Pular para o conteúdo principal


LINHAS OCUPADAS OU OS IDIOTAS É QUE SÃO?

- Alô - ele disse, assim que atendeu ao telefone
- Alô - uma voz tímida, feminina, respondeu do outro lado da linha - Eu gostaria de falar com o Eduardo. Ele está?
- Quem quer falar? - a voz masculina perguntou
- Uma amiga antiga dele. Ana. Ele está?

Após alguns segundos de silêncio, ele disse, parecendo animado - Ana? Ana? AnaHoney? Do colégio São Carlos? Não acredito...é o Edu que está falando. Você é a Ana? A MINHA Ana?
- Oi - ela retrucou, completamente sem graça.
- Não acredito! Fantástico. Como você está? Bem? Há quantos anos não nos falamos. Que surpresa boa.
- Fiquei feliz que você reconheceu. Feliz mesmo. Como está?
- Bem, bem. E você menina? O que anda aprontando?
Ela hesitou por alguns instantes e respondeu - Nada. Eu apenas estava resgatando alguns amigos antigos. Algumas pessoas queridas. Precisava conversar com elas. Entende? Eu apenas precisava conversar com pessoas amigas. Seu pai me deu esse telefone.
- Fico feliz que depois de todos esses anos você ainda lembre de mim - ele emendou
- Nunca esqueci das pessoas importantes que marcaram a minha vida. Você é uma delas. Já te falei isso.
Ele sorriu sozinho com o elogio e respondeu - Você também querida, você sabe disso. E o que tem feito? Tanta coisa a conversar não?
- Tanta coisa. Tanta coisa.
- Escuta. Posso te ligar outra hora? Vamos marcar um almoço ou algo assim? Agora estou meio complicado por aqui.
- Claro - ela respondeu sem graça
- Eu te ligo então. Beijos. Foi ótimo conversar com você. Beijão. Tchau.
- Tchau - ela respondeu, surpresa.

- Quem era ao telefone Edu? - sua mulher perguntou, no mesmo momento em que ele desligava o telefone.
- Ninguém importante Carla. Uma amiga de uma amiga que queria um telefone de alguém que eu nem lembro mais quem era. Coisas chatas de pessoas antigas do colégio. Vai entender - respondeu, beijando-a suavemente - Quer que eu abra um vinho?

E do outro lado da cidade, Ana permanecia estática, com o telefone nas mãos e com lágrimas nos olhos por ter percebido o fato de aquela ter sido a última conversa entre dois grandes amigos. Entre duas pessoas que já foram tão íntimas e hoje nem sombra disso são. A última conversa dela com um grande amigo. A última...

Ele sequer havia perguntado seu telefone...sequer havia feito essa gentileza...



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,