TRISTES CANÇÕES EM PRETO E BRANCO
E ele tocava violão muito bem. Tá, não era um mestre, mas tocava com bastante prazer as músicas que ele realmente gostava. Amava tocar e tocar e tocar o seu velho violão. Só não amava mais esse prazer do que conversar com a garota do “fundo” da sala, a sua melhor amiga desde sempre. Ele a adorava. Verdadeiramente. Adorava passar as noites de sábado na casa dela, quando seus pais viajavam, bebendo gim, fumando cigarros, papeando e, claro, tocando violão para ela. Ela pedia as músicas e ele só prosseguia tocando e emendando uma na outra. Ela pedia REM, Smiths, Wilco, o que fosse, e lá ia ele agradá-la com seu dedilhado macio, experimentando um arranjo aqui, outro ali. Mas ele percebeu, um certo dia, que havia mais do que amizade. Havia amor naquilo tudo. Havia um amor maior do que ele seria capaz de expressar em simples palavras. Ele jamais havia sentido algo assim por outra pessoa. Aquele sentimento era amor verdadeiro, na sua forma mais brutal,...