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Mostrando postagens de janeiro, 2020

BANDA DESENHADA À LUZ DE VELAS

OUÇA:  glaciers || winter Não havia luz. Não. Nada de luz. E, ainda assim, ele permanecia esparramado no sofá, olhando atento para a fraca luz azul que saía da tela do seu celular, apenas a observar as barras indicativas do status da bateria do aparelho, diminuírem. Diminuírem rapidamente. Diminuírem de forma inadequada e veloz. De modo incrivelmente injusto. Ao menos naquela noite. Ao menos naquela madrugada. E ele, ainda assim, apenas observava e aguardava – sem paciência - algum pop-up explodir na porra da tela de seu celular e anunciar uma nova mensagem dela. Apenas observava, enquanto ouvia o som dos trovões que explodiam sem parar naquela noite. Não havia luz elétrica no apartamento. Havia apenas a luminosidade dançante provocada pelas velas vagabundas que formavam figuras disformes e incríveis na parede descascada do seu apartamento. Pequeno apartamento à luz de velas. Não havia energia e nem previsão de retorno da eletricidade. Chuva implacável

TREMA? NÃO EXISTE MAIS

OUÇA:  não ao futebol moderno || san martin Apenas um sinal. Apenas um sinal ortográfico que existiu um dia. Um sinalzinho indicativo da pronúncia, não tônica, da letra U antecedida da letra Q ou da letra G, seguido pelas letras E ou I, superficialmente explicando. Para escrever palavras como tranquilo, sequência, eloquência, sequela, e tantas outras da língua portuguesa, a trema deveria ser usada. Há tempos, não mais. Não. Sinal desnecessário. Inútil. Irrelevante. Obsoleto. Desusado. Superado. Envelhecido. Ultrapassado. Esquecido. Simples assim. Assim como o sentimento deles. Assim como o amor deles. Assim como eles. O amor acabou. E como consequência, tudo mudou. E a trema deveria ser utilizada. Há tempos, não mais. E aquele sorriso delicioso e lindo daquela garota estampado naquele retrato antigo ficou como trema. Lindo e esquecido. Belo e inútil. Superado. Distante. E agora, onde você vê beleza eu vejo uma grande bobagem