QUEM NÃO PRECISA SER COMUM?
Ela trabalhava no Clube Varsóvia há vários meses. Garçonete (ela detestava este termo, mas mesmo em tempos modernos, chatos e politicamente corretos como os de hoje, ainda é assim que são chamadas as mulheres que trabalham como “garçons” ou no exercício de profissão similar).
De qualquer forma, fosse qual fosse a sua “profissão”, o fato é que ela trabalhava no Clube Varsóvia há vários meses e isso era bastante tempo.
Tempo suficiente para perceber como as pessoas são loucas, psicóticas, insanas, anormais, apaixonadas, verborrágicas, caladas, sentimentais, frias, cruéis, verdadeiras, amigas, tolas, fúteis, interessadas, egoístas, generosas, enfim, toda a sorte e espécie de adjetivo que você possa imaginar na nossa língua portuguesa.
E ela adorou ter percebido isso.
A solidão e a porra da insegurança, que sempre a incomodaram, deram lugar a uma espécie de esperança. Isso, esperança... quem diria.
Pode parecer tolo e idiota e vulgar e clichê e novelesco, porém a nossa doce e adorável e amável “garçonete” ganhou esperança.
Esperança de que mesmo ela, uma moça comum, com um cabelo comum, com um olhar comum, um intelecto comum, uma vida comum, tatuagens comuns, hábitos comuns, vícios comuns, coturnos comuns, tudo comum, seria capaz de encontrar um imbecil qualquer que a amasse da forma como ela estava (e sempre esteve) disposta a amar.
Mas, óbvio, esperança nunca é o bastante. Nunca mesmo. É necessário agir, atuar, procurar, fazer o verbo rolar, estar sempre “alive and kicking” (como seu amigo Zé Edu usualmente costumava pregar), e, sobretudo, ter sorte, muita sorte. E, neste último aspecto, (thanks God!), o acaso conspira – mesmo em favor de “garçonetes” solitárias.
E naquela noite, ele conspirou...
Perdida entre copos com marcas vagabundas de batom, cinzeiros sujos, chão molhado, toalhas engorduradas, mesas imundas e um barulho irritante produzido por um DJ incompetente, ela encontrou, naquela noite, apenas um garoto lindo dentre uma multidão de pessoas desconhecidas.
Um garoto lindo e simpático e com um cabelo comum, com um olhar comum, um intelecto comum, uma vida comum, tatuagens comuns, hábitos comuns, vícios comuns, coturnos comuns, tudo comum.
Comum a ela.
E eles passaram a manhã toda – fim de expediente para ela – conversando no boteco em frente ao Clube Varsóvia.
Felizes e comuns.
Como qualquer começo de amor deve ser.
Ela trabalhava no Clube Varsóvia há vários meses. Garçonete (ela detestava este termo, mas mesmo em tempos modernos, chatos e politicamente corretos como os de hoje, ainda é assim que são chamadas as mulheres que trabalham como “garçons” ou no exercício de profissão similar).
De qualquer forma, fosse qual fosse a sua “profissão”, o fato é que ela trabalhava no Clube Varsóvia há vários meses e isso era bastante tempo.
Tempo suficiente para perceber como as pessoas são loucas, psicóticas, insanas, anormais, apaixonadas, verborrágicas, caladas, sentimentais, frias, cruéis, verdadeiras, amigas, tolas, fúteis, interessadas, egoístas, generosas, enfim, toda a sorte e espécie de adjetivo que você possa imaginar na nossa língua portuguesa.
E ela adorou ter percebido isso.
A solidão e a porra da insegurança, que sempre a incomodaram, deram lugar a uma espécie de esperança. Isso, esperança... quem diria.
Pode parecer tolo e idiota e vulgar e clichê e novelesco, porém a nossa doce e adorável e amável “garçonete” ganhou esperança.
Esperança de que mesmo ela, uma moça comum, com um cabelo comum, com um olhar comum, um intelecto comum, uma vida comum, tatuagens comuns, hábitos comuns, vícios comuns, coturnos comuns, tudo comum, seria capaz de encontrar um imbecil qualquer que a amasse da forma como ela estava (e sempre esteve) disposta a amar.
Mas, óbvio, esperança nunca é o bastante. Nunca mesmo. É necessário agir, atuar, procurar, fazer o verbo rolar, estar sempre “alive and kicking” (como seu amigo Zé Edu usualmente costumava pregar), e, sobretudo, ter sorte, muita sorte. E, neste último aspecto, (thanks God!), o acaso conspira – mesmo em favor de “garçonetes” solitárias.
E naquela noite, ele conspirou...
Perdida entre copos com marcas vagabundas de batom, cinzeiros sujos, chão molhado, toalhas engorduradas, mesas imundas e um barulho irritante produzido por um DJ incompetente, ela encontrou, naquela noite, apenas um garoto lindo dentre uma multidão de pessoas desconhecidas.
Um garoto lindo e simpático e com um cabelo comum, com um olhar comum, um intelecto comum, uma vida comum, tatuagens comuns, hábitos comuns, vícios comuns, coturnos comuns, tudo comum.
Comum a ela.
E eles passaram a manhã toda – fim de expediente para ela – conversando no boteco em frente ao Clube Varsóvia.
Felizes e comuns.
Como qualquer começo de amor deve ser.

Comentários