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DEE DEE


- Você não gosta de Sinatra? – ele perguntou surpreso.
Ela sorriu seu sorriso mais lindo, mais fofo, mais terno e amplo e deu mais um gole da sua vodka.
Ele pareceu surpreso – Mas que tipo de pessoa não gosta de Sinatra? Não entendo – Mafioso, bonito, cantor, cool, enfim, tudo de bom. E usava uns ternos e chapéus lindos. Grafite. Fora as mulheres com quem saiu.
- Bonitão você é cego ou não me conhece? – ela respondeu – Está vendo a minha camiseta surrada aqui?
Ele sorriu.
- É, está bem surrada mesmo.
- Muito uso, otário.
Ele sorriu, sem graça.
- O que está escrito nela? – ela perguntou cínica.
Ele sorriu como um bobo e respondeu tímido – Dee Dee Ramone. Sou um idiota mesmo.
Ela sorriu – Não é não. Apenas deixa as pessoas levarem a sua vida e gosta de Frank Sinatra e dos Ramones também. Sujeito difícil você. Muito difícil.
Ele assentiu com a cabeça e disse – Sou mesmo, mas sabe de uma coisa?
Ela negou com a cabeça e esperou a resposta dele.
- Fly me to the Moon – ele disse – Esta canção é linda. Adoraria dança-lá com você.
Ela sorriu desajeitada e disse - Eu não gosto.
- Mas gosta de dançar certo? – ele provocou – E adoraria meu perfume no seu colo.
- Sim – ela respondeu sem graça.
- Depois dançamos um punk. Você vai ser minha punk rocker.
E caíram nos risos.
Lindos e jovens.
Jovens?
Nem tanto, mas sempre aos sorrisos.
Sempre.


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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,