Ele tinha medo dela. Muito medo. Na verdade, ele tinha medo,
porém não medo dela propriamente dita. Ele tinha medo dele mesmo. Medo de fazer
as mesmas besteiras que fez no passado, medo de cometer os mesmos erros que
cometeu no passado, medo de ela perceber o quão babaca ele era, medo de ela
realmente perceber o que ele era. Um idiota. Um verdadeiro idiota e um estúpido
sem autoestima. Um bobo inseguro. Ele tinha medo dela percebê-lo. Medo de falar
com ela. Medo de ela perceber, no seu tom de voz, a sua insegurança. Medo de
ela perceber, no seu tom de voz, sua falta de coragem. Ele tinha medo de falar
com ela. Deus, ele era mais velho. Como uma menina, tâo mais jovem, tão menos
vivida, porém não menos experiente, podia desorientá-lo assim? Ele não sabia.
Apenas ficava ainda mais inseguro. Sentia apenas medo. Muito medo. E o suor
frio, sempre, escorria da sua testa durante as madrugadas quentes de verão. Imbecil insone. Imbecil ínsone...
DISCOS DE VINIL NÃO SALVAM VIDAS? - Discos de vinil não salvam vidas - Bia sentenciou, profana e canalha Nanda abriu os olhos em choque - Não? Como não? - Não, porra. Definitivamente, discos de vinil ou fitas cassete ou ipods ou seja lá o diabo, não salvam vidas. Não. - Você enlouqueceu? - disse Nanda. Bia sorriu um sorriso sinistro, triste, inadequado à felicidade. Adequado ao seu momento. - Claro que salvam. Se você não desistir de se matar ao ouvir Marvin Gaye e Tammi Terrell juntos e cantando apaixonadamente, então não sei o que mais pode te ajudar. - Nhá. Isso é para você, ingênua e esperançosa. - Se eu me fodesse, não me afogaria em etanol barato. Me afogaria em lágrimas ao som de um bom soul dos 60s. Estaria salva. - Que patético. - Você precisa de um choque de realidade. Um choque de vida. Você precisa de cores. = Vai começar. Já te disse para parar - pediu Bia. - Parar nada. Você precisa mesmo. De vida, porra. - Pára de encher. Você está me irritando - disse Bia. - Eu precis
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