Ele tinha medo dela. Muito medo. Na verdade, ele tinha medo,
porém não medo dela propriamente dita. Ele tinha medo dele mesmo. Medo de fazer
as mesmas besteiras que fez no passado, medo de cometer os mesmos erros que
cometeu no passado, medo de ela perceber o quão babaca ele era, medo de ela
realmente perceber o que ele era. Um idiota. Um verdadeiro idiota e um estúpido
sem autoestima. Um bobo inseguro. Ele tinha medo dela percebê-lo. Medo de falar
com ela. Medo de ela perceber, no seu tom de voz, a sua insegurança. Medo de
ela perceber, no seu tom de voz, sua falta de coragem. Ele tinha medo de falar
com ela. Deus, ele era mais velho. Como uma menina, tâo mais jovem, tão menos
vivida, porém não menos experiente, podia desorientá-lo assim? Ele não sabia.
Apenas ficava ainda mais inseguro. Sentia apenas medo. Muito medo. E o suor
frio, sempre, escorria da sua testa durante as madrugadas quentes de verão. Imbecil insone. Imbecil ínsone...
leia e ouça: surf curse || freaks “...Don't kill me just help me run away From everyone I need a place to stay Where I can cover up my face Don't cry, I am just a freak I am just a freak I am just a freak I am just a freak…” (Surf Curse || Freaks) Quando você vive, você erra. Todos nós. Todos. Todos nós erramos, de um jeito ou de outro. Faz parte. Quem nunca errou? Quem nunca? Só quem não viveu. Quando você vive, você se expõe e acaba errando, cedo ou tarde. Mente quem diz que nunca errou, uma vez que certamente também errou em algum momento da vida e tenta negar isso. Eu? Se eu errei, omiti e menti? Sim. Certamente. Muito. Mais do que seria razoável, muito mais do que seria razoável. E só os Deuses sabem como foi difícil e errado e como me arrependo. Arrependimento? Muito. Arrependimento real e verdadeiro. Mas, a verdade é o mais importante. Sempre. E demorei a entender isso. Demorei MUITO. Muita porrada para entender isso. Muita porrada para entender isso. A transparência. ...
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