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PERFUMES QUE ESCAPAM (QUANDO SEUS VIDROS SE QUEBRAM)

O bar estava lotado. Bem, na verdade ele estava mais do que lotado, ele estava no limite do suportável. No limite tênue do suportável. Cheio de pessoas, risadas, sorrisos, bebidas, cigarros, sonhos, mentiras, verdades, desejos, frustrações, energias, música, perfumes, perfumes, perfumes, perfumes...

Ele estava encostado no balcão, tomando uma cerveja qualquer. Não era, com certeza, o dia mais feliz da sua vida. Ele estava sozinho e cansado de pensar em todas as besteiras e bobagens que disse e ouviu dela. Todas as besteiras e bobagens que ambos fizeram. Cúmplices num amor descuidado, cheio de rastros, lágrimas, decepções, mas muitos, muitos sorrisos.

Ele olhava a multidão e não sabia direito, a razão de estar encostado no balcão daquela espelunca de bar. Melhor do que ouvir baladas tristes no aparelho de som da sala – ele pensou, sem firmeza.

De repente, em meio a toda aquela vida que girava ao seu redor, ele sentiu um delicado e adorável odor invadindo, penetrando, arruinando a sua vida.

Olhou para todos os lados como desesperado. Sem rumo. Como louco. Queria saber se ele podia ter tanta sorte – ou seria azar? – refletiu. Queria saber se era ela.

Percebeu que o perfume era o mesmo. A garota não...

Pagou a conta com rapidez e foi para casa na carona de lágrimas contidas. Estava pronto para ouvir baladas tristes no aparelho de som da pequena sala do seu apartamento... de preferência, sem nenhum odor. Sem nenhum aroma. Apenas com o sabor do fracasso.

Algo mais do que usual para as suas madrugadas. Mais do que usual...


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NUCA

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