E o gato dormia ao lado dela. Na cômoda ao lado da cama. Próximo. Bem próximo. Ronronando baixinho com um ronco fofo. Um ronco fofo. Um amigo próximo sem se importar com a fumaça do seu cigarro. Com seu hálito de vodka barata. Um gato. Um amigo. Lindo, peludo e gordo. Mais gordo do que o necessário. Mais pílulas do que o necessário. Mais álcool do que o necessário. Mais esperança do que o necessário. Mais gato do que o necessário. Mais fumaça do que era preciso. Mais Edu Lobo na vitrola do que o necessário. Mas nunca é demais. Nunca. Mais noite do que o necessário. Mais noite. Muito mais. Menos lágrimas. Não. As lágrimas eram as mesmas. Ela não esquecia. Não. Não esquecia e nem dormia. E chovia. E fumava. E chorava. Muito. Muito. Mas o gato não se importava. Apenas dormia. E os trovões? Apenas um ponteio. Apenas um ponteio. Um novo começo? Pode ser. Pode ser. “Ponteio ... Colocar os dedos sobre ...