Pular para o conteúdo principal
CHICLETES, APENAS CHICLETES

Ela era apenas uma garota normal. Uma garota normal que adorava uma vida normal, principalmente a SUA vida normal. Ela curtia bastante música normal, filmes normais, roupas normais, bebidas normais, cabelos normais, garotos normais... bem, na verdade eu creio que isso não. Não exatamente. Ela até podia adorar e curtir garotos normais, porém, infelizmente (será?), ela sempre se envolvia e se apaixonava e gritava e sofria e chorava e enlouquecia de amor pelos garotos errados. Pelos garotos nada normais.

E mesmo nessas horas, eu bem me recordo, ela ainda tentava acertar, mantendo por perto a lembrança do que a sua velha avó Zilda lhe dizia, nas distantes e amareladas tardes de domingo na sua sala de estar: “Ninguém é muito normal mesmo, minha querida, qual o problema em cometermos pequenas loucuras?”. Nenhum – ela concordava – Nenhum, mas o meu problema não é o de cometer pequenas loucuras. O meu problema, saco, o meu grande problema, é sempre o de cometer grandes erros, grandes besteiras, grandes bobagens, como, por exemplo, acreditar em amor e em garotos errados.

E como isso jamais mudou, ela aprendeu a viver e assim se entendeu. Passou a viver. Passou a viver apenas como uma garota normal. Uma garota normal que passou a adorar todos os minutos da sua existência normal.

A única coisa que ela não queria era sofrer por todos os “diferentes” cretinos que já cruzaram e que ainda iriam cruzar a sua vida e que acreditam, de verdade, na doença da normalidade – Mas também, foda-se, se isso é viver, isso é inevitável – pensava.

No fim das contas, ela apenas queria que todos os dias da vida de todas as pessoas fossem como chicletes.

Chicletes de bola, chicletes saborosos, chicletes repetitivos, chicletes gozados, chicletes gostosos... apenas chicletes. Simples chicletes, para que a sua vida parecesse como a de todos os outros... apenas uma vida normal.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
NÃO SERIA LEGAL? FAZER PARTE DE UM FILME DE AMOR... - Beatles? - ela perguntou. - Não - ele respondeu, rindo. - Não sei então. - Vai desistir fácil assim? - ele provocou. - Claro. Você acha que você vale tanto a pena? - ela disparou com um sorriso, retribuindo a provocação e brincando como uma menina. - Você é que tem que me responder isso - ele disse. - É? - ela perguntou. - Claro. - Não sei então. - Não sabe o quê? - Se você vale tanto a pena assim. - Achei que eu pudesse valer. - Nem sei por que estamos discutindo isso - ela disse. - Nem eu - ele respondeu, desenhando o nada com os pés descalços na areia gelada. - Deixa eu te dizer uma coisa - ela falou. - À vontade. - Existe algo mais sensacional do que este pôr do sol que você está testemunhando aqui nesta praia? Este pôr do sol de um dia de outono. Nem bem frio, nem bem quente, porém, extremamente doce. - Claro que existe - ele retrucou. - Ah, existe? Posso saber o quê? - Se este momento fizesse parte de um filme, de que gênero s
E QUEM DISSE QUE AS COISAS NÃO PODEM SER ASSIM? APENAS SIMPLES... - Pára! Ela ouviu a frase e virou a cabeça rapidamente. Queria saber de quem era aquela voz doce e suave, porém firme e ligeira, que havia dito a tal palavra para ela. - Pára! Assim – ele repetiu. Ela encarou o dono da voz com uma certa irritação. Apenas para disfarçar. Ele era lindo. Olhos escuros, cabelos pretos longos, um queixo quase barbado, regular e quadrado, e um sorriso sensacional. Estimulante. Aparentemente sincero e interessante. Ela apenas o encarou em silêncio, agora sem qualquer irritação disfarçada. Ele sorriu simpático, querendo quebrar o gelo – A posição do seu rosto daria uma foto. Um retrato lindo, sabe? Por isso pedi, quer dizer, quase mandei, né? Você ficar parada. Queria congelar o momento. Ela segurou um sorriso, apenas para querer parecer ser um pouco mais teimosa. Um pouco mais difícil. Ele ofereceu uma bebida. - Não sei o que está bebendo – ela disse – Como posso aceitar? Ele continuou com o co