Pular para o conteúdo principal

CORTINAS VERDES


Ela o puxou pelo braço com um sorriso meio malvado e muito apaixonado e abriu a última porta do apartamento.

- Pronto. Este era o cômodo que faltava você conhecer. Gostou do apartamento? É pequeno, porém eu gosto – perguntou ansiosa.

Ele abriu um enorme sorriso e disse – Ah, é o seu quarto? Adorei. Adorei muito o seu apartamento, principalmente o sofá vermelho da sala e estas cortinas verdes aqui no quarto. Lindas. Ah, e também amei aquele pequeno móvel antigo ali ao lado da cama, perto do armário branco – disse apontanto para um móvel bastante colorido, cheio de pinturas simbólicas e rústicas em azul e verde - Onde, suponho... – ele prosseguiu – Você deve acender as suas velas aromáticas, - que, por sinal, já estão acesas - os seus incensos, fazer seus pequenos rituais de paz e, enfim, colocar o seu Ipod para ouvir determinadas canções românticas enquanto sonha na cama. Sorriu. 

Ela o olhou com intensidade.

Ele tremeu de nervoso e disse – Tem cheiro de jasmim este quarto. São teus vestidos ou as velas aromáticas? – perguntou.

- Amei que tenha vindo de tão longe, mas de tão longe mesmo, para apenas conhecer um pequeno apartamento – ela disse, com a voz trêmula – Não precisava. Fiquei feliz.

Ele abriu de leve os lábios e a encarou como poucos – Não vim para conhecer apartamento nenhum, você sabe – afirmou para depois retirar suavemente os seus óculos de aro escuro e os colocar numa prateleira próxima; soltar os seus cabelos negros; e, segurar com firmeza os seus ombros desnudos e mal cobertos pelo vestido de verão lilás que ela estava usando.

Ela mordiscou os lábios de leve, com um breve tremor.

Ele repetiu o gesto, tremendo um nada leve tremor.

Ele a trouxe forte para perto do seu rosto com cheiro de pós-barba de hortelã, segurando ainda firme em seus ombros e a beijou com paixão. Muita paixão.

Beijaram-se e abraçaram-se como jamais imaginassem realmente estar vivendo aquele momento tão perfeito, tão intenso, naquele cenário de cortinas verdes. Finalmente.

As mãos dele deixaram os ombros dela e, lentos, suaves e atrevidos, sem permissão, invadiram o tão sonhado decote daquele vestido lilás que ele tanto adorava. Queria saber a leveza e a suavidade do que este decote mágico escondia. Adoravelmente escondia. Queria saber imensamente a textura de tê-los nas mãos. Ela se entregou. Ele ainda mais. Abaixou o seu vestido e foi se ajoelhando, enquanto ela lhe acariciava os seus cabelos curtos. Ele desceu lento, nada veloz, apenas beijando carinhosamente todo o corpo dela, ignorando, porém, a lingerie de cor preta de renda fina que ela estava usando para ir direto às suas coxas e joelhos perfeitos. Coxas e joelhos perfeitos. Macios. Ela não resistiu, resolveu contra atacar. Ele deixou.

...

O que aconteceu depois?

O que aconteceu depois?

...

Apenas as lindas cortinas verdes do quarto e o sofá vermelho disposto na sala daquele apartamento testemunharam o que aconteceu ao longo da madrugada e, com certeza, vão guardar segredo eterno. E, óbvio, as outras testemunhas também, como o vestido lilás atirado no chão, as retinas de ambos, o olfato e os corações daqueles dois apaixonados derretidos.


Comentários

Lô disse…
Um dos contos que deram o "start" a tudo... Lindíssimo... como sempre.

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
O GUARDA SOL COLORIDO - Ei, olhe por onde pisa – ela gritou, a tempo de evitar que aquele garoto com cara de perdido esmagasse os seus novos escuros escuros. Ele a encarou meio sem jeito e sem saber o que estava acontecendo e não respondeu nada. - Não olha por onde anda não? – ela prosseguiu, agora mais calma, mas ainda querendo briga. - Desculpa, desculpa. Mas também, porra, convenhamos que não dá para ficar largando óculos de qualquer jeito numa praia lotada né? Qualquer idiota como eu, por exemplo, pode pisar neles – retrucou, sorrindo. Ela o olhou com atenção e reparou como ele era lindo. Muito bonito mesmo. Claro que não aquela beleza normal, de capa de revista, afinal isso só acontece nas merdas das novelas e tal, ele era apenas dono de uma beleza que a agradava e muito. Ele era dono de uma beleza absolutamente normal, absolutamente simples, absolutamente cotidiana. - Então, tô desculpado? – ele perguntou, querendo rir da situação. - Relaxa, cara. Eu é que ando estres
APENAS UM MOMENTO TOLO (E APAIXONADO) - Sabe o que quero? – ele perguntou, enquanto olhava bem para ela. - Não – ela respondeu, irônica. - Seus beijos e tudo mais – ele disparou, direto. Ela sorriu o mais doce dos sorrisos e abriu seus braços, devagar, como o encorajando a beijá-la por horas e horas e horas. E ele assim o fez. Aproximou-se com desejo e vontade e paixão e beijou aquela garota com toda a saliva e amor do mundo. E enquanto a beijava, suas mãos percorreram cada milímetro dos seus cabelos, do seu rosto, do seu corpo. E ele a beijou com vida, como se aquele momento fosse um dos mais importantes do mundo para ele. E não era? Claro que sim. Claro que era. A grande confirmação do amor para ele. A grande constatação do amor para ela. E a vida é tão melhor quando se ama assim... como dois adolescentes... Não concordam???