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NA MADRUGADA,AS LUZES SÃO TÃO FRACAS

Ele tocava os teclados do seu piano como se estivesse esmurrando alguém. Na verdade, ele não estava tocanado nada. Estava apenas socando as notas, socando o desejo, socando os seus sonhos, destruindo a sua vida frustrada cheia de dor. Não havia música. Havia apenas dor.

Em cima do piano não havia mais espaço para as latas de cerveja amassadas, as fotos jogadas e os cinzeiros sujos. As sobras dos cigarros transbordavam, como se fossem afogá-lo. Como as lágrimas que insistiam em pular dos seus olhos azuis.

Ele socava o piano.

E nas suas mãos, havia sangue do esforço repetido. Na sua mente, havia o olhar dela, lindo. No coração, havia um vazio. Na boca, o gosto do seu batom.

Amor impossível.

Como ele pôde perceber (tarde demais) que ELA era a mulher da sua vida?

Tarde demais... tarde demais.

A mulher do seu melhor amigo.

Na sua mente havia apenas medo.

Na madrugada? Nem as estrelas ousaram brilhar.

Nem as estrelas.

E ele apenas tocava piano. Esperando a luz chegar.

...

"It was late last night
I was feeling something wasn’t right
There was not another soul in sight
Only you, only you
So we walked along,
Though I knew there was something wrong
And the feeling hot me oh so strong about you
Then you gazed up at me and the answer was plain to see
’cause I saw the light in your eyes"
(I saw The Light - Todd Rundgren)

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NUCA

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APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,