KNOCK DOWN Eu estava lá. De joelhos. E eu sentia o sangue escorrer pela garganta e descer rumo ao estômago. Direto. Sem volta. Sem pudor. Eu estava lá. De joelhos no ringue imaginário. Eu estava lá porque, convenhamos, eu merecia estar. Porrada direta, certeira no queixo. Porrada direta, certeira aonde quer que fosse. E tudo por causa de palavras mal faladas, palavras imbecis que me fizeram perceber como sou velho, idiota, desinteressante e sem assunto. Apenas um ultrapassado. Adolescente tardio e ridículo. Infame. Otário. Por conta disso, eu estava lá, prostrado no ringue, à beira do inevitável nocaute. E não havia ninguém, definitivamente, que pudesse me ajudar. Não aquela hora de um sábado á noite. Não mesmo. Continuei inerte e de joelhos, sabendo-me culpado por falar demais. Culpado por errar demais. Culpado por ter medo. Culpado por ser tolo. Culpado por sentir culpa. Apenas um velho e idiota culpado. E, com certeza, eu sabia naquela noite, que o que ela menos queria era um pedido...