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TODAS AS CORES REFLETEM AS DORES

Havia ratos correndo sem parar, pelo asfalto ainda úmido com a maldita chuva quente que desabou durante toda a madrugada. Já fazia mais de uma hora que havia chovido. A umidade quente e presente nos poros da calçada e nos poros do maldito asfalto era como veneno. Um doce e suave veneno, capaz de matar o mais “corpo fechado” dos mortais. Aquele pobre coitado com o coração fechado para o sorriso, para a dor, para, enfim, o que for. Apenas os ratos, as baratas, a sujeira, as guimbas amassadas de baseados mal fumados, as pulgas, os cacos, os destroços, enfim, apenas o lixo e o que não importava e o coração fechado podia com toda aquela umidade.

A noite era cinza; a lua, encoberta, amarela; a lágrima, presente, escura; a raiva, abafada, barbante; a dor, evidente; tão branca; a saudade, suave, azul; o amor, destruído, vermelho...ferido de morte. Como se não houvesse mais amanhã.

E ele estava lá...com os ratos, o asfalto, a dor, a madrugada...apenas chorando.


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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
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