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TUDO O QUE DEVERIA SER. TUDO O QUE PODERIA SER.
 
- Você vai mesmo viajar? - ele perguntou atônito, bobo, aflito.
Um menino.
Um grande covarde.
Ela o encarou com um carinho antigo mas apenas respondeu de forma direta, simples e seca - Sim. Eu vou. Eu vou viajar. Não vai me ver por um bom tempo.
Ele a encarou de forma assustada, indefesa, incrédula - E nós? - perguntou, ainda mais atônito, ainda mais bobo, ainda mais aflito. Um pobre menino covarde.
Ela suspirou de forma entediante e de saco visivelmente cheio - Nós? - retrucou - Nós? - perguntou quase aos gritos.
Ele apenas assentiu com a cabeça. Nada mais disse.
Ela bufou e disse - Não há "nós" - Não há. Existe eu e você. E você é um babaca. Um tremendo covarde e babaca. Te odeio idiota - finalizou, determinada.
Ele apenas chorou. Não sabia o que responder.
- Existia "nós" quando você ficou com aquela vadia? - ela disparou - Existia? - insistiu - Você lembrou de nós? - completou.
Ele ficou em silêncio. Absoluto silêncio.
A noite era a música.
- Não. Não lembrou - ela retomou - Então querido, não há "nós". Nunca mais. Nunca mais. "Nós" não existimos mais. Seu otário e grande filho da puta.
E restou o silêncio das palavras.
E a noite, esta grande trilha sonora, presenciou como se termina um romance, uma estória de amor. Um conto e tudo o mais.
De forma cruel e direta.
Direta.
Muito cruel.
Tudo o que poderia ser. Tudo o que efetivamente deveria ser.
Não fossem os erros.
Os muitos erros.
Por todos cometidos.

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