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Mostrando postagens de dezembro, 2003
desejo a todos vocês um ÓTIMO 2004. E não pensem que o conto abaixo é triste. É um recomeço. Um ano novo. Novinho em folha. Para todos nós. Beijos para quem é de beijos Abraços para quem é de abraços...
ANO NOVO. NOVO? E lá estava ele. Testemunhando seu vigésimo segundo reveillon. Vigésimo segundo ? – ele pensou – Saco. Sempre a mesma coisa – prosseguiu com sua chatice. Na verdade, pelo menos para ele, aquele parecia o seu trigésimo ou quadragésimo reveillon ou mesmo muito mais do que isso. E ele estava sozinho naquela praia cheia de cerveja e de uma multidão suada e molhada e feliz. Cheia de gente cheia de vida. Cheia de sonhos. Decidiu dar meia volta e retornar para casa. Ao menos lá eu posso estourar meus tímpanos com um bom punk rock e não com essa merda toda de fogos e o caralho . Faltava pouco mais de uma hora para o fim de tudo quando ele deitou-se no sofá rasgado do seu pequeno apartamento. Acendeu um incenso qualquer da sua colega de apartamento e colocou um bom disco de rock. Rock pesado para matar o samba. Todo carnaval tem seu fim, né? – ele riu, divertindo-se sozinho. E entre um trago e outro daquele Campari forte e amargo, ele gargalhou como se estives
QUEBRANDO ONDAS - Eu adoro o Natal – ela disse, entre uma tragada e outra, com um sorriso no canto dos lábios. - É verdade? – ele perguntou – Eu não ligo muito. Dizem que o Natal só é encantador para quem teve uma infância feliz e é, efetivamente, uma pessoa feliz – emendou. Ela o olhou com desdém – Da onde você tira essas coisas? Ele sorriu e respondeu, animado – Leio por aí. Eu sou uma pessoa bem informada. - Minha infância foi bacana e, apesar de tudo, sou quase toda feliz, mas gosto do Natal por causa do clima, das pessoas, enfim, tudo parece mais... sereno, mais tranqüilo e seguro, mesmo com a correria e a loucura das pessoas e todos os seus preparativos. - Já escreveu sua carta para o Papai Noel? – ele perguntou, acendendo um Marlboro. Ela o encarou com uma certa dose de tristeza e respondeu, seca – Não, ainda não a escrevi. - Ué, e o que está esperando? Já é quase Natal – ele disse. - Expectativas por expectativas, eu deixo apenas as coisas acontecerem. Esperar a ond
TEM CERTEZA? E ela disse, implacável - O amor não existe, seu idiota. Ele a olhou com os olhos de uma criança. Triste. Melancólico. Desolado - Mentira. Se ele não existisse eu não estaria aqui agora, destroçado. - Tem certeza? - ela perguntou, cruel e violentamente, virando as costas e deixando apenas lágrimas para trás.
SURFBOARD Ele olhou ao seu redor e percebeu, enfim, pela primeira vez naquela porra de verão, como o dia estava bonito e colorido. Como os dias ERAM bonitos e coloridos. Como caleidoscópios, como caixas mágicas. Caralho, eu não havia percebido esse sol – ele pensou, surpreso – Até que enfim me dei conta disso... De fato, tudo agora parecia diferente. O céu estava azul, as pessoas estavam sorrindo, o sol estava quente, as ondas estavam frias, a crianças apenas gritos e os sorvetes, derretendo. Ele parou de respirar por um minuto para apenas ... observar aquela movimentação toda. A movimentação da vida, a movimentação das pessoas, a movimentação da areia nos seus dedos sujos de cigarro barato, a movimentação lerda e lesada com a qual não estava mais acostumado. Ele não estava mais pensando nela. Deu um sorriso e levantou-se sem pressa. Limpou a areia que estava grudada em sua perna e espreguiçou-se com força, como se seus músculos fossem de brinquedo e seu cor
Pensei em desistir de tudo que escrevo por aqui. Desistir mesmo. De vez. Não para chamar a atenção, mas apenas por reconhecer que me falta o oxigênio para escrever, me falta a vida para escrever. Mas mudei de idéia. Como bom inconstante que sou. E fico feliz por ter minha vida de volta. Ainda hoje um conto sobre dia de sol, areia branca quente e mar frio. Bem frio.