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Mostrando postagens de novembro, 2005
FELIZ DE QUEM VÊ ALÉM DOS NEGATIVOS - Gostei. Gostei mesmo. Você parece pura paz. Serena e bonita - disse ele, enquanto olhava, carinhoso, para a foto colorida dela exposta à sua frente. - Sério mesmo? - ela perguntou, inquieta - Hmmmm, não sei se quis transmitir exatamente isto na foto. Não sei mesmo. Não me sinto assim. Não sinto toda essa paz e serenidade que você fala. Porra, pensando bem, longe disso. Muito longe disso. Minha alma tá total em outra. Ele sorriu e disse - Ah, pára. Você não vê porque não quer ver - emendou - Você está bem melhor. Longe dele, perto de você. Feliz - ele disse. Ela continuou observando o retrato e ficou em dúvida, querendo, de verdade, acreditar que o tempo passou e agora estava feliz. Livre. Em outra. - Basta perceber uma coisa - ele disse, procurando uma forma de convencê-la. - O quê? - ela perguntou, curiosa. - Olhe bem. Veja o seu sorriso - ele respondeu, enquanto os seus dedos amarelos apontavam os contornos do corpo dela, suavemente registrado n
JUST LIKE HONEY Garrafas geladas de tinto chileno não aliviavam muito aquela altura da madrugada. Hmmmm ajudavam, claro, mas não aliviavam. Não da forma como ela queria. Não da forma como ela, definitivamente, gostaria. Apenas o desespero ecoava na noite escura. E como as garrafas geladas de tinto chileno, nem os cigarros, as pílulas coloridas, as pastilhas acidas, ou mesmo as canções de Jesus and Mary Chain, podiam aliviar alguma coisa. Não àquela altura da madrugada veloz. Não àquela altura da madrugada voraz. just like honey / just like honey Enfim, nada acalmava os ânimos, as vontades, o suor. Nem mel em alto teor etílico. Apenas sonhos em estados criogênicos. Sonhos congelados esperando viver. The living dead strikes again. E enquanto isso, nos seus fones de ouvido just like honey / just like honey Porém, nada aliviava o seu corpo da forma como poderia ser. Da forma como, caralho, deveria ser! E o pior é que as madrugadas quentes são as que mais sufocam, as que mais ardem, as qu
QUANDO A SALA DE ESTAR ESTÁ LOTADA DE AMIGOS E SOLIDÃO E tudo aquilo parecia surreal. Uma espécie de filme psicodélico dos anos sessenta, recheado de álcool, drogas, cores e canções antigas. E ela se divertia com os compactos de vinil que ele possuía. Amava aqueles pequenos discos velhos, tão cheios de charme e apelo. Adorava cheirar escutando aquelas canções pop, aquelas canções bubble gum, aquelas canções inocentes sobre amores impossíveis e sonhos juvenis. Ela adorava aquilo tudo. E lá estavam eles novamente na pequena e bacana sala de estar. Ana, Clarice e Heitor, os três amigos inseparáveis, juntos e conversando sobre a amizade que os envolvia, sobre os casos e os descasos, enfim, conversando sobre a vida urgente e apaixonada e desenfreada que levavam. E tudo aquilo, como sempre para Clarice, parecia surreal. Um cenário de tranquilidade e amizade, uma madrugada entre amigos, envolta em elevadíssimo teor alcoólico. E eles conversavam e conversavam e conversavam. - E o que você fez,
COSMONAUTAS Ela costumava não acreditar na própria pouca sorte no amor. Ou, em constatações menos gentis, no seu excesso de azar em assuntos desta natureza. Ou, talvez, nem uma coisa nem outra, ela costumava (e preferia isso) não acreditar na sua usual falta de cuidado com pequenos detalhes amorosos. Mas porra, convenhamos, quebrar o próprio coração jamais pode ser considerado como um "pequeno detalhe". De qualquer forma, ela nunca acreditou muito nela própria. Esta sim, a grande verdade. Também, com tantas mancadas, burrices, com tanto medo, pânico, enfim, com tantos excessos e erros, inevitável se meter em encrencas. Confusões. Decepções. Bridget Jones piorada. Uma versão real. Desconexa. Desconcertada. Puro desleixo ao tratar do próprio coração. Mesmo diante de situações fáceis, risco baixo, ela sempre preferiu ficar quieta e ir embora. Chorar o que não fez. Chorar o que não teve peito de fazer. Usual desleixo ao tratar do próprio coração. Grande droga. Grande erro. Entret