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TEMAS E TEOREMAS


- Escrever? Escrever sobre o quê? – ele perguntou surpreso, preso por ela na porta do Clube Varsóvia.
Ela sorriu, fingiu pensar e respondeu – Escrever sobre nós? Que tal? Bom tema? – perguntou.
Ele ficou confuso, atrapalhado.
Sem graça.
Totalmente sem graça.
- Tema de malucos. Só se for – ele disse – Te conheço há tempo suficiente para conhecer os seus temas. Nunca nada bons. Nunca nada bons
Ela caiu na gargalhada.
Acendeu um cigarro.
- E você ainda ri? – ele emendou.
- Não sorrio não – ela respondeu com um dos seus mais deliciosos sorrisos. Cínica como poderia ser.
- Não? – ele perguntou.
Ela sorriu novamente.
O abraçou com força. O cigarro acesso não era nicotina.
Não, não era.
- Quer que eu conte sobre as garrafas quebradas, sobre os vinis lapidados, sobre os bilhetes mal escritos em para-brisas vagabundos, sobre os porres atrás do sofá na sala dos seus pais, sobre os champanhes baratos abertos em réveillons deliciosos, sobre os cigarros mal fumados no Clube Varsóvia, sobre nossos porres em mesas de bar madrugadas afora, sobre a nossa alegria quanto a tudo isto? Sobre nós? Sobre isso devo escrever? – perguntou direto.
Ela sorriu seu sorriso mais belo e respondeu – Sim. Sobre isso. Sobre tudo isso. Bons temas. Bom tema. Nós.
E ela reclamou da primeira gota de chuva caindo.
Ele também.
Decidiram entrar no Clube Varsóvia.
A noite?
Foi de dança, confissões, beijos, cigarros, bebidas e muito, mas muito amor em comum.
Muito amor em comum...
Teorema:
"proposição que se demonstra por dedução lógica a partir de proposições já demonstradas ou admitidas como verdadeiras"

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,