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QUEBRANDO ONDAS

- Eu adoro o Natal – ela disse, entre uma tragada e outra, com um sorriso no canto dos lábios.
- É verdade? – ele perguntou – Eu não ligo muito. Dizem que o Natal só é encantador para quem teve uma infância feliz e é, efetivamente, uma pessoa feliz – emendou.
Ela o olhou com desdém – Da onde você tira essas coisas?
Ele sorriu e respondeu, animado – Leio por aí. Eu sou uma pessoa bem informada.
- Minha infância foi bacana e, apesar de tudo, sou quase toda feliz, mas gosto do Natal por causa do clima, das pessoas, enfim, tudo parece mais... sereno, mais tranqüilo e seguro, mesmo com a correria e a loucura das pessoas e todos os seus preparativos.
- Já escreveu sua carta para o Papai Noel? – ele perguntou, acendendo um Marlboro.
Ela o encarou com uma certa dose de tristeza e respondeu, seca – Não, ainda não a escrevi.
- Ué, e o que está esperando? Já é quase Natal – ele disse.
- Expectativas por expectativas, eu deixo apenas as coisas acontecerem. Esperar a onda perfeita, sabe? Esperar a onda perfeita para enfrentar a maldade do mar.
Ele a olhou com muito carinho e perguntou, lindo – Vamos?
Ela respondeu, surpresa - Para onde?
- Alguma praia distante. Talvez lá você encontre alguma onda perfeita.
E saíram abraçados por aí. Noite afora. Como dois amigos queridos. Como dois amigos perfeitos.


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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,