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Mostrando postagens de 2004
e eu posso desejar um FELIZ NATAL a todos vocês, que tem o trabalho de entrar aqui e ler as pequenas bobeiras que escrevo? posso e devo... FELIZ NATAL!!! AMO TODOS VOCÊS... nem imaginam o quanto... nem imaginam... beijos prá quem é de beijos abraços prá quem é de abraços...
ROMANCES IDEAIS - Me diz, então? – ele perguntou. - O quê? – ela respondeu. - O que você tem para me dizer – ele disse, irritado. - Nada. - Como assim, porra? – ele explodiu. - Nada. Nada. Nada. - É isso. Desta forma que acaba? – ele insistiu, - Não sinto mais nada por você. Nada – ela finalizou. E mais um romance foi para o inferno. Mais um romance ideal...
NÃO SE INCOMODE COM A DOR DE QUEM É SÓ... Você gosta de escutar a noite? Ela adora. Mais do que seus gatos, mais do que sua música, mais do que seus poemas, suas canções de amor, seus namorados babacas, sua vida pequena, seus sonhos ambiciosos, mais do que tudo. Ela simplesmente adora escutar a noite. Os ruídos, as sirenes, as estrelas, as brigas, os amores, enfim, a noite sempre soou como uma sinfonia para os seus delicados ouvidos. Uma sinfonia quebrada e bêbada, surrada e perfeita. Dentro do apartamento minúsculo com um quarto e sem cozinha, no centro da cidade suja, a noite sempre foi sua (única) melhor companhia. A noite e os seus ruídos de ninar. Você gosta de escutar a noite? Experimente. Mas, por favor, não se incomode com a dor de quem é só. De forma alguma...
GIMME DANGER – GIMME PLEASURE – GIMME LIFE Ela dançava e dançava e dançava. Sem parar. Como se o mundo fosse explodir e somente as lendas sobrevivessem ao caos. E, no meio da pista, tudo o que ela mais queria era ser uma lenda. Sobrevivente do caos. Uma estória de fogo, sangue, sêmem, gozo, batom, rímel, tequila, noite, vampiros, lua, cigarros e canções de amor, canções de horror. E ela dançava e dançava e dançava. Puro desejo. Teenage kicks. Cada passo uma despedida, uma dança solitária de amor e morte e noite. O seu habitat. O seu lugar. O seu mundo. O seu cenário. - Você é linda – ele disse, tentando interrompê-la, apenas para fazer parte do seu transe insano e adorável. Ela o olhou e disfarçou um sorriso, sem nada dizer. - Posso insistir? Você é linda – ele disse, oferecendo um Marlboro e começando a dançar ao lado dela. Ela pegou o cigarro com seus dedos finos e suaves, habituados a tantos ensaios inacabados de piano e agradeceu, meio tímida, meio sexy – Obrigado
VENUS IN FURS Uma cena de cinema. Calor. Quente. Noite. Verão. Nudez. Paixão. Fantasia. Garoto. Garota. Os dois estão nus, enlaçados sobre o sofá, como se fossem um. Clichê moderno e banal e vulgar, mas convenhamos, plenamente usual. Os dois estão nus, trepando e fodendo e se amando sobre o sofá de veludo. Ambos nus, ambos nus, mas ela, em verdade, menos despida do que ele. Well, ao menos no quesito roupa. Há meia, espartilho, corpete, couro e pele. Sapatos de salto alto. Sem sapatos. Ela menos despida, mas não menos excitada. Sente o calor exalar como chuva ácida dos seus lábios, dos seus poros, dos seus dedos, dos seus seios, do seu sexo. Sexo úmido, molhado e ensopado. Tesão é o que ela sente, e o seu corpo vibra e treme, como um acorde psicodélico lindo, emitido por um violino desorientado, desafinado, drogado, Sonic Youth, divino. Ela sente muito tesão. Muito. Ele também. As fantasias são densas, tensas, trêmulas, chiques, vulgares, deliciosas, amorosas, maravil
BICICLETAS NÃO PRECISAM DE TEMPO - Andar de bicicleta? – ele perguntou, quase surpreso, quase sorrindo, quase feliz – A esta hora? Às quatro da manhã? Ela deu um sorriso delicioso e jogou sobre o seu corpo nu apenas uma camiseta surrada do The Clash. Levantou do colchão e disse, baixinho – Exato, mocinho. Bicicleta. Tem hora para isso? – questionou. - Bem, você sabe, não? A cidade é violenta, a madrugada é sempre uma armadilha, e, pior, está chovendo muito – ele disse, enquanto enchia um copo americano com água gelada. - Qual o problema? Tem coisas bem piores do que andar de bicicleta na chuva, não? - E tem coisas bem melhores também, você não acha? – ele insistiu – Como fazer sexo selvagem em cima deste sofá velho. Ela apenas sorriu. - Tudo bem, tudo bem, tudo bem – ele repetiu - Com e por você, eu sou capaz de qualquer coisa. - Vamos lá, então – ela disse, vestindo um casaco e pegando as suas chaves. ... E nos dias de hoje, passado tanto tempo e tantas lágrimas e ta
espantei o mau agouro joguei sobre minha cabeça um copo cheio de conhaque conhaque velho conhaque barato atraí o tédio atraí o velho pulei do prédio prédio velho como toda a minha vida
ENCONTRANDO MOTIVOS PARA TER UM MOTIVO Não havia sol, mas aquele finzinho de tarde estava quente e abafado como há tempos ele não lembrava. Apesar disso, de todo aquele calor de verão insuportável, não havia muitas pessoas na praia. Estranho – ele pensou. Definitivamente, não havia quase ninguém curtindo a brisa do mar naquela tarde suada. De qualquer forma, ele era uma destas poucas pessoas e, porra, ele estava muito feliz com isso. O baseado estava no fim, quase queimando a ponta dos seus dedos. O cd, com as milhares de músicas em mp3 que ele havia baixado, também já estava acabando e o fone de ouvido começava a incomodar. A lata de cerveja jogada na areia, ao seu lado, já era passado há muito tempo. Ele percebeu que mais um dia estava acabando. Não havia sol e a noite começava a querer invadir, de uma vez por todas, aquele cenário de final de tarde. Ele sorriu, feliz da vida, lembrando da noite anterior e de tudo o que havia descoberto e sentiu uma imensa falta
SOMBRA E FUGA Ela estava cansada. Estava tão cansada como jamais havia imaginado estar. Seus pés doíam, suas mãos tremiam, suas veias eram puro destilado tóxico. Sua cabeça nem parecia mais existir. Seus olhos estavam opacos, sem aquele brilho verde que sempre esteve presente. Seus cabelos estavam sujos. Ela estava cansada. Tão cansada como jamais imaginou alguém poder ficar. Seus dedos estavam frios e suados. Suas pernas mal apoiavam seu pequeno e outrora delicioso corpo. A caneta tremia e ela não conseguia escrever nenhuma palavra. Nenhuma palavra. A madrugada era alta. Dali a poucos instantes, talvez o sol, talvez a chuva, pouco importa, iria aparecer e matar a noite. Mais um longo dia para ela. Ela estava cansada. Tão cansada que resolveu sair. Ir embora sem mensagem nenhuma. Ela abriu a porta e foi embora. De uma vez por todas. Sem saber para onde ir, sem saber do que fugir. Sem saber?
I CAN´T IMAGINE THE WORLD WITHOUT ME - Então é isso? – ele perguntou, com um puta sorriso no rosto. Lindo. E como era lindo o seu rosto. Well, lindo de acordo com os pensamentos dela. - Isso o quê? – ela retrucou, cínica. - Isso, oras. Você vem, me atropela com o seu charme, me destrói com esses seus olhos maravilhosos, olhos grandes e brilhantes, com essas unhas vivas, vermelhas, divinas, com essa garrafa de champanhe.. - ... e litros de tequila – ela interrompeu. - Isso – ele gargalhou – Copos e litros de tequila, olhos maravilhosos, charme inevitável, enfim, você me desarma com tudo isso e me deixa aqui nesta cama, nu total, sentindo apenas o delicioso calor do seu corpo gostoso e não vai me dizer mais nada? Não vai querer ficar comigo? Não vai querer voltar? Ela cobriu com o lençol os seus seios pequenos e macios e suaves e tão tocados naquela noite e o olhou bem atenta, sem nada dizer. - Não? – ele insistiu. Enquanto apreciava aquele menino lindo ao seu lado, ela pens
A LUA FLUTUA... Nada pode ser tão belo a ponto de ser confundido com a lua. Nada. Coisa alguma nesta porra de planeta, neste universo tão grande e tão fodido, pode ser tão belo, tão maravilhoso, tão soberbo, tão divino, tão diferente, tão mágico, tão sublime, tão intrigante, tão suspeito como a lua. Cheia, minguante, nova ou crescente. Pouco importa. A lua é a inspiração dos amantes, a motivação dos suicidas, a desculpa dos bêbados, a testemunha dos homicidas. A lua é bela, é amarela, é grande, é eterna, é estranha, é quieta. Serena. Tão bela. A lua é o que não podemos tocar. A lua é o que queremos tocar. A lua é como o amor da garota pela garota. Inatingível e marcante. Sensível e intrigante. A lua é a minha companhia esta noite. Ainda bem...
E QUEM VAI OLHAR PARA TRÁS? VOCÊ? - Então, vamos fazer o seguinte... – ela disse, escolhendo com muito cuidado as suas próximas palavras – ... você me diz adeus de uma forma educada, fina, com muito carinho e gentileza e eu, otária e idiota, saio por esta maldita porta e nunca mais passo perto da sua vida. Combinado? Ele socou o ar, impaciente e impotente, como se falasse aramaico, como se falasse uma língua própria e gritou - Você não entende ou não quer entender? Ela apenas o observou, triste, e saiu pela porta da sala. Sem olhar para trás... sem olhar...
ANA, ALICE E A CHUVA - Vai chover – Alice disse, olhando para o céu cinza e frio. - Tem razão – respondeu Ana – Está muito cinza hoje. - É bom. Faz tanto tempo que não chove, não? E a minha avó sempre dizia que a água da chuva é a melhor para limpar os cantos sujos da casa e da vida. Ana sorriu, confortável com o comentário familiar de Alice, feliz por tê-la por perto, sua melhor amiga de tantos anos, de tantas drogas, de tantas viagens, porradas, amores perdidos, enfim, de tudo o que apenas um melhor amigo pode ser, ver, sentir – Mas pelo menos a chuva pode esperar chegarmos em casa, não? É uma boa caminhada desta praia até lá. - Ah, Ana, deixa disso, e desde quando você derrete com a chuva? Que se foda. Vai ser até bom. O dilúvio vai ajudar os pecadores e, principalmente, evaporar essa pinga da minha cabeça – gargalhou. - Vamos, então? – insistiu Ana. Saltando com rapidez da areia quase gelada, Alice concordou – Vamos, vamos, mas me deixa ir fumando – pediu. - Você e esta
SEXY CHUVA Os vidros estavam embaçados demais, completamente turvos, formando uma redoma protetora, um campo de força, uma película invisível, enfim, um mundo à parte, descolado do nosso, para ele e para ela. Os vidros estavam embaçados demais e era praticamente impossível, de dentro, enxergar as gordas gotas de chuva que desabavam sobre aquele carro parado. E eles se importavam com isto? Claro que não... A chuva gelada e congelada sofria um nocaute técnico quando em contato com o calor que emanava do veículo. O ar estava quente. Quente demais. Quente por beijos, por toques, por carinhos, dedos molhados, por lábios mordidos, peitos suados, corpos aquecidos, línguas, cheiros, bocas, desejos, roupas, falta de roupas, por arrepios. Eles se beijavam como se a chuva não fosse acabar. Como se o mundo fosse explodir, como se a lua fosse gritar, como se a noite pudesse sentir. Ela, molhada. Ele, também. A pele era uma só. Um doce aroma de despudor e delíci
INSISTINDO EM SER TRISTE - É muito mais difícil escrever sobre a alegria do que sobre a tristeza, você não acha? – ela perguntou, parecendo preocupada. Ele a observou por alguns instantes e disse, tranqüilo – Não tenho dúvidas sobre isso. A tristeza é muito mais simples de ser transformada em palavras, em descrições, enfim, é muito mais simples de ser transformada em cenários do que a alegria. A alegria talvez não inspire tanto. Não renda tantos frutos nestas nossas cabeças confusas. - Então, é exatamente por isto que eu escrevo tanto sobre a tristeza. Por ser mais fácil. Quero as coisas mais fáceis para mim. Ele a encarou com desaprovação e disse, baixo – Ué... – ele questionou – Deu para ser covarde agora? - Eu? Covarde? – ela retrucou – Talvez. Você vê algum problema nisso? Algum problema em querer evitar problemas? - Claro que vejo, minha querida, claro que vejo. Você é maior do que estas lágrimas e esta choradeira e esta merda toda. Você insiste em chorar e chorar e chor
SANGUE COLORIDO O gosto de sangue nos seus lábios era tão forte que parecia um vinho ruim. Detergente. O cheiro de cigarros baratos e sujos no ar era tão denso que parecia sufocar. Azedo. O medo era tão evidente que fazia mais do que assustar. Suor. Talvez de todas as coisas surpreendentes que ele viveu, a que mais o assustou foi, sem dúvida, toda aquela cena ocorrida na madrugada de inverno. Tapas na cara dados de forma verbal. Rasgos na carne provocados por palavras certeiras. Arranhões profundos causados por olhares raivosos. Ferimentos, ferimentos, ferimentos. O gosto de sangue nos seus lábios era tão forte que parecia real. O amor estava desfeito. Sem primaveras para poder ressurgir. Fênix? Ora, quem disse que lendas são reais? Quem disse? ... com certeza um idiota ferido e apaixonado, ferido e enlouquecido, ferido...muito ferido.
PEQUENOS DIÁLOGOS II - Há algo que eu ainda possa fazer? - ele perguntou, sem jeito. - Pode sim - ela respondeu. Os olhos do garoto ficaram ansiosos, esperando uma resposta - Vá se foder. Suma daqui e da minha vida e nunca mais me ligue, se possível. Ele não se defendeu. Apenas chorou. Lágrimas tristes em madrugadas de inverno. Pobre idiota...
TROCANDO SORRISOS POR BEIJOS NA BOCA - O que você quer de mim? – ele perguntou, calmo e com um sorriso sereno. Ela apenas sorriu de volta, sem nada dizer. - Não vai me responder? Ou não quer me responder? – ele insistiu, brincando de jogar. - Talvez não, talvez sim. Será que precisamos deste tipo de resposta? Será que realmente precisamos ter este tipo de certeza? – ela devolveu a pergunta. - Não sei. Apenas quero saber se realmente vale a pena estarmos aqui, no Varsóvia, a esta hora da noite, trocando olhares e mensagens subliminares de amor – ele disse – Apenas isso. - Mensagens subliminares de amor? – ela repetiu, surpresa. Ele apenas assentiu com a cabeça, balançando suavemente os seus longos cabelos coloridos, tornando-o, por um breve momento, o homem mais charmoso do universo. - Subliminares? – ela perguntou, mais uma vez – Subliminares? Será que você ainda não percebeu que a coisa que mais quero na vida é estar com você? – ela escancarou. Ele sentiu seu rosto queimar
PEQUENO DIÁLOGO - Você me liga? - ela perguntou. - Para quê? - ele respondeu, direto. Ela o observou em silêncio e murmurou, não querendo chorar - Nenhuma chance?. Ele olhou sem qualquer sensibilidade e disse - Precisamos mesmo disto? - e entrou no elevador, sem olhar para ela. - Eu preciso. Deus, como eu preciso - ela murmurou, agora sem se importar em chorar. Apenas sem se importar.
ASTRONAUTAS E a cama estava totalmente desfeita. Totalmente. Parecia um formidável cenário pós-guerra. Manchas, copos sujos, cera de velas derretidas pelo chão, restos de baseados molhados, roupas amassadas e jogadas, discos sem encartes, aparelho de som ligado, nada tocando. Pós-guerra. Desejo incontido. E ele estava lá, na sacada do quarto do seu apartamento, apenas olhando o corpo adormecido daquela linda mulher extendido sobre a cama deliciosa e sacanamente desfeita. Toda nua. Toda molhada e marcada pelo calor do sexo e da noite. Uma silhueta linda e fugaz. Uma estrela. E as estrelas pareciam tão diferentes naquela noite. Tão lindas. Como se pintadas por astronautas românticos. E ele estava lá, com seu corpo também nu deitado na sacada, apenas observando o seu objeto de desejo adormecido por sobre a cama tão desarrumada. Objeto não, obra de arte. Toda nua. Molhada pelo calor do sexo e da noite. E ele acendeu mais um Marlboro e tragou fundo. B
NOITES SEM BEIJOS Um beijo. Apenas um beijo. Gostoso, afetuoso, molhado, sedutor, quente, úmido, apaixonado, enfim, um puta beijo. Um beijo, com amor ou sem. Era tudo o que ela mais queria naquela noite de lua e de estrela. E enquanto tomava o seu ácido e olhava para o céu, ela pôde perceber como o terraço solitário daquele prédio cinza e velho era acolhedor. Acolhedor como as mãos daquele cara que ela não tinha. A cidade não descansava debaixo do seu olhar severo e magoado. As buzinas gritavam por amores urgentes, amores perdidos, amores carentes, amores desfeitos, amores satisfeitos, por amores inexistentes, por amores, apenas por amores e ela sorriu ao perceber que ninguém sacava o mesmo. Poucos têm este dom – ela pensou – O dom divino e maravilhoso de perceber o amor . E ela lembrou do sorriso lindo e charmoso daquele menino besta que havia lhe dado tchau. Ao invés de chorar, ela sorriu. Coisas de noites de lua cheia. Coisas de noites de lua cheia
...e de todas as coisas mais feias e mais belas do mundo, a única que a fazia sorrir era o mar, pois o reflexo no espelho causava angústia e vontade de chorar... e ele disse "eu não sei fazer poesia, mas que foda". ela concordou com a cabeça e lhe deu um beijo fabuloso, formidável, maravilhoso. ela chorou, sem saber se de felicidade ou tristeza... apenas sem saber...
DROPS COLORIDOS Amarelo, verde, azul, pistache, barbante, vermelho, branco, marinho, bordô, lilás, bege, violeta, todas as cores. Todas as cores. Ela estava entediada, brincando de comer suas balas doces, suas balas coloridas. Ela estava cansada, de saco cheio, querendo que os seus drops fossem tudo aquilo que ela mais queria. Ao menos naquele momento. Naquela madrugada abafada, quente, suada. Ela o queria de volta, mesmo sabendo, no entanto, que jamais daria certo. Não por falta de vontade. Não por falta de tesão. Apenas por falta de ... algo mais? E ela estava perdida entre os seus pensamentos, brincando com o baleiro de alumínio, presente da sua mãe. Depois de algumas pastilhas, ela sorriu feliz. Pouco importava se eles iam dar certo ou não. Pouco importava se ela estava sozinha naquela madrugada abafada, quente e suada. Ela seria feliz. Isto já estava decidido. Ela merecia isso. E no outro canto da cidade, sem nem a conhecer (ainda), ele dirigia o s
AMORES (NA SEÇÃO DE ACHADOS E PERDIDOS) Clube Varsóvia, mesa 01. Madrugada de terça. - Odeio isto, sabia? – ela desabafou no Clube Varsóvia, enquanto virava por entre os seus lábios doces e suaves, um copo de algum destilado forte. - Odeia o quê? Falei algo errado? – ele perguntou, quase assustado. - Cara, você é surpreendente mesmo, mas eu odeio, odeio, odeio, simplesmente odeio isto – ela quase gritou. Ele ficou intimidado, querendo apenas entender – Fiz bobagem? Ela ignorou - Odeio a forma como você me encontrou, me entendeu, me fodeu, me amou, me descobriu. Absolutamente odeio a forma como você invadiu o meu mundo e fez com que eu me tornasse apenas louca e completamente apaixonada por você. Odeio isto. Odeio estar completamente louca por você. - O que eu posso fazer? – ele disse, meio cool, meio sonso. Ela encarou os seus maravilhosos olhos pretos e murmurou – Nada porra. Faça apenas o que já está fazendo, mas não me machuque. E venha perto agora e me dê um beijo espe
ESTAREI AUSENTE POR ALGUNS DIAS... VOLTO LOGO. PEÇO DESCULPAS A MIL E-MAILS QUE NÃO RESPONDI. EM SETEMBRO VOLTO E RESPONDO. I AM SO SORRY AMO TODOS E ADOREI O TEMPLATE!!!
NA MADRUGADA,AS LUZES SÃO TÃO FRACAS Ele tocava os teclados do seu piano como se estivesse esmurrando alguém. Na verdade, ele não estava tocanado nada. Estava apenas socando as notas, socando o desejo, socando os seus sonhos, destruindo a sua vida frustrada cheia de dor. Não havia música. Havia apenas dor. Em cima do piano não havia mais espaço para as latas de cerveja amassadas, as fotos jogadas e os cinzeiros sujos. As sobras dos cigarros transbordavam, como se fossem afogá-lo. Como as lágrimas que insistiam em pular dos seus olhos azuis. Ele socava o piano. E nas suas mãos, havia sangue do esforço repetido. Na sua mente, havia o olhar dela, lindo. No coração, havia um vazio. Na boca, o gosto do seu batom. Amor impossível. Como ele pôde perceber (tarde demais) que ELA era a mulher da sua vida? Tarde demais... tarde demais. A mulher do seu melhor amigo. Na sua mente havia apenas medo. Na madrugada? Nem as estrelas ousaram brilhar. Nem as estrelas.
O AVESSO DO DESEJO Ela estava quieta apenas observando o mar, cenário tão raro em sua vida. Suas mãos deslizavam sobre a areia e seus dedos finos, pequenos, brancos como a neve, deixavam rastros confusos e sem sentido naquele lençol de desejo. Quadro a quadro. Detalhe a detalhe. Romance (feliz ou não). O filme era lindo. Lindo. A cor azul do mar sempre combinou com a cor do céu em estado paranóico. A cor chumbo, cinza, urbana. Ela não percebia ninguém ao redor. Ninguém. Nem alma, nem sombra, nem morte. Estava tão vazia a praia. Tão vazia. Assim como meu coração – ela pensou, inquieta e desconfortável. E pensar que ele já esteve tão cheio – continuou - Tão lotado e preenchido de amor e desejo e paixão e descontrole e passividade e agressividade e carinho e fúria e masoquismo e horror . E hoje? Bem, hoje não. E seus dedos finos e pequenos e brancos como a neve que ela jamais viu ou tocou, continuavam a deixar rastros sobre a areia. Porém, não mais sentido, não
POR FAVOR, USE OS HEADPHONES SO FAR AWAY (CAROLE KING) " So far Away Doesn't anybody stay in one place anymore? It would be so fine to see your face at my door Doesn't help to know that you're just time away Long ago I reached for you, and there you stood Holding you again could only do me good How I wish I could, but you're so far away One more song about moving along the highway Can't say much of anything that's new If I could only work this life out my way I'd rather spend it being close to you But you're so far away Doesn't anybody stay in one place anymore? It would be so fine to see your face at my door Doesn't help to know you're so far away Yeah, you're so far away Traveling around sure gets me down and lonely Nothing else to do but close my mind I sure hope the road don't come to own me There are so many dreams I have yet to find But you're so far away Doesn't anybody stay in one pl
(SONHANDO) APENAS POR QUERER NÃO ACORDAR Sonhos? Sonhos mesmo? Daqueles do tipo conto de fadas? Sonhos assim, dessa natureza? Quem nunca os teve? ... Ela era apenas uma garota anti-película, ou seja, uma garota normal, do tipo que NUNCA se vê nos cinemas. Suavemente doce, dolorosamente comum, estranhamente alegre, sensivelmente simples. Ela era somente uma garota normal. Ele? Não, ele definitivamente não. Ele não era nada normal. Nada mesmo. Ele era seguro, confiante, conquistador, bonito, inteligente, esperto, moderno, educado, grosseiro, arrogante, charmoso, afiado, enfim, um garoto totalmente película, do tipo que SEMPRE se assiste nos cinemas. Ele era obcecado por ela. Ela não gostava de ficar próxima a ele. Ele teve o ego ferido transformado em amor. Ela não. Ela? Ela teve o amor transformado em medo. E jamais ficaram juntos, muito embora ambos quisessem. Desesperadamente. ... Sonhos? Sonhos mesmo? Daqueles do tipo conto de fadas? So
CATACUMBA (for iris...) Ela era simples e tranqüila e suave e gentil. Respirava tranqüilidade. Ela queria amar. Apenas amar. Com toda a sua força, com toda a sua vontade, com toda a sua juventude, com todos os seus medos. Problema de quem não acreditasse nisso. Catacumba não a prende. Catacumba não a afeta. Catacumba não a aquece. Ela queria apenas ser o que sempre foi. Uma pessoa apaixonada por tudo o que lhe dava prazer. Apaixonada pela sua vida. E isso NUNCA é pouco. E se ele não percebia isso, quando olhava no fundo dos seus olhos, well, azar o dele. Perdeu o jogo, a vida, a aventura, o caminho. Sorte dela. O leque de opções estava de novo aberto, conspirando a seu favor. Ela sentiu o coração aquecido enquanto dançava ao ritmo daquele repinique eletrônico. A troca de olhares foi imediata e o leque voltou à sua mente. Sentiu seu coração fervendo. De repente, a noite era a melhor coisa que havia acontecido a ela. Ainda que dentro de uma catacu
BATOM ROSA Ela estava toda desajeitada sobre a cama, sentada em diagonal, toda louca, toda afoita, toda cena, pintando as unhas dos pés. Apenas uma toalha envolvia os seus longos cabelos molhados. A cena era delírio. O esmalte escorria entre os dedos e manchava os seus dedos pequenos, finos, estreitos. Definitvamente, Eva, a manicure da esquina tinha muito mais prática. Mas quem se importava? Ela ouvia uma canção, uma balada. Estava sozinha em casa. O telefone tocou. Insistente. Ela não atendeu. Sabia quem era, sabia o que queria. Ela pouco se importava com quem a chamava. Ela apenas se importava com os seus vinte e poucos anos e com a cor do seu esmalte. Esmalte vivo que deveria, sem a menor sombra de dúvida, apenas combinar com o tom do seu batom rosa.
BLACKBIRD Eles estavam tranqüilos, sujos, quietos, lado a lado, ombro a ombro. Apenas deitados. Apenas amigos. Eles estavam jogados na areia úmida, ouvindo o barulho do mar e tendo como varanda particular o nascer do sol. O nascer do sol, esse eterno cartão postal. Postcard para crianças, postcard para drogados, postcard para dementes, postcard para apaixonados, postcard para encurralados, postcard simples, totalmente embaralhado por gigantescas doses de cerveja. Mas o nascer do sol era apenas paisagem e o silêncio, o verdadeiro vilão, era o culpado. Rompido apenas por Netuno. E eles estavam sedentos, sebentos, inquietos, lado a lado, ombro a ombro. Coitados. O verão havia chegado ao fim há meses. A praia ficaria durante todo o resto daquele dia como estava naquela hora do amanhecer: vazia. E o sol nascia belo e longe, bem longe, enquanto a noite fazia força para não ser vencida. Eles permaneciam quietos, ouvindo o barulho do mar. - Olha – ele disse, aponta
MELT WITH YOU Tudo o que eu quero é um amor sincero, um amor eterno, um amor etéreo, um amor honesto, um amor externo, um amor interno, um amor esperto, um amor deserto, um amor cara de pau, um amor insano, imodesto, narciso, vagabundo, delirante, descuidado, cauteloso, imaturo, generoso, consciente, onisciente, onipresente, enfim, apenas o amor que eu sonho e que você não pode me dar... DESCULPE dizer assim... por carta. Você merecia mais, mas eu não podia te dar. Definitivamente Beijos. Isadora E ele rasgou a merda daquela carta com todo o ódio e fúria e rancor que jamais imaginou sentir. Desabou em lágrimas, derretendo como gelo em asfalto quente. Nem as suas drogas o ajudariam agora. Precisava de... Dela. Apenas dela.
WE COULD SEND LETTERS - Então é isso? – Isa perguntou, enquanto dava um abraço apertado na amiga Ju. - É – Ju respondeu, com os olhos cinzas de lágrimas – E você acha pouco? – continuou, tentando sorrir. Isa ficou em silêncio e apenas encarou-a com seus lindos olhos azuis, agora com as mãos suavemente pousadas sobre os ombros da amiga. - Também não é tão ruim assim, vamos. Estaremos próximas e continuaremos amigas. Grandes amigas. As melhores. Isa sorriu sem jeito e disse, triste – As melhores amigas do mundo. As maiores de todas. As inseparáveis. Ju a observou com ternura e fez um carinho nos cabelos bagunçados a amiga – Inseparáveis mesmo. Inseparáveis. Pode apostar nisso. Mesmo distante um oceano de você, espero que saiba que estou levando muito desse seu jeitinho, desse seu carinho, desse seu sorriso, desse seu olhar comigo. Estou levando aqui comigo. Por onde quer que eu vá. - Os dias vão ser mais cinzas a partir de hoje, mas mesmo assim eu não quero ser dramática e exce
GARRAFAS E VERDADES (QUASE SEMPRE) NÃO COMBINAM Nossa, deve ser meu décimo cigarro essa noite – ela pensou enquanto segurava um cigarro apagado entre seus dedos pequenos e frágeis, divertindo-se do próprio estado de perdição. Foda-se. Vamos continuar. Hey Ho Let´s Go – prosseguiu, enquanto girava a garrafa vazia de vodka sobre a mesa suja de metal daquele boteco indecente e esperava para saber quem faria a próxima pergunta. Bingo. Ela perguntaria. Pergunta: Você não acha que já deu no saco esse papo de que eu te assusto e você quer viver dentro dos limites de segurança e que nós dois juntos precisamos de um tempo? Silêncio e breve resposta: Eu te amo, mas não estou tão pronto assim como você acredita. Babaca – ela pensou – Idiota, babaca, cretino, imbecil, moleque, medroso, inseguro, otário, perdido, canalha. Não vê que isso é conversa mole? Não vê que é apenas desculpa? Clichê de sessão da tarde. Pára com isso – concluiu nervosa, enquanto acendia o tal cigarro
APENAS ELES. O MUNDO EM VOLTA POUCO IMPORTA Eles estavam lá, sentados naquela mesa de bar, absolutamente alegres e felizes e contentes. Apaixonados. Simples assim. Apaixonados como sempre um pelo outro, apaixonados como sempre quiseram, como sempre puderam, como sempre foi. E, de acordo com os seus próprios e generosos corações, como sempre será. E eles estavam lá. Sentados e conversando animadamente sobre todos e sobre nenhum assunto. Sentados e observando apaixonadamente cada detalhe um do outro. Cada detalhe do olhar, da pele, do rosto, dos cabelos, dos perfumes, das mãos, dos lábios, enfim, cada detalhe do seu próprio amor. E os garçons passavam, os cigarros viravam fumaça, as bebidas acabavam, as pessoas mudavam, o bar “acontecia” e eles pouco se importavam, pouco se importavam, pois tinham um ao outro e isso era o mais importante. Naquele e em todos os momentos. - Engraçado – ele disse, divertido, enquanto acendia mais um cigarro mentolado. - O quê? – ela retrucou,
BOBAGENS E ele tinha medo de colocar os pés descalços no assoalho frio (podia haver cacos de vidro no chão) E ele tinha medo de acordar de madrugada (podia não haver luz) E ele tinha medo de encarar o espelho (podia enxergar suas rugas) E ele tinha medo de ouvir verdades (podia perceber quem ele realmente era) E ele tinha medo de perder os amigos (podia ficar sozinho) E ele tinha medo de ser ele próprio (podia ser alguém que ele não gostava)
QUAL O MOMENTO CERTO DE ERRAR? Eles estavam cansados, andando na praia, andando exatamente no melhor lugar do mundo em que se pode estar às cinco e meia da manhã de um dia de verão: no lugar em que as ondas morrem na areia, no lugar em que as ondas terminam a sua deliciosa viagem, no lugar em que as ondas alcançam, finalmente, o seu grande objetivo. Beira-mar... - Você não vai acreditar – ela desafiou, sem graça. - Se você me contar, quem sabe eu consiga – ele retrucou, jogando fora a ponta final que segurava do seu baseado babado. - Na areia não, sua besta – ela gritou, tipo mãe – Joga essa porra no lixo. Ele fez uma cara de irritado e apenas resmungou qualquer coisa, enquanto corria em direção a uma cesta de lixo, perto de um bar. Voltou correndo e disse, quase sem ar – Pronto. Pronto, minha querida Sofia, seu desejo de uma praia limpa já foi atendido, pode continuar o que estava tentando me dizer – ele sorriu. Ela respirou fundo e pareceu estar escolhendo as palavra
dor de cabeça e excesso de coisas para fazer e ausência de barra de cereais e madrugada no trabalho... enfim, tudo isso rendeu um post longo e delicioso: o de baixo. Adorei fazê-lo. Enjoy... espero que curtam...
LET´S TALK ABOUT SEX, PAIN AND LOVE... LET´S TALK ABOUT SEX Ela adorava provocá-lo. Simplesmente adorava. Adorava deixá-lo com cara de bobo, com cara de paspalho, com cara de idiota, com cara de desejo, com cara de espanto, com cara de tesão, enlouquecido. Ela adorava isso. Ele também. Ela fazia caras e bocas e mostrava discretamente a ele a sua língua e exibia a sua têmpora ligeiramente molhada de suor e de vontade e de amor e fazia questão que ele percebesse o leve tremor nas suas mãos. Um tremor pós-beijo, um tremor pré-gozo, um tremor leve e gostoso, como deve ser todo bom amor. E ela adorava fazer cara de menininha perdida, de garota inconseqüente, de mulher perdida, de devassa apaixonada. E ele também, simplesmente adorava tudo isso. Como num jogo de gato e rato, como num jogo de esconde-esconde, pega-pega, toque de mãos, beijos molhados. Como num jogo de amor. Simplesmente isso. Amor entre dois jovens enlouquecidos e apaixonados. E o saguão do Hotel Varsóvia
PERFUME DE CORPOS Perfume de corpos. Esse era o aroma do quarto, daquele quarto apertado e colorido do pequeno apartamento dela. Mas, na verdade, a dimensão daquele minúsculo quarto era o que menos importava naquele instante para os dois sobre a cama. Naquele momento, as bocas eram intensas, as mordidas eram suaves, os lábios eram vários e a saliva era doce. Naquele momento, o que havia era apenas paixão iluminada à luz de velas e lua. Lua cheia e muita paixão e muita vontade de eles serem apenas felizes. Sem lugar para qualquer outro sentimento. Sem lugar para nada. O perfume de corpos naquele colorido quarto do apartamento pequeno dela era intenso, vivo, lindo, adorável, doce e apaixonante. Ela o queria. Desesperadamente. Ele a queria. Desesperadamente. Mãos tocavam peles, tocavam coxas, tocavam nucas, tocavam pelos, tocavam bocas, tocavam pés, tocavam mãos, tocavam lábios, tocavam peitos, tocavam dedos. Mãos suadas. Mãos molhadas. Corpos também. E no meio do suor e do
MAÇÃ...APENAS UMA MAÇÃ... ela estava sentada em frente ao seu computador seu pequeno diário seu pequeno confessionário ela sentia um misto de tristeza e alegria um misto de confusão e nostalgia ela sabia o que queria e o que não queria ela estava contendo as lágrimas como forma de conter o passado mas sua avó sempre dizia: "sem passado, no way dearest child, não temos qualquer futuro. Então use isso em seu favor". e ela deu um leve sorriso quando lembrou disso um leve e lindo e suave sorriso cheio de alegria e então ela decidiu que não iria chorar olhou para seu pequeno notebook seu pequeno confessionário e decidiu começar a escrever o seu futuro e ela estava linda não mais triste comendo uma maçã doce como ela doce e forte como ela... ...
QUEM NÃO PRECISA SER COMUM? Ela trabalhava no Clube Varsóvia há vários meses. Garçonete (ela detestava este termo, mas mesmo em tempos modernos, chatos e politicamente corretos como os de hoje, ainda é assim que são chamadas as mulheres que trabalham como “garçons” ou no exercício de profissão similar). De qualquer forma, fosse qual fosse a sua “profissão”, o fato é que ela trabalhava no Clube Varsóvia há vários meses e isso era bastante tempo. Tempo suficiente para perceber como as pessoas são loucas, psicóticas, insanas, anormais, apaixonadas, verborrágicas, caladas, sentimentais, frias, cruéis, verdadeiras, amigas, tolas, fúteis, interessadas, egoístas, generosas, enfim, toda a sorte e espécie de adjetivo que você possa imaginar na nossa língua portuguesa. E ela adorou ter percebido isso. A solidão e a porra da insegurança, que sempre a incomodaram, deram lugar a uma espécie de esperança. Isso, esperança... quem diria. Pode parecer tolo e idiota e vulgar e clich
PARA GARRAFAS QUEBRADAS, NADA COMO LUVAS DE VELUDO - Então, tá! – ele disse, com a voz delirante, quase todo chapado pelas doses cavalares de vodka, por ele ingeridas naquele boteco cravado no centro da cidade – Então, tá! – ele continuou - Vamos imaginar tudo isso como um grande engano, um grande, um enorme, um monstruoso erro de cálculo. Um mal entendido. Que acha? Vamos encarar as coisas dessa forma? Tudo fica mais fácil. - Para quem? – ela perguntou, incrédula – Fica tudo mais fácil para quem? – perguntou com os olhos frios, enquanto acendia o seu inseparável Marlboro Light. Ele a olhou com espanto, não podia acreditar em tudo aquilo. Não podia mesmo – Talvez para nós dois. Talvez para nossa amizade. Talvez para o mundo – ele exagerou. Ela deu uma tragada forte e profunda no seu cigarro, e disparou com a sua voz rouca e penetrante – Não posso acreditar que você vai negar isso a nós. Não posso mesmo. Porra cara, jamais pensei que você fosse este tipo de babaca, de covarde, de
estou em falta várias pessoas... e-mails, textos, enfim, porradas de coisas. segunda volto à atividade normal...podem apostar...
VOCÊ AINDA ACHA POUCO? O cheiro no quarto era de tempestade e suor. Cheiro de chuva e suor. Cheiro de cinza e garoa e suor. Já sentiram isso? Já sentiram? Já sentiram essa porra de mistura de odores? Ela já... ... Constantemente... E enquanto tais aromas inundavam o seu quarto, ela permanecia quieta, calada, impassível, insana, impossível. Sentada no canto do quarto como uma criança. Uma miserável criança abandonada. Ela detestava sentir assim. Ela simplesmente detestava estar vulnerável, fraca, cansada, amarga, enfadonha, estressada, desinteressada, enfim, triste, vulgar e comum. E tudo por causa de um coração partido. Vocês acham pouco? E a paisagem que se podia ver através da janela para fora daquele maldito quarto, era a de um fim de tarde cinza, chuvoso e molhado, triste e nada incomum. E a paisagem que se podia ver através da janela para dentro daquele maldito quarto, era a de uma menina cinza, apaixonada, quebrada, triste e nada, definitivamente,
PERFUMES QUE ESCAPAM (QUANDO SEUS VIDROS SE QUEBRAM) O bar estava lotado. Bem, na verdade ele estava mais do que lotado, ele estava no limite do suportável. No limite tênue do suportável. Cheio de pessoas, risadas, sorrisos, bebidas, cigarros, sonhos, mentiras, verdades, desejos, frustrações, energias, música, perfumes, perfumes, perfumes, perfumes... Ele estava encostado no balcão, tomando uma cerveja qualquer. Não era, com certeza, o dia mais feliz da sua vida. Ele estava sozinho e cansado de pensar em todas as besteiras e bobagens que disse e ouviu dela. Todas as besteiras e bobagens que ambos fizeram. Cúmplices num amor descuidado, cheio de rastros, lágrimas, decepções, mas muitos, muitos sorrisos. Ele olhava a multidão e não sabia direito, a razão de estar encostado no balcão daquela espelunca de bar. Melhor do que ouvir baladas tristes no aparelho de som da sala – ele pensou, sem firmeza. De repente, em meio a toda aquela vida que girava ao seu redor, ele sentiu um
VOLÚPIA (AINDA EXISTE ESSA PALAVRA?) - Você viu? - ela perguntou, apontando para o céu. - O quê? - ele disse, curioso. - Uma estrela cadente. Ele procurou pelo céu, mas não viu nada. - Já sumiu, seu bobo - ela disse. - Fez um pedido? - ele perguntou. Ela sorriu e lhe deu um beijo enorme, molhado, cheio de paixão e excitação e volúpia (como se ainda estivesse em uso tal palavra) - Fiz sim. - Será que vai ser atendida? - ele provocou. - Depende de mim - ela retrucou e sorriu e lhe deu um outro beijo enorme, ainda mais molhado, mais cheio de paixão e excitação e volúpia (como se ainda estivesse em uso tal palavra)...
RISCANDO CALENDÁRIOS VELHOS, GRUDADOS COM DUREX EM PAREDES ENGORDURADAS DE COZINHAS SUJAS Ele estava furioso. Furioso como ninguém nunca o viu antes. Furioso como nem ele próprio acreditava que pudesse ficar. Furioso com todas as merdas que havia feito. Furioso com a falta de cigarros em casa. Furioso com a falta de dinheiro no bolso. Furioso com a tequila barata que restava no fundo da garrafa. Furioso com o maldito cheiro do incenso que invadia as suas narinas, vindo do pardieiro em que sua vizinha morava. Furioso com a falta de perspectivas. Furioso com a falta de emprego. Furioso com o tédio. Furioso com sua idade avançada. Furioso com todos os seus fracassos. Furioso com a ausência dela. Furioso com ele. E, assim, de repente, ele deixou de lado toda aquela “fúria”, apenas para sentar no chão sujo da sua casa e sussurrar baixinho uma canção de amor. Love Kills . Canção de bêbados e de vagabundos e de notívagos sorrateiros, que amam mais do que podem suportar. Sussurrar a
ANA/RAFA - Tomei uma decisão – ela disse, feliz, encarando-o com seus olhos claros e com seus sorrisos todos. - Qual? – ele arriscou, com medo. - Te beijar – ela disse, deixando todo o medo de lado e fazendo o que mais queria, desde aquele dia.
ANALGÉSICOS PARA... QUALQUER TIPO DE DOR - Você acredita em Deus? – Olívia perguntou à Sofia. - Deveria? – a amiga respondeu. - Não sei. Não sei mesmo. Não sei se esse tipo de coisa resolve nesse momento. Não mesmo. Aliás, não sei e nem tenho a mínima idéia do que pode ser analgésico nessas horas. Sofia encarou Olívia e disparou, rápida – Talvez o barulho das ondas do mar. Que pensa? - Agora, querida? – Olívia perguntou. - Já! - Então... ...e saíram daquele quarto fechado, deixando para trás cigarros apagados, fotos rasgadas e memórias embaraçadas. Memórias de amores impossíveis, de garrafas quebradas e de assuntos de meninas.
CORES (AZUL, AMARELO, VERMELHO, VERDE...) A sensação de calor e tédio predominava naquela sala de aula. Calor insano. Tédio insano. Noite insana. As palavras da pessoa em pé diante de todos aqueles alunos soavam como nada aos seus ouvidos. Soavam tão interessantes quanto nada. A sensação de calor e tédio que predominava naquela sala de aula era insana e desumana. Mas ela estava lá. Como sempre, como todos os dias. Ela observava, curiosa, aquele garoto lindo de morrer que estava sentado próximo a ela, na última fila. Ela observava com muita curiosidade o movimento das suas mãos. Eram mãos firmes, jovens, lindas, rápidas, que faziam a caneta deslizar por sobre o caderno velho, como se fosse Fred Astaire. Ele desenhava a paixão. Ele desenhava o amor. Ele desenhava como se fosse possível uma caneta dançar uma linda canção de amor. Ela não imaginava o que ele estava desenhando. Não, ela não imaginava. Mas estava curiosa. Muito curiosa. Seus olhos não desgrudavam daquelas mãos
DEPRESSA, DEPRESSA Ela estava tão entretida, pedalando a sua bicicleta amarela, e também, distraída e distante e longe com os seus pensamentos e com os seus delírios habituais, que sequer teve como perceber o céu se tornar repleto de nuvens. Nuvens pesadas, de cor grafite, cinzas, distorcidas, lentas e prontas para desabar. Prontas para derramar toda a dor dos anjos. Ela estava tão entretida na sua própria tristeza. Quando as primeiras gotas começaram a cair sobre os seus longos cabelos ruivos, só então ela percebeu a tempestade. Inútil, pois já estava completamente ensopada, ela procurou um abrigo. A cidade estava deserta, como em uma espécie de delírio psicotrópico e, portanto, não foi difícil se ajeitar sob uma velha cabine telefônica, no melhor estilo Audrey Hepburn. Ela sorriu da própria ironia. Parada em frente a um telefone, sem ter para onde ir, sem ter para quem ligar. Pensou nele com muita tristeza. Sabia o número de cor. Sabia o maldito número de cor e saltea
lampejos de criatividade lágrimas lascas de cinzas caídas no blusão chuva lampejos provocados pelos raios raios provocados pela raiva raiva provocada pelas lágrimas lágrimas provocadas pela dor quem dera fosse eu o Todo-Poderoso para brecar a dor... quem dera... e o papel? continua em branco
quem se leva a sério demais comete o erro de ser apenas um idiota presunçoso um idiota presunçoso como eu e como qualquer um de nós
são apenas vidros quebrados são apenas detalhes passados são apenas letras queimadas são apenas erros armados erros cometidos erros do passado erros atuais erros repetidos erros idiotas como escrever poesia sem ser poeta como escrever poesia em guardanapos sujos de papel only mistakes and cold coffees
Estou em falta com tanta gente e, principalmente, comigo mesmo. Estou em falta com o tempo de viver e creio que nunca vou conseguir parar o relógio e fazer tudo o que quero. Mas espero que tudo esteja bem e todos estejam bem. Eu estou aqui, de volta ao meu maravilhoso mundo de fantasias de Varsóvia...
TORNANDO TUDO MAIS DIFÍCIL Ele entrou em sua casa com os olhos vermelhos, inchados, desesperados. Jogou o seu casaco imundo em um canto qualquer da sala. Não acendeu a luz. Nenhuma luz. Também, convenhamos, ele nem precisava disso. A cortina daquela sala era tão vagabunda, que praticamente todos os ambientes da porra do apartamento ficavam claros e iluminados com a luz vermelha neon que pulsava do hotelzinho de putas vizinho. Ele tirou as botas tão sujas como o casaco jogado e ficou descalço, pisando no assoalho frio. Frio como ele estava agora. Acendeu um cigarro e ficou andando de um lado para o outro, imaginando o que poderia fazer. Quando se deu conta, estava com os pés sangrando. Tinha esquecido os cacos de vidro do copo americano cheio de conhaque que ele quebrou horas atrás. Estava tão longe, longe de tudo e de qualquer coisa real, que nem se deu conta de que o assoalho frio estava melado de conhaque e infestado de cacos disformes de vidro. Resultado? Seus pés sangravam e in
SALTOS ORNAMENTAIS - Você está triste hoje? – ele perguntou – Algum problema? Ela sorriu, apenas fazendo um gesto negativo com o seu rosto e balançando os seus longos cabelos. - Tá bem – ele disse, incrédulo – Você acha que ainda me engana? Depois de todos esses anos, de todo esse tempo, depois dessa vida que vivemos juntos? Não engana não, my dearest friend. - Amor, amor, amor... por que ele é tão pé no saco? Por que ele irrita e enerva e destrói e deixa marcas e maltrata e tira o sono dos pobre mortais? Ele apenas riu – Que beleza, hein? Discorrendo sobre absurdos, pensando sobre questões sem resposta, enfim, sendo banal e uma garota clichê. Logo você, querida, a menos garota clichê de todas as que já conheci. E olha que eu já conheci muitas assim. - Garotas clichê? – ela perguntou. - Não, garotas apaixonadas. Garotas apaixonadas e perdidas e com um sorriso bobo como esse seu agora. Estampado como uma cicatriz na sua linda e adorável face. - Eu sou uma idiota mesmo – ela
LET THE SUNSHINE IN Havia areia dentro dos seus sapatos. Muita areia. E ela já estava irritada com isso. Muito irritada. Cansou de toda aquela merda e de todo aquele incômodo e resolveu sentar na areia e arrancar e jogar para longe os sapatos que a incomodavam demais. A incomodavam muito. Sentiu-se melhor quando se colocou em pé e sentiu os tornozelos afundarem lentamente na areia fofa e úmida da madrugada. Melhor, muito melhor – ela pensou. Não queria mais sapatos. Definitivamente. Caminhou assim, descalça, alguns poucos metros e desabou na areia, esgotada. Completamente esgotada. Não fisicamente, por óbvio, mas emocionalmente, o que, convenhamos, é MUITO pior. E ela ficou deitada por vários instantes, sentindo o seu corpo absorver a umidade da areia úmida, sentindo os seus ruivos e longos cabelos crespos misturarem-se com a areia fina, sentindo a ponta dos dedos dos seus pés cansados de tanto andar, sentindo o coração batendo forte, desesperado, aflito, insano.
BATALHAS PERDIDAS (PERDIDAS??) “ I begged you not to go. I begged you, I pleaded. Claimed you as my only hope and watched the floor as you retreated. ” (The Good Fight – Dashboard Confessional) Nada como uma boa luta. Nada como uma boa batalha. Nada. Nada tão revigorante e também nada tão assustador, pois quem poderá nos deter quando, no auge da nossa fúria, deixarmos todos os nossos pensamentos cristãos de lado, e então, nosso único objetivo se transformar em um estranho e prazeroso desejo de vingança? Ninguém... Mas... foda-se, como eu ia dizendo, nada como uma boa luta. Nada como uma boa batalha. Nada e nada e nada e nada. Porém, estranhos, a batalha, ainda que boa, cansa o lutador. Cansa, claro que cansa. Cansa e mente quem diz o contrário, o avesso, o reflexo, o espelho. A batalha cansa quando o gosto de sangue se torna palatável e a garganta deixa de suportar engolir a dor e a rispidez e a maldade. O sangue desce como líquido nojento e viscoso
ESPELHOS LOUCOS (TRANSFORMANDO SÁBADOS EM DOMINGOS) E lá estava ela. Mais uma vez. Sentada àquela mesa de bar, olhando o movimento de pessoas estranhas, de pessoas comuns, de pessoas normais, de pessoas rasas, lotadas, aborrecidas. Olhando o copo de cerveja que ficava um pouco mais vazio a cada gole. Olhando os garçons, graciosos e mal humorados, levando e trazendo bandejas e copos e bebidas e comidas e cinzeiros sujos e cinzeiros limpos. E lá estava ela. Ainda mais uma vez. Sentada àquela mesa de bar, olhando os sorrisos dos outros e lembrando dos seus próprios sorrisos antigos. Próprios sorrisos antigos. Bem antigos. Sentada àquela mesa de bar. Tão dela e de suas preciosas amigas. Parecia que nada poderia devastar aqueles sonhos, aqueles desejos, aqueles beijos, aquela amor, aquela poesia, aquela loucura. “ Quando eu queria mudar o mundo, meu carro vivia cheio de gente ” – ela pensou, nostálgica, lembrando dessa frase profética, contida em um encarte de um velho disco de vi
NOITES CLARAS OU NOITES INCÔMODAS (APENAS PARA QUEM CHORA, APENAS PARA QUEM CHORA) A noite estava muito clara. Muito clara. O reflexo suave do luar invadia a janela aberta e pousava, inconseqüente, na fotografia rasgada sobre a cômoda. A noite estava tão clara, mas tão clara que, mesmo com as luzes apagadas, era impossível esconder do espelho as marcas e os sulcos deixados pelas incômodas lágrimas amargas. Lágrimas salgadas. Lágrimas indesejadas. Lágrimas inevitáveis. A noite estava tão clara e era apenas uma criança. Maldita criança. Ela estava deitada no chão, olhando o brilho invasor e apenas pensando em como esconder tanta dor...como esconder tanta dor. Às vezes é apenas... impossível... Impossível...