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DORSO


- Posso? – ele perguntou com o grafite na mão.
Ela assentiu com a cabeça e nada disse. Toda nua e deitada na cama daquele motel meio barato, meio caro, mas, ao lado dele. Ao menos ao lado dele. Ao menos juntos.
- Posso mesmo? – ele repetiu a pergunta.
- Claro – ela respondeu – Siga em frente.
E ele, em meio as tatuagens dela que emolduravam as suas costas encontrou o espaço suficiente para escrever o que sentia.
Tudo o que sentia e o que queria.
Ela?
Úmida.
Ele?
Tenso e duro.
- Sabe de uma coisa? – ele perguntou após acabar de escrever.
- Não sei de nada. Fala por favor – ela disse doce e tranquila.
- Escrevi muito, mas nunca escrevi com grafite em costas tão lindas.
Ela sorriu e perguntou – E o que escreveu?
Ele sorriu de novo e disse – Vá no espelho. Veja você.
E ela foi.
E soriu e chorou.
Apenas isso.

DORSO...
1.ANATOMIA parte posterior do tronco humano, compreendida na extensãodas regiões dorsal e lombar da coluna vertebral; costas
2.parte superior ou posterior do corpo de muitos animais; lombo





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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,