- Não entendi – ela disse sincera, serena, direta.
Toda sincera.
Toda ela.
Apenas ela.
Apenas toda ela.
E ele?
O mesmo de sempre.
O mesmo.
Ele a encarou com espanto.
Muito espanto.
Muita surpresa.
Muito medo.
Muito tudo.
Muito tudo.
- Não? – ele disse – Não entendeu? – finalizou em finalizar. O que ele sempre fazia muito e muito bem.
Ela sorriu sarcástica e deu de ombros e respondeu – Não. Não entendi. Simples assim.
- Espera. Deixa eu te explicar em poucas palavras – ele disse e prosseguiu – Você disse que me ama, mas não me quer, disse que me ama, mas me traiu, disse que me quer, mas não me quer, disse que sim, mas quer o não, disse que gosta de Smiths, mas odeia o Morrissey, enfim, o que você quer dizer? – ele perguntou verdadeiramente aflito, verdadeiramente surpreso, verdadeiramente confuso. Verdadeiramente ele.
- Eu quero você – ela respondeu seca e direta e continuou – Mas apenas você. Você mesmo, não o resto todo.
Ele levou as mãos à cabeças e suspirou.
- Deus - resmungou.
Ela sorriu e disse – Ainda bem que você não acredita em Deus. Ainda bem.
Ele apenas sorriu. Estava diante da mulher da sua vida.
Da sua vida...
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