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A NOITE É (OU FOI) UMA PRINCESA


- Você não entendeu porra nenhuma do que eu disse, não é?– ele perguntou e gritou descontrolado.
Ela sorriu de forma irônica e respondeu – Não? Vá se foder seu otário. Você é um imbecil. Um imbecil completo.  Eu entendi bem a porra toda. Eu entendi tudo. Vai com ela, filho da puta. Vai com ela para a porra da festa.
Ele olhou para o alto e nada disse.
Apenas suspirou.
Suspirou forte.
- O que foi? – ela perguntou - Deixou de ser o bonzão, o cara legal, o super amigo daquela vaca? – disse de forma amarga.
- Você não entendeu merda nenhuma do que eu disse – ele repetiu menos descontrolado – Ela apenas quer minha companhia. Apenas minha companhia. Nada a ver, além disso.
Ela chorou.
Ele não.
- Olha, faça o que você quiser – ela disse - O que quiser. Mas me deixe em paz. Pode ser? – perguntou com os olhos vermelhos, aflitos, desesperados.
Ele quase chorou.
Quase.
- Eu recordo uma canção antiga – ela disse. Dizia assim: “A noite é princesa, caída por mim, no lado do peito secreta solidão... Eu lembro lugares...
- Lugares? - ela completou – quero que você suma. Suma. De verdade. Some da minha vida. Some...
Ele abaixou a cabeça.
Ela nada disse.
- Posso...? – ele tentou.
- Vá se foder e cai fora – ela respondeu. Mais rápida que ele. Muito mais ligeira.
E do nada se fez o mesmo.
Erros de um. Erros do outro.
Erros.
E um frágil amor.
Um frágil amor...
Muito...





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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,