Pular para o conteúdo principal


DANÇANDO RITMOS DESCONHECIDOS E VISITANDO LUGARES INÉDITOS

- Tudo o que eu quero é ficar aqui sentada, pensando em coisa alguma além desse mar, desse sol, dessa brisa, desse calor...
- ... e desses homens bronzeados maravilhosos que circulam para lá a para cá, não Clarisse? – a interrompeu Melissa, já toda alegre pelos “litros” de cerveja que havia tomado desde que estava na praia.
Sorrindo pela piada da amiga, Clarisse emendou – Não. Definitivamente não estou com a menor vontade de pensar em homens. De qualquer espécie ou natureza ou tamanho ou cor ou, seja lá o que for. Não estou afins. Mesmo.
- Quem diria, a maior destruidora de corações do universo envolta em um manto de ódio e revolta, apenas pelo singelo motivo de ter experimentado um dos mais sensacionais “pés na bunda” de todos os tempos – ironizou.
- Eu não tomei um “pé na bunda” querida. Eu DEI um “pé na bunda”. É bastante diferente. E aquele canalha bem que mereceu – disse, firme, Clarisse.
- Sei. Depende do ponto de vista, não é mesmo? Dar e tomar um “pé na bunda” ganha conceitos distintos, dependendo de como se analisa a questão.
- Você está bêbada – Clarisse disse, ignorando a amiga.
- E você está com dor de cotovelo, como eu nunca imaginei que você pudesse ficar, afinal Clarisse é linda, Clarisse é fofa, Clarisse é meiga, Clarisse é divina, Clarisse não fica sozinha. Jamais – emendou Melissa, enquanto se levantava e corria em direção ao mar, parando e girando de repente para gritar à amiga – Mas você sempre vai ter ao seu redor os seus amigos e as pessoas que verdadeiramente te querem bem...como eu, por exemplo – finalizou, mandando um suave beijo com a palma das suas mãos pequenas.
Ao mesmo tempo em que retribuía o doce beijo, Clarisse disse baixinho, talvez somente para seus próprios ouvidos – Então querida, me ajuda a afastar essa inédita dor, por favor, por favor...



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PASSE-ME O SAL PARA EU BOTAR NA SOBREMESA?

- Não há nada a desculpar – ele disse pouco tranquilo, muito mentiroso, entre os copos de vodka, as mesas e o barulho do Clube Varsóvia, tentando desviar do olhar adorável, inesquecível e maravilhoso daquela garota à sua frente. Ele a amava. Ela o olhou com ternura e amizade e fez um carinho breve e gentil no seu cabelo. Por instantes, breves instantes, ela lembrou de todo o afeto e paixão que sentiu por ele no passado. Todo o carinho, o afeto e o amor que sentiu por ele em um passado não tão distante. Como foram felizes. - Fica tranquila – ele disse e continuou - Nada a desculpar mesmo. Tudo em ordem do meu lado – ele prosseguiu – Você gosta de MPB mesmo. Eu detesto – completou, com um sorriso. - Você mente mal. Muito mal mesmo sabia? Quase um canastrão – ela brincou e continuou – Esqueceu que te conheço há um tempinho? - Muito tempo? – ele perguntou, tentando disfarçar, enquanto acendia um Marlboro – Dentre as mentiras da vida, duas nos revelam mais – recitou, citando a antiga c...

TEMPESTADES DE NATAL

Ela acordou de repente, com um grito. Era madrugada e ela acordou absolutamente assustada. Estava suada e sua cama completamente encharcada. Suor frio. O pesadelo havia sido insano. Era preciso ter nervos de aço para dormir naqueles dias. Nervos de aço. E ela levantou da cama tremendo. Foi direto para a cozinha, se é que há diferença entre o quarto e a cozinha naquela porra de apartamento em que ela morava. Ou se escondia? Ao lado do filtro de água pegou um copo americano. Abriu o armário e encheu de conhaque. Não conhaque dos bons, claro. Ela não tinha grana para este tipo de luxo. O máximo que ela conseguia comprar era algum destilado vagabundo, sempre dos mais baratos. Sempre dos mais escrotos. Seu fígado já nem se importava. Ele estava pouco se fodendo com o líquido, o cérebro queria o efeito. Sentou à mesa e pegou seu maço de cigarros. Os cigarros sim, mais caros do que o usual. Morrer de tédio ou morrer de vodka barata ok, mas se é para morrer de câncer causado por cigarro, que...

NOSSO SUOR SE MISTUROU DEMAIS...

- Nosso suor, se misturou demais ... – ela cantarolou baixinho. Bem baixinho, emitindo sinais, mas não de propósito. Ele ouviu e respondeu de pronto – Música antiga, hein? Está ficando saudosa ou velha mesmo? – perguntou grosso, tosco, otário, como sempre fez, sem desviar os olhos do seu jornal. Ela apenas sorriu. Sabia que ele não era assim. Ele apenas se fazia – e gostava muito disso - de filho da puta. - Canção antiga. Vintage total. Vintage total. Mas vintage tá na moda , não é mesmo? – ele emendou – Veja o bando de velhos ouvindo discos de vinil por aí. - Você é um babaca – ela respondeu. Ele apenas sorriu. Tinha certeza disso. - Nosso suor, se misturou demais ... – ela cantarolou novamente. Desta vez não tão baixinho, não tão tímida. Não tão baixinho, nem um pouco tímida. Forte. Segura. Decidida. Sabia o queira, mas não achava o alvo. - Também acho – ele concordou, fechando o jornal com média força e suspirando forte – E não sei exatamente o que fazer. D...