sentiu por ele no passado. Todo o carinho, o afeto e o amor que sentiu por ele em um passado não tão distante. Como foram felizes. - Fica tranquila – ele disse e continuou - Nada a desculpar mesmo. Tudo em ordem do meu lado – ele prosseguiu – Você gosta de MPB mesmo. Eu detesto – completou, com um sorriso. - Você mente mal. Muito mal mesmo sabia? Quase um canastrão – ela brincou e continuou – Esqueceu que te conheço há um tempinho? - Muito tempo? – ele perguntou, tentando disfarçar, enquanto acendia um Marlboro – Dentre as mentiras da vida, duas nos revelam mais – recitou, citando a antiga c...

TEMPESTADES DE NATAL

Ela acordou de repente, com um grito. Era madrugada e ela acordou absolutamente assustada. Estava suada e sua cama completamente encharcada. Suor frio. O pesadelo havia sido insano. Era preciso ter nervos de aço para dormir naqueles dias. Nervos de aço. E ela levantou da cama tremendo. Foi direto para a cozinha, se é que há diferença entre o quarto e a cozinha naquela porra de apartamento em que ela morava. Ou se escondia? Ao lado do filtro de água pegou um copo americano. Abriu o armário e encheu de conhaque. Não conhaque dos bons, claro. Ela não tinha grana para este tipo de luxo. O máximo que ela conseguia comprar era algum destilado vagabundo, sempre dos mais baratos. Sempre dos mais escrotos. Seu fígado já nem se importava. Ele estava pouco se fodendo com o líquido, o cérebro queria o efeito. Sentou à mesa e pegou seu maço de cigarros. Os cigarros sim, mais caros do que o usual. Morrer de tédio ou morrer de vodka barata ok, mas se é para morrer de câncer causado por cigarro, que...

NOSSO SUOR SE MISTUROU DEMAIS...

- Nosso suor, se misturou demais ... – ela cantarolou baixinho. Bem baixinho, emitindo sinais, mas não de propósito. Ele ouviu e respondeu de pronto – Música antiga, hein? Está ficando saudosa ou velha mesmo? – perguntou grosso, tosco, otário, como sempre fez, sem desviar os olhos do seu jornal. Ela apenas sorriu. Sabia que ele não era assim. Ele apenas se fazia – e gostava muito disso - de filho da puta. - Canção antiga. Vintage total. Vintage total. Mas vintage tá na moda , não é mesmo? – ele emendou – Veja o bando de velhos ouvindo discos de vinil por aí. - Você é um babaca – ela respondeu. Ele apenas sorriu. Tinha certeza disso. - Nosso suor, se misturou demais ... – ela cantarolou novamente. Desta vez não tão baixinho, não tão tímida. Não tão baixinho, nem um pouco tímida. Forte. Segura. Decidida. Sabia o queira, mas não achava o alvo. - Também acho – ele concordou, fechando o jornal com média força e suspirando forte – E não sei exatamente o que fazer. D...