BLACKBIRD
Eles estavam tranqüilos, sujos, quietos, lado a lado, ombro a ombro. Apenas deitados. Apenas amigos.
Eles estavam jogados na areia úmida, ouvindo o barulho do mar e tendo como varanda particular o nascer do sol. O nascer do sol, esse eterno cartão postal.
Postcard para crianças, postcard para drogados, postcard para dementes, postcard para apaixonados, postcard para encurralados, postcard simples, totalmente embaralhado por gigantescas doses de cerveja.
Mas o nascer do sol era apenas paisagem e o silêncio, o verdadeiro vilão, era o culpado. Rompido apenas por Netuno.
E eles estavam sedentos, sebentos, inquietos, lado a lado, ombro a ombro. Coitados.
O verão havia chegado ao fim há meses. A praia ficaria durante todo o resto daquele dia como estava naquela hora do amanhecer: vazia.
E o sol nascia belo e longe, bem longe, enquanto a noite fazia força para não ser vencida.
Eles permaneciam quietos, ouvindo o barulho do mar.
- Olha – ele disse, apontando um pássaro negro e lindo, pousado na areia e cantando algum réquiem afinado para a madrugada.
- Que lindo – respondeu ela, doce, erguendo um pouco, mas muito pouco, a sua cabeça toda envolta em areia para observar aquele pássaro.
- Ele está machucado, não? – ele perguntou.
- E quem não está? – ele retrucou, deixando de olhar o pássaro.
- Tem uma canção dos Beatles que eu adoro – ele disse, animado – Blackbird.
- Nunca ouvi – ela retrucou.
- Mas precisa, sabia? Tem um trecho que é ideal para quem vive machucado – ele continuou – Diz mais ou menos assim – “Blackbird cantando na morte da noite / Pegue suas asas quebradas e aprenda a voar / Toda a sua vida / Você apenas estava esperando este momento para se levantar ... Toda a sua vida / Você apenas estava esperando este momento para ser livre”.
Ela ficou em silêncio por breves instantes e perguntou – Será que somos nós?
Ele não respondeu, preferiu o silêncio, enquanto o pássaro negro abria suas asas e começava a voar...
Eles estavam tranqüilos, sujos, quietos, lado a lado, ombro a ombro. Apenas deitados. Apenas amigos.
Eles estavam jogados na areia úmida, ouvindo o barulho do mar e tendo como varanda particular o nascer do sol. O nascer do sol, esse eterno cartão postal.
Postcard para crianças, postcard para drogados, postcard para dementes, postcard para apaixonados, postcard para encurralados, postcard simples, totalmente embaralhado por gigantescas doses de cerveja.
Mas o nascer do sol era apenas paisagem e o silêncio, o verdadeiro vilão, era o culpado. Rompido apenas por Netuno.
E eles estavam sedentos, sebentos, inquietos, lado a lado, ombro a ombro. Coitados.
O verão havia chegado ao fim há meses. A praia ficaria durante todo o resto daquele dia como estava naquela hora do amanhecer: vazia.
E o sol nascia belo e longe, bem longe, enquanto a noite fazia força para não ser vencida.
Eles permaneciam quietos, ouvindo o barulho do mar.
- Olha – ele disse, apontando um pássaro negro e lindo, pousado na areia e cantando algum réquiem afinado para a madrugada.
- Que lindo – respondeu ela, doce, erguendo um pouco, mas muito pouco, a sua cabeça toda envolta em areia para observar aquele pássaro.
- Ele está machucado, não? – ele perguntou.
- E quem não está? – ele retrucou, deixando de olhar o pássaro.
- Tem uma canção dos Beatles que eu adoro – ele disse, animado – Blackbird.
- Nunca ouvi – ela retrucou.
- Mas precisa, sabia? Tem um trecho que é ideal para quem vive machucado – ele continuou – Diz mais ou menos assim – “Blackbird cantando na morte da noite / Pegue suas asas quebradas e aprenda a voar / Toda a sua vida / Você apenas estava esperando este momento para se levantar ... Toda a sua vida / Você apenas estava esperando este momento para ser livre”.
Ela ficou em silêncio por breves instantes e perguntou – Será que somos nós?
Ele não respondeu, preferiu o silêncio, enquanto o pássaro negro abria suas asas e começava a voar...
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