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O LIVRO DA CAPA AZUL


E ele a via todos os dias.
Todos os dias.
No metrô.
Tomava o metrô todos os dias com ela no mesmo horário.
Mesmo.
Sempre.
Todos os dias.
Todos os dias.
Sabe-se lá qual linha.
Mas ele a via todos os dias
Todos os dias.
Todos.
Sempre lendo.
Sempre lendo o mesmo livro.
E observava cada detalhe daquelas coxas lindas e daquele corpo esguio.
O jeito de folhear as páginas.
Lindo.
Sempre lindo.
Lindo corpo esguio.
Lindo.
E acompanhava a sua leitura em seu livro de capa azul turquesa.
Todos os dias.
Página por página.
E acompanhava o seu sorriso e sua satisfação a cada página lida (ou mal lida, tanto faz).
Adorava.
Linda.
Ela era absolutamente linda.
Linda.
E esguia.
Muito esguia.
E ele a via todos os dias.
E sempre com aquela maldito livro de capa azul.
E hoje ele acompanhou a leitura da última página.
Uma lágrima escorreu dos olhos dela, ao terminar seu livro.
Ele percebeu.
Uma longa lágrima.
Triste fim.
Deve ter sido.
O livro da capa azul.
E ele queria muito deixá-la feliz.
Claro que não conseguiu.
Claro.
Pobre idiota.
Apaixonado por livros de capas azuis e leitoras lindas.
Apenas isso.
Apenas...

 
 
 
 

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NUCA

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